tag:blogger.com,1999:blog-83526069469938595282024-03-05T08:00:04.131-03:00Blog do Carlos CarvalhoCarlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.comBlogger160125tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-79107502187923236582023-03-06T15:41:00.001-03:002023-03-06T15:41:00.165-03:00O homem do casaco vermelho, de Julian Barnes<p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi57fVtFQZdxrtQqifP1ahZGkSo3vL8oyi0CATWmW4Qtd-ug7G9voKyFt1w3pDs7tNTd1TZ-RjdRtq5mWCeHG2RKYSprw7GY6oHbuW_nOzXn0F9Tpoj23Nu3VxMUDlV1lN8Org6MY56gEpXp9fBWONsse9xJLwSOcGhTRdEbQyBxIPo9lM6rScMkmbR/s500/Livro-O-homem-do-casaco-vermelho-por-Julian-Barnes.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="334" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi57fVtFQZdxrtQqifP1ahZGkSo3vL8oyi0CATWmW4Qtd-ug7G9voKyFt1w3pDs7tNTd1TZ-RjdRtq5mWCeHG2RKYSprw7GY6oHbuW_nOzXn0F9Tpoj23Nu3VxMUDlV1lN8Org6MY56gEpXp9fBWONsse9xJLwSOcGhTRdEbQyBxIPo9lM6rScMkmbR/w134-h200/Livro-O-homem-do-casaco-vermelho-por-Julian-Barnes.jpg" width="134" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">John Singer Sargent (1856
– 1925) foi um pintor italiano, tendo sido considerado como um dos melhores da
sua época. No ano de 1881concluiu o retrato do Doutor Samuel Pozzi, com o nome
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Doutor Pozzi em Casa</i>. Desde o ano
de 1991, o quadro pertence ao acervo do Museu Hammer, em Los <br />Angeles. E é a
partir da pintura Doutor <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pozzi em Casa</i>,
que o escritor Julian Barnes elabora, em seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O homem do casaco vermelho</i> (2021), um maravilhoso painel da cultura
francesa e inglesa do começo do século XX. O livro de Barnes foi traduzido para
o português por Léa Viveiros de Castro, e publicado pela editora Rocco.<o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ao apresentar ao leitor o
modelo do quadro de Sargent, Barnes assim o descreve:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 70.9pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O modelo – o plebeu como nome
italiano – tem trinta e cinco anos, é bonito, usa barba, e está olhando com um
ar confiante por cima do nosso ombro direito. Ele é viril, mas esbelto, e aos
poucos, depois do primeiro impacto causado pela pintura, quando podemos pensar
que “o importante é mesmo o casaco”, percebemos que não. As mãos são mais importantes.
A mão esquerda está no quadril; a direita, no peito. Os dedos são a parte mais
expressiva do retrato. Cada um está articulado de forma diferente: totalmente
estendido, dobrado até a metade, totalmente dobrado. Se nos pedissem para
adivinhar a profissão do homem, poderíamos achar que era um pianista virtuoso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 70.9pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Mão direita no peito, mão esquerda
no quadril. Ou talvez algo mais sugestivo do que isto: mão direita no coração,
mão esquerda na virilha. Isso faria parte da intenção do artista? (...). A mão
direita brinca com o que parece ser uma presilha. A mão esquerda está
enganchada em um dos cordões duplos da cintura, que repetem os cordões que
prendem as cortinas ao fundo. O olho os acompanha até um nó complicado, do qual
pende um par de borlas peludas, uma por cima da outra. Elas pendem logo abaixo
da virilha, como um pênis de boi escarlate. O pintor teve essa intenção? Quem
sabe? Ele não deixou nenhum relato da pintura. Mas ele era um pintor malicioso
além de magnífico; era também um pintor de ostentação, não tinha medo de
polêmica, e talvez, na realidade, fosse atraído por ela.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 70.9pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A pose é nobre, heróica, mas as
mãos tornam-na mais sutil e mais complicada. Não as mãos de um pianista, afinal
de contas, mas as de um médico, um cirurgião, um ginecologista (...) (BARNES,
2021, P. 7-8)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O livro de Barnes tem 272
páginas e é fartamente ilustrado. Pela pena do autor de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O sentido de um fim</i>, obra vencedora do Prêmio Man Booker Prize, de
2011, passam inúmeros nomes de todos os campos das artes e das ciências. Muitas
das ações, atitudes e trabalhos dessas pessoas serviram para quebrar paradigmas
criativos e comportamentais de uma época e apontar caminhos para as gerações
que lhes sucederam. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Assim sendo, a figura de
Pozzi é o ponto a partir do qual Barnes tece toda uma teia de relações pessoais
e profissionais, que envolve obras, autores e ideias as quais são de fácil
reconhecimento para uma grande parcela de leitores. Entre tantos, tem-se: Sarah
Bernhardt, que teria sido uma das inúmeras amantes de Pozzi, Adrien e Robert Proust
(pai e irmão de Marcel Proust e colegas médicos de Pozzi), enquanto o autor de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Em busca do tempo perdido foi seu amigo</i>,
assim como também o foi Oscar Wilde, Robert de Montesquiou, Jean Lorrain e
Joris-Karl Huysmann.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBM-v1CmVo5UOX5oSXNxtBbyRTLp_OqopMZ8UpNiljgjppYeEwMvi8v59HE8i0KszY9uDyhVJmNCVitp4pn09ioRRGSrcIypDE11MHDV-YQof9UXsQ7j4Qmgv5nxVJ3qzRabnSDBs1hhr19a0_VBXmIQp3aNjozOpjp0HOozZ_8j_msiZrd3hItuzE/s2490/1200px-Pozzi,_Samuel_-_Par_Sargent.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2490" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBM-v1CmVo5UOX5oSXNxtBbyRTLp_OqopMZ8UpNiljgjppYeEwMvi8v59HE8i0KszY9uDyhVJmNCVitp4pn09ioRRGSrcIypDE11MHDV-YQof9UXsQ7j4Qmgv5nxVJ3qzRabnSDBs1hhr19a0_VBXmIQp3aNjozOpjp0HOozZ_8j_msiZrd3hItuzE/s320/1200px-Pozzi,_Samuel_-_Par_Sargent.jpg" width="154" /></a></div><br />Na primeira orelha do
livro lê-se:<o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 63.8pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Por intermédio de John Singer
Sargent, autor da pintura que dá título ao livro, e do próprio Dr. Pozzi
(grande colecionador), Juliana Barnes aborda um dos seus temas preferidos: a
arte, cuja análise ele transforma em radiografia de toda a sociedade. E ao
analisar as vidas e as obras de outros escritores célebres, como Guy de
Maupassant, Barbey d’Aurevilly, Gustave Flaubert e os irmãos Goncourt, ele
compõe um esplêndido e irretocável painel da vida cultural da Belle Époque, no
qual não faltam os toques dramáticos do modismo dos duelos e dos assassinatos
de médicos por pacientes insatisfeitos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A leitura de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O homem do casaco vermelho</i>, de Barnes,
exige tempo, paciência e atenção do leitor, tendo em vista o entrelaçamento da
imensa quantidade de informações que constitui a narrativa. Isso, no entanto,
não diminui em absolutamente nada a grandeza do texto. Quanto mais dele se lê,
mais se deseja ler. Barnes é, sem dúvidas, um dos grandes autores do nosso
tempo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para
ler Julian Barnes:<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">1.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BARNES, Julian. <b>O sentido de um fim</b>.
Trad. Léa Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Rocco, 2012.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">2.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">______________. <b>Altos vôos e quedas
livres</b>. Trad. Léa Viveiros de Castro Rio de Janeiro: Rocco, 2014.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">3.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_____________. <b>O ruído do tempo</b>.
Trad. Léa Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">4.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_____________. <b>Mantendo um olho aberto</b>:
ensaios sobre arte. Trad. Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Anfiteatro, 2017.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-48387150111246621802023-02-22T00:00:00.001-03:002023-02-22T00:00:00.185-03:00Antonio Candido sobre Adoniran Barbosa<p> </p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">" Adoniran Barbosa é
um grande compositor e poeta popular, expressivo como poucos; mas não é
Adoniran nem Barbosa, e sim João Rubinato, que adotou o nome de um amigo do
Correio e o sobrenome de um compositor admirado. A idéia foi excelente, porque
um artista inventa antes de mais nada a sua própria personalidade; e porque, ao
fazer isto, ele exprimiu a realidade tão paulista do italiano recoberto pela
terra e do brasileiro das raízes europeias. Adoniran é um paulista de cerne que
exprime a sua terra com a força da imaginação alimentada pelas heranças
necessárias de fora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Já tenho lido que ele usa
uma língua misturada de italiano e português. Não concordo. Da mistura, que é o
sal da nossa terra, Adoniran colheu a flor e produziu uma obra radicalmente
brasileira, em que as melhores cadências do samba e da canção, alimentadas
inclusive pelo terreno fértil das Escolas, se alia com naturalidade às
deformações normais de português brasileiro, onde Ernesto vira Arnesto, em cuja
casa nós fumo e não encontremo ninguém, exatamente como por todo esse país. Em
São Paulo, hoje, o italiano está na filigrana.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfp_M_DtdZsK5nbO0p2oiXZ2F6G_eOSDXubA7r6fjGrIWVbDlG4xFz0dm4RVkdko2qbmHtImsbLaLrRh6mN9r8_IMqH7lOm1mextAKURxvs-6ylC-o40kKr7OmS-NCx_drqTmAhB5JLEsPcGBiW4UMxmkgCaCFyo6S4RZQJYMuNz_9n2d5JuPInqQM/s300/Adoniran%20Barbosa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="300" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfp_M_DtdZsK5nbO0p2oiXZ2F6G_eOSDXubA7r6fjGrIWVbDlG4xFz0dm4RVkdko2qbmHtImsbLaLrRh6mN9r8_IMqH7lOm1mextAKURxvs-6ylC-o40kKr7OmS-NCx_drqTmAhB5JLEsPcGBiW4UMxmkgCaCFyo6S4RZQJYMuNz_9n2d5JuPInqQM/w320-h320/Adoniran%20Barbosa.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A fidelidade à música e à
fala do povo permitiram a Adoniran exprimir a sua Cidade de modo completo e
perfeito. São Paulo muda muito, e ninguém é capaz de dizer aonde irá. Mas a
cidade que nossa geração conheceu (Adoniran é de 1910) foi a que se sobrepôs à
velha cidadezinha caipira, entre 1900 e 1950; e que desde então vem cedendo
lugar a uma outra, transformada em vasta aglomeração de gente vinda de toda
parte. A nossa cidade, que substituiu a São Paulo estudantil e provinciana, foi
a dos mestres-de-obra italianos e portugueses, dos arquitetos de inspiração
neo-clássica, floral e neo-colonial, em camadas sucessivas. São Paulo dos
palacetes franco-libaneses do Ipiranga, das vilas uniformes do Brás, das casas
meio francesas de Higienópolis, da salada da Avenida Paulista. São Paulo da 25
de março dos sírios, da Caetano Pinto dos espanhóis, das Rapaziadas do Brás, na
qual se apurou um novo modo cantante de falar português, como língua geral na
convergência dos dialetos peninsulares e do baixo-contínuo vernáculo. Esta
cidade que está acabando, que já acabou com a garoa, os bondes, o trem da
Cantareira, o Triângulo, as Cantinas do Bixiga, Adoniran não a deixará acabar,
porque graças a ele ela ficará misturada vivamente com a nova mas, como o
quarto do poeta, também "intacta, boiando no ar."<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A sua poesia e a sua
música são ao mesmo tempo brasileiras em geral e paulistanas em particular.
Sobretudo quando entram (quase sempre discretamente) as indicações de lugar,
para nos porem no Alto da Mooca, na Casa Verde, na Avenida São João, na 23 de maio,
no Brás genérico, no recente metrô, no antes remoto Jaçanã. Quando não há esta
indicação, a lembrança de outras composições, a atmosfera lírica cheia de
espaço que é a de Adoniran, nos fazem sentir por onde se perdeu Inês ou onde o
desastrado Papai Noel da chaminé estreita foi comprar Bala Mistura: nalgum
lugar de São Paulo. Sem falar que o único poema em italiano deste disco nos põe
no seu âmago, sem necessidade de localização.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Com os seus firmes 65
anos de magro, Adoniran é o homem da São Paulo entre as duas guerras, se
prolongando na que surgiu como jiboia fuliginosa dos vales e morros para
devorá-la. Lírico e sarcástico, malicioso e logo emocionado, com o encanto
insinuante da sua anti-voz rouca, o chapeuzinho de aba quebrada sobre a
permanência do laço de borboleta dos outros tempos, ele é a voz da Cidade.
Talvez a borboleta seja mágica; talvez seja a mariposa que senta no prato das
lâmpadas e se transforma na carne noturna das mulheres perdidas. Talvez João
Rubinato não exista, porque quem existe é o mágico Adoniran Barbosa, vindo dos
carreadores de café para inventar no plano da arte a permanência da sua cidade
e depois fugir, com ela e conosco, para a terra da poesia, ao apito fantasmal
do trenzinho perdido da Cantareira." (Antonio Cândido, 1975).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Texto de Antonio Candido
sobre Adoniran Barbosa. O texto está na contracapa do LP Adoniran Barbosa,
gravado pela ODEON no ano de 1975, com direção musical de José Briamonte.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p><br /><p></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-5263716490185012452023-02-14T10:30:00.004-03:002023-02-14T10:30:38.749-03:00Augusto Pontes: o amigo genial<p> </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5nQKseELb6fnlAaO-rt5cno0gl0RMO68qylQSVc7muPlwlk9neVoXPusn74N1dQ9Jl45Y6m33w1IQ8iQ2gwdVsWawe47U0tCxE7O1gjUXhfufdJjz9I3H_5wfmZ3bexXT0eXLmJxfGap0tfjoXvNNjfYoBpE8DubDgjZ-yysuTs4_FuGx-Ia4aImh/s1280/Livro-Augusto-Pontes.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="893" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5nQKseELb6fnlAaO-rt5cno0gl0RMO68qylQSVc7muPlwlk9neVoXPusn74N1dQ9Jl45Y6m33w1IQ8iQ2gwdVsWawe47U0tCxE7O1gjUXhfufdJjz9I3H_5wfmZ3bexXT0eXLmJxfGap0tfjoXvNNjfYoBpE8DubDgjZ-yysuTs4_FuGx-Ia4aImh/s320/Livro-Augusto-Pontes.jpeg" width="223" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Belchior era amigo de
Ednardo que é amigo de Fausto que é amigo de Fagner e de Rodger Rogério, Téti e
Pedro que é amigo de Ricardo que é amigo de Ibiapina que é amigo de Mariano e
Alano que são amigos de Paulo que é amigo de Alexandre que é amigo de Isabel
que é amiga de Bruno que é amigo de Edvardo que é amigo de Campelo e Chica,
Dedé, Leny, Mércia, Sérgio e Jorge que é amigo de Mônica que é amiga de Ataliba
que é amigo de Graco que é amigo de Barbosa que é amigo de Caio que é amigo de
Beatriz que é amiga de Frederico e de Cláudio que era amigo de Gilmar que era
amigo de Celso que é amigo de Eugenio e Daniel e Luciano e Mário e Romeu que é
amigo de Galba que é amigo de Wagner que é amigo de Cid e Lúcio que são amigos
de Patrícia que é amiga de Solon que é amigo de Ana que é amiga de Fernando e
Roberto. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pode ser que nem todo
mundo que é citado como “era/é amigo ou amiga de” nem o seja, mas o que todas
essas pessoas têm <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em comum é que
tiveram, sim, um amigo genial chamado Francisco Augusto Pontes, conhecido
também como Augusto Pontes ou apenas Chico Pontes. Augusto pontes (1935 – 2009)
é tido por aquelas pessoas que partilharam do seu convívio, como uma figura
inteligente, culta e marcante tanto no âmbito pessoal quanto profissional. E é
exatamente sobre ele que trata o livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Augusto
Pontes</i>: o amigo genial (2022), organizado por Ricardo F. Bezerra e publicado
pela Expressão Gráfica e Editora, de Fortaleza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O livro possui 285
páginas. As orelhas são assinadas por Rachel Gadelha, Diretora-presidenta do
Instituto Dragão do Mar e por Fabiano dos Santos Piúba, Secretário de Cultura
do Ceará, que dizem: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 78.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">(...) Augusto é incomparável.
Espírito audacioso sustentado sobre uma sólida formação intelectual foi
personagem determinante nos movimentos artísticos do Ceará desde a década de
1960, sobretudo na música popular que projetou tantos parceiros e amigos seus
no cenário nacional (...). Suas concepções sobre cultura, comunicação,
democracia e liberdade ainda hoje são referências para muitos: através de
amigos, artistas, professores, comunicadores, formadores de opinião, e toda uma
geração de pessoas que, posteriormente, vieram</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> inclusive a
ocupar cargos na gestão pública e tiveram nele uma espécie de “guru”. O próprio
Augusto foi secretário de Cultura do estado do Ceará (1991 – 1993) e deixou um
legado importante sobre um pensamento não só de cultura, mas de política
cultural, ampliando a noção de cultura para além das artes e inserindo a agenda
da formação como uma pauta estratégica. O que vieram de projetos, experiências
e instituições de formação cultural em nosso estado são legados de seu
pensamento pulsante (...).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não é por
acaso que o lema que o guiava à frente da SECULT era: “Vá ao teu povo, ame-o,
aprende com ele, sirva-o, comece com o que ele sabe, construa sobre o que ele
tem” (...).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A obra é constituída de
depoimentos das amigas e amigos de Pontes e, por tal razão, muitas vezes as
informações se repetem, por se tratarem de memórias relativas aos
acontecimentos que foram vivenciados coletivamente na rua, na Praça do Ferreira
ou no Bar do Anísio, por exemplo, quando muitos desses amigos e amigas compartilhavam
as conversas e as noitadas numa Fortaleza que já não existe mais. Há, e isso o
leitor perceberá, informações contraditórias, quando se compara o mesmo fato
mencionado por amigos diferentes. Isso, no entanto, não diminui a qualidade e a
relevância do trabalho, uma vez que tais detalhes podem ser confirmados ou
refutados a partir de outras fontes disponíveis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O livro está organizado
em oito grandes partes, a saber, “Pontes por nós” (p.7), “Pontes para o teatro”
(p.228), “Carta íntima do tempo” (p. 244), “Pontes para as canções” (p. 247),
“Humor: uma marca pessoal” (p. 264), “Um pós-fácil para Pontes” (p. 274),
“Adjetivário e Agradecemos” (p. 281) e “Índice de autores” (p. 285). Augusto
Pontes não deixou trabalhos escritos em formato de livro, por exemplo. Logo,
não há uma sistematização dos seus pensamentos e ideias a não ser a partir do
que dizem seus amigos. O livro deixa claro, em mais de uma ocasião, que há sob os
cuidados da família um grande arquivo com suas anotações, desenhos, projetos
etc. Dos seus escritos, o livro traz um texto (p. 244 – 246) intitulado “Carta
íntima do tempo” e que havia sido confiado por ele a Ieda Estergilda, nos anos
1970. O texto traz algumas reflexões, que podem apontar caminhos aqueles que
desejem se aprofundar na vida e na obra do autor em questão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A organização,
catalogação e consequente publicação do arquivo de Augusto Pontes seria de
enorme valia para todas as pessoas que tem interesse em seu trabalho, bem como
dos tantos pesquisadores que se debruçam sobre <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>movimentos como o Massafeira e o Pessoal do
Ceará, dos quais Pontes foi ator. Isso, no entanto, demanda tempo, interesse
público e dinheiro; coisas sempre difíceis quando o assunto é cultura. Mas
seguimos esperando, tristes, como dizia Pontes, como um peixe afogado.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-10787017793473267542022-10-01T15:01:00.002-03:002023-01-02T11:40:43.323-03:00Luiz Oswaldo: artesão de palavras<p> </p><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Somente hoje consegui
tempo para retomar a leitura do livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Luiz
Oswaldo</i>: artesão de palavras (2021), de Maizé Trindade. Trata-se da
biografia de um dos maiores educadores do país, o homem responsável por levar a
educação de nível superior, especificamente cursos de formação de professores,
ao sertão central cearense. Todo o livro é conectado pela lexia “palavra”, e é
dividido em sete partes, a saber, I. Primeiras palavras, II. A palavra
desafiadora, III. A palavra evangelizadora, IV. A palavra criadora, V. A
palavra cuidadora, VI. A palavra libertadora e VII. Outras palavras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Retomar a leitura da
biografia de Luiz Oswaldo, em um momento tão importante na história do Brasil,
é ler o que já tivemos a grata satisfação de ouvir de sua própria boca. É
relembrar, entre muitas coisas, sua amizade com Lula da Silva e com Paulo
Freire. É reconhecer sua dedicação infinita em prol da educação, como forma de
acreditar no melhor do ser humano, na necessidade de se formarem professores e
professoras comprometidas e comprometidos não apenas com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">estar-no-mundo</i>, mas como agir para transformar nosso mundo em um
lugar inclusivo, acolhedor e igualitário. Lutar com palavras, nos diz Drummond,
é a luta mais vã. Entanto, continua o poeta, lutamos mal rompe a manhã. E assim
o são Oswaldo, Lula e Freire, que em meio a palavras fortes como javalis, são
muitas vezes tidos como loucos, e acredito até mesmo que o sejam, pois possuem
o poder de encantá-las. Lula, por exemplo, até aos “ratos” encanta.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqA86YAgV8fQUnHysTydB-ac8DwVdVz1zWwNkq8I6mvedG627r4Jj2EENOwKR0MeJ_So79MwzZeevO5-Ly1uXgCihVzJEVqkaENkprUoS432rZKGMySKVeXTCr10hEjiBZ7s0olyCzfEZTRLDJQPpnhzYk-iO_i4TbSZ4YjXOA_EzWND1PhluI7qGW/s300/Luiz%20Oswaldo%20artes%C3%A3o%20de.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="235" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqA86YAgV8fQUnHysTydB-ac8DwVdVz1zWwNkq8I6mvedG627r4Jj2EENOwKR0MeJ_So79MwzZeevO5-Ly1uXgCihVzJEVqkaENkprUoS432rZKGMySKVeXTCr10hEjiBZ7s0olyCzfEZTRLDJQPpnhzYk-iO_i4TbSZ4YjXOA_EzWND1PhluI7qGW/w313-h400/Luiz%20Oswaldo%20artes%C3%A3o%20de.jpg" width="313" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Há, contudo, aqueles de
quem as palavras fogem, uma vez que lhes foi permitido apenas o balbucio e a
vociferação da sua ignomínia regurgitada quase sempre em ataques ao próximo, ao
diferente. E foi assim que no dia 16 de setembro do ano corrente, durante um
evento em Londrina, no Paraná, o senhor que ocupa a cadeira da Presidência da
República disse: “... Somos um país que não tem problemas outros. O único
problema que nós temos aqui é o PT, composto de pessoas que vieram dos rincões,
dos grotões, daqueles locais onde nada poderia sair dali a não ser esse tipo de
gente”. O discurso do candidato em questão certamente encheu de orgulho Joseph
Goebbels. Além disso, serviu para confirmar a impressão de David Duke, ex-líder
da Ku Klux Klan, quando ao elogiar o referido mandatário, disse: “ele soa como
nós”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Luiz Oswaldo nasceu em
Natal, Paulo Freire em Recife e Lula da Silva em Garanhuns, no agreste de
Pernambuco. Pode-se dizer, então, que são todos eles oriundos dos rincões e
grotões do Brasil, de onde sai esse maravilhoso tipo de gente. O compromisso
desses três homens na luta por um Brasil democrático e livre possibilitou que
se encontrassem sempre, e com fé renovada na esperança por dias melhores.
Quanto a isso, o livro de Maizé Trindade é rico em imagens. Entre tantas,
tem-se Oswaldo e Lula em um carro (p.287), quando da visita de Lula a Quixadá,
Ceará, durante a campanha presidencial de 1989. No mesmo dia, após apresentação
de Luiz Oswaldo, Lula discursou em Quixadá para um público estimado em 10 mil
pessoas (p.287). Há também duas imagens que mostram os amigos Luiz Oswaldo e
Lula da Silva juntos. A primeira registra a visita que o Presidente Lula fez ao
Banco do Brasil, em Brasília, em 2006, quando Luiz Oswaldo ocupava a
Vice-Presidência do referido Banco. E a segunda é quando do aniversário do PT
em Brasília, no mesmo ano (p.288).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sobre os encontros entre
Luiz e Paulo (é assim que Oswaldo sempre se refere ao amigo Freire), a obra
disponibiliza dois registros. No primeiro, Luiz Oswaldo e Paulo Freire dividem
uma mesa com Cristiano Goes e Nita Freire, durante o Curso de Formação de
Educadores do BB-Educar, realizado no centro de treinamento do DESED em
Brasília, em 1994. Na outra imagem, no Encontro de educadores do BB-Educar, em
Fortaleza, Ceará, em 1996, tem-se Luiz Oswaldo, Maria Ruth Barreto e Paulo
Freire (p.289). A apresentação da obra ficou a cargo da educadora Nita Freire.
O posfácio, por sua vez, foi escrito pela deputada Erika Kokay. Há uma orelha
assinada por Sérgio Riede e, na contracapa, um texto de Frei Betto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O livro é sobre a vida do
educador Luiz Oswaldo Sant’Iago Moreira de Souza, mas é também sobre Luiz Inácio Lula da
Silva, Paulo Reglus Neves Freire e o Brasil dos rincões, grotões e metrópoles.
Assim, no momento em que o Brasil se vê na urgência de decidir entre a civilização
e a barbárie, a leitura do livro de Maizé Trindade é indispensável, uma vez que
a pena da autora, ao descortinar a vida e as lutas de Luiz Oswaldo, mantém
acesa a esperança que reside em todos nós, pois “quando a gente perde a
esperança, perde tudo. A esperança é o princípio da vida. A esperança liberta.
É aquilo que ainda não é, mas que pode vir a ser”. Na correria da vida, sigamos
brigando por ideias, pois “o destino da palavra é criar a liberdade”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-3409101581471387502022-01-03T14:47:00.002-03:002022-01-03T14:47:06.873-03:00O QUE (RE)LER EM 2022<p> </p><p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">1.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
filha perdida</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi2aijT5WU0bisnyPEm3C9yKu3LLZauSxiY2EISeFCQLVa_6YUIc4xOlTRgR34WkC0FdHnp0iLlTlyMmgMEDTHVWTzUSrna1Avk8UMcEPeUaxufjErmEDz3moBUZDvaZ0b5LHqCTRmzidiQIZpHmUPT19XWGQQx5aPJOqVfvC219VseJNth7DYy2Q5s=s1000" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="667" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi2aijT5WU0bisnyPEm3C9yKu3LLZauSxiY2EISeFCQLVa_6YUIc4xOlTRgR34WkC0FdHnp0iLlTlyMmgMEDTHVWTzUSrna1Avk8UMcEPeUaxufjErmEDz3moBUZDvaZ0b5LHqCTRmzidiQIZpHmUPT19XWGQQx5aPJOqVfvC219VseJNth7DYy2Q5s=s320" width="213" /></a></div><p></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Elena Ferrante<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Intrínseca<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">2.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Viver
é melhor que sonhar: os últimos caminhos de Belchior</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhNuBrdXUWG4hDJLlCuQf4kOWpypi-gaWK0w_dEx-OPQj-6BRLebQ705m6cuqD2eu6dfLTDh2zftsFKAq8RiDidZIB41_AtSQaRRDqXAjjnxFF7y0_t8eHWHqeGcwtQ995_FxPpNw0hS7cJBP1XsNeC41_WIwNu1ij43m1twkSQFKpu33-2Q00sUSwg=s1181" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1181" data-original-width="1181" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhNuBrdXUWG4hDJLlCuQf4kOWpypi-gaWK0w_dEx-OPQj-6BRLebQ705m6cuqD2eu6dfLTDh2zftsFKAq8RiDidZIB41_AtSQaRRDqXAjjnxFF7y0_t8eHWHqeGcwtQ995_FxPpNw0hS7cJBP1XsNeC41_WIwNu1ij43m1twkSQFKpu33-2Q00sUSwg=s320" width="320" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Editora Sonora<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">3.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Torto
arado</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjUG-crDh8Lyh1CxYDbv-JsYLKfjD_dsnJhlWeTGGQNA68Q2Hm79S-TCW32TL0kpOjoMa8ayGVMV6KyX1dGcodqKZ6kUsvOzWn1rxM5yNTylWuRTqkwP1icbxUG398WpD_TB-0nZIp5RYD9F_eAu0i_xilaXmBhF0yNPVcxP83uOPK8Su7lzKg6gCXX=s1230" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1230" data-original-width="809" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjUG-crDh8Lyh1CxYDbv-JsYLKfjD_dsnJhlWeTGGQNA68Q2Hm79S-TCW32TL0kpOjoMa8ayGVMV6KyX1dGcodqKZ6kUsvOzWn1rxM5yNTylWuRTqkwP1icbxUG398WpD_TB-0nZIp5RYD9F_eAu0i_xilaXmBhF0yNPVcxP83uOPK8Su7lzKg6gCXX=s320" width="210" /></a></div><p></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Itamar Vieira Júnior<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Todavia<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">4.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Pelão:
a revolução pela música</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj6UDhgMyX6qFs4K5HWNT2TFeKxKJhePV6RN0FqdCc9vcm-1aybzHfURQUAxHFNAGOTmAoOx3ialH_h9eN5U4216Y7BOqpwV6hzaJsuSnZq03C10wti_x1GEwi65uBU-p54Zs9pTR2aV-2fLjZE9Urcw0OsH1XGbBS_oIMnkZXvd6ytQdENXLTos60t=s931" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="837" data-original-width="931" height="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj6UDhgMyX6qFs4K5HWNT2TFeKxKJhePV6RN0FqdCc9vcm-1aybzHfURQUAxHFNAGOTmAoOx3ialH_h9eN5U4216Y7BOqpwV6hzaJsuSnZq03C10wti_x1GEwi65uBU-p54Zs9pTR2aV-2fLjZE9Urcw0OsH1XGbBS_oIMnkZXvd6ytQdENXLTos60t=s320" width="320" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span></p><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: -18pt;">Celso de Campos Jr.</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Garoa Livros<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">5.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Anos
de chumbo e outros contos</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjpCuPMzoV755Bfc6Rc07FCfWJQ-XSqxljHLmw1aHvAnpfe8HEL8zGTnlNQN8V0__wZoB06ax8hYigeiGvViGELuz0F2vHLfxvWjh12IKHYWZxT8jkqzSmnOjbyqZZNtZo5eyH4mI3uiYEgm7QpLU0qd3so6ag9G28bG8SAXWvd-W6oZpQRN3xiy_ti=s2176" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2176" data-original-width="1493" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjpCuPMzoV755Bfc6Rc07FCfWJQ-XSqxljHLmw1aHvAnpfe8HEL8zGTnlNQN8V0__wZoB06ax8hYigeiGvViGELuz0F2vHLfxvWjh12IKHYWZxT8jkqzSmnOjbyqZZNtZo5eyH4mI3uiYEgm7QpLU0qd3so6ag9G28bG8SAXWvd-W6oZpQRN3xiy_ti=s320" width="220" /></a></div><p></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Chico Buarque<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Companhia das Letras<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">6.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Como
ler os russos</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhDrFHDQ_RIah2hyS5sG07E8xXpGLbFH8cgzfRKM1NHL8z2xqeGNS6l4c3rDhvvWDdSDRLNPeSroYE0Ty2a6sntwYzNajV-2IgGQga7wjTDLLmjtlBj_w5tX3xyNZRZ95Dzr6T777Zu0KrM3bUNudkyJ7VC5aOIxxS371Rx06oN_2lEoTJpIrPWojUB=s500" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="330" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhDrFHDQ_RIah2hyS5sG07E8xXpGLbFH8cgzfRKM1NHL8z2xqeGNS6l4c3rDhvvWDdSDRLNPeSroYE0Ty2a6sntwYzNajV-2IgGQga7wjTDLLmjtlBj_w5tX3xyNZRZ95Dzr6T777Zu0KrM3bUNudkyJ7VC5aOIxxS371Rx06oN_2lEoTJpIrPWojUB=s320" width="211" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Irineu Franco Perpétuo</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Todavia<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">7.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quanto
ao futuro, Clarice<o:p></o:p></span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjVO5aIRy7G7F8gZ5Gcay108uzKHid4VEq5MpvE5fWADleTRV9Ns5TzZ3QzPl_ec3G6YcEUeYk5FvFNqXCknjMOr9muVF4YKf9iPKUTAzVnzq_7cKlJDMbAU7pAXjIZ_OJCXlnoty3Sv-KHYND1nNw9IbCgsEMr4Y5grSuB_bXHZ3iT5yZIDOIDjNu-=s1100" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-indent: -18pt;"><img border="0" data-original-height="1100" data-original-width="880" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjVO5aIRy7G7F8gZ5Gcay108uzKHid4VEq5MpvE5fWADleTRV9Ns5TzZ3QzPl_ec3G6YcEUeYk5FvFNqXCknjMOr9muVF4YKf9iPKUTAzVnzq_7cKlJDMbAU7pAXjIZ_OJCXlnoty3Sv-KHYND1nNw9IbCgsEMr4Y5grSuB_bXHZ3iT5yZIDOIDjNu-=s320" width="256" /></a></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Júlio Diniz (Org.).</span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Bazar do Tempo/PUC<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">8.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Lupicínio
e a dor de cotovelo<o:p></o:p></span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj9FMf16ROxFxW7G7fjMT_6n-byk-QEEvpg90sKNeuYU9iog8xwpMefb7eR3LEChpOsT_PD4cccpLIHRCCjLBStUXFGe-JhBi7KWHzvPQdFDDjYwpOQJ69CkB4x4Ntqi7sMFep3WmN8MIQXqd9b_mxceacKYLByF-nTIXqSaEnCEPFylgdWI_S1x1NE=s1050" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1050" data-original-width="684" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj9FMf16ROxFxW7G7fjMT_6n-byk-QEEvpg90sKNeuYU9iog8xwpMefb7eR3LEChpOsT_PD4cccpLIHRCCjLBStUXFGe-JhBi7KWHzvPQdFDDjYwpOQJ69CkB4x4Ntqi7sMFep3WmN8MIQXqd9b_mxceacKYLByF-nTIXqSaEnCEPFylgdWI_S1x1NE=s320" width="208" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: -18pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: -18pt;">Rosa Dias</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Língua Geral<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">9.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">The
collected poems 1956-1998</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiCMl77sUZIhbtEzLAGfKG2sYgc2JicFH_i8fa5xT5GsUXi9WkQ5ispdJvIi3PgluY_z-X9NsL51xS3NqwTbeqvPUgnMcd_MD3gGOUBERapLka8eZFLOp5l23EyC_q4O3QKAtBFzt0niS76t9LjlA0aUBNeZnMkRL5oCQurORZEBTu_7L4RUf78UWvO=s472" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="472" data-original-width="318" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiCMl77sUZIhbtEzLAGfKG2sYgc2JicFH_i8fa5xT5GsUXi9WkQ5ispdJvIi3PgluY_z-X9NsL51xS3NqwTbeqvPUgnMcd_MD3gGOUBERapLka8eZFLOp5l23EyC_q4O3QKAtBFzt0niS76t9LjlA0aUBNeZnMkRL5oCQurORZEBTu_7L4RUf78UWvO=s320" width="216" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Zbigniew Herbert</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Harper Collins<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">10.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Um
bárbaro no jardim</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjOlx5ds_6y9eOJeYggwx4AmuPyMjUN-PhYfwLw3rxHIvjLvkc0dlzLejlqQhIrSvx_TtVSbjLkv25ugik3Cu2fRXwmZZddq1qm-h4FkteBcPPheqFgpD1sz5rfuAo2T_bTMz-Yr6PltqFsgreoab_3gmsDz7_DeEsrdShEv5OG94pxVS5yH_a6eKvt=s258" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="258" data-original-width="178" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjOlx5ds_6y9eOJeYggwx4AmuPyMjUN-PhYfwLw3rxHIvjLvkc0dlzLejlqQhIrSvx_TtVSbjLkv25ugik3Cu2fRXwmZZddq1qm-h4FkteBcPPheqFgpD1sz5rfuAo2T_bTMz-Yr6PltqFsgreoab_3gmsDz7_DeEsrdShEv5OG94pxVS5yH_a6eKvt" width="178" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Zbigniew Herbert</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Editora Âyiné<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">11.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Garota,
mulher, outras</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjX3BabRlOlYUbsAZGCC-9iDANSpotU8LJK4OWhfIIwMmFULzw06TOnuJn-Z-1tbkZyyWGXG3V2gT3z0FYxazlNpAcMBq7kh1gjYMuuItlkYvBr2r_AN3Qp1DYn318aqL2UfmFOa6UBM3i2XSiStKABShZnI01xZDJQjChJdu-OonQ0YpBAbv0cmFr0=s2480" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2480" data-original-width="1654" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjX3BabRlOlYUbsAZGCC-9iDANSpotU8LJK4OWhfIIwMmFULzw06TOnuJn-Z-1tbkZyyWGXG3V2gT3z0FYxazlNpAcMBq7kh1gjYMuuItlkYvBr2r_AN3Qp1DYn318aqL2UfmFOa6UBM3i2XSiStKABShZnI01xZDJQjChJdu-OonQ0YpBAbv0cmFr0=s320" width="213" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Bernardine Evaristo</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Companhia das Letras<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">12.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Meu
caro Chico</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiHBNpqTe8GYU3Jern6n_3FX3mmGJgIISz-yaHa9wEUGUMuNYbU0GfutmQo-tUv-Oawk6d67BQzg-qMjPoNcw00FPwguepZ5GkiXX-TrKAHM36KnYnZsS6MoGx9Dkkf7G2C7GqX0ftfzZMZtEks4y_sg3xsIgsj1B67395BV4d38lo-oUC1N7O8BvYY=s607" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="607" data-original-width="400" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiHBNpqTe8GYU3Jern6n_3FX3mmGJgIISz-yaHa9wEUGUMuNYbU0GfutmQo-tUv-Oawk6d67BQzg-qMjPoNcw00FPwguepZ5GkiXX-TrKAHM36KnYnZsS6MoGx9Dkkf7G2C7GqX0ftfzZMZtEks4y_sg3xsIgsj1B67395BV4d38lo-oUC1N7O8BvYY=s320" width="211" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Augusto Lins Soares (Org.).</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Francisco Alves<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">13.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Chico
Buarque, o romancista: ensaios</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiu54vAbBfGJSwRDy_BtwqkzJWWuAGS4Gc7Nv8QICJhb6N2-o4KTaW_1ooTt5qxTc_j3l3MW9OuW_6c5mmK3wNZ6sKH5lnb-DbxBkwcSsUUXc2Hb_pRXrwQBQGq5PasPVsuUR4L2642wQ4MUVj8WZ2IuFXCiUWZ85h5amdBkE9H2JzDYhg8YkYKTk0X=s1000" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiu54vAbBfGJSwRDy_BtwqkzJWWuAGS4Gc7Nv8QICJhb6N2-o4KTaW_1ooTt5qxTc_j3l3MW9OuW_6c5mmK3wNZ6sKH5lnb-DbxBkwcSsUUXc2Hb_pRXrwQBQGq5PasPVsuUR4L2642wQ4MUVj8WZ2IuFXCiUWZ85h5amdBkE9H2JzDYhg8YkYKTk0X=s320" width="320" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Rinaldo de Fernandes (Org.).</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Garamond<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">14.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Lina:
uma biografia</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgrrH2UTD2Nlgy4u3JrRxuU36apXLk16sQhn8AkxZf7Oy8Evt2A224aTxUHYfFD8yP76gRViL2dCNaaRVMXtnwAu4Wg8YHKmFtSJc1nUacFLZFznNP6moFcKl9fRutKM1nbnaBfTip4bRmLmo41yz2C0Oj5vTsw8g6RpBHmIZ13MImaC5bpzsZj_k6q=s499" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="346" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgrrH2UTD2Nlgy4u3JrRxuU36apXLk16sQhn8AkxZf7Oy8Evt2A224aTxUHYfFD8yP76gRViL2dCNaaRVMXtnwAu4Wg8YHKmFtSJc1nUacFLZFznNP6moFcKl9fRutKM1nbnaBfTip4bRmLmo41yz2C0Oj5vTsw8g6RpBHmIZ13MImaC5bpzsZj_k6q=s320" width="222" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Francesco Perrotta-Bosch</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Todavia<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">15.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Lina
Bo Bardi: o que eu queria era ter história</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh3rUYbUsBZyzFaozFcto_fjfZ5izf6MnaahfCKPyKPPThWyhjB1WSMUchmuJ6-yucVB-2vXFsm3wYpbYUszAAqXG67UcZ7W3v7d6ikiLqh7chAxuDJOjFeugX5o7Y9y7Yb1JYJnfni6BUZEox_rS_LnhrOfHs-N-gEhmZJ9UkM-UNpyw350edbkJL4=s2560" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1770" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh3rUYbUsBZyzFaozFcto_fjfZ5izf6MnaahfCKPyKPPThWyhjB1WSMUchmuJ6-yucVB-2vXFsm3wYpbYUszAAqXG67UcZ7W3v7d6ikiLqh7chAxuDJOjFeugX5o7Y9y7Yb1JYJnfni6BUZEox_rS_LnhrOfHs-N-gEhmZJ9UkM-UNpyw350edbkJL4=s320" width="221" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Zeuler r. M. de A. Lima</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Companhia das Letras<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">16.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Collected
poems 1950-2012</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEitjXEyRP3V1cAM9IggeAt89-z08UEweQgfZFFe45SwprlcrZ_dAHxeTqD4q_RFlyLUuj2cdVidMbGqztj8KVjEo1xz4Ep9g7S1VgIcUjYbW22d_k3EhtsPCpCvawLCPi18GIA7P1jzQKJH7-ric1YLWZ6an1pBrjvl8h6xy7WRB0PJDRG4DUd7a-uu=s499" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="333" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEitjXEyRP3V1cAM9IggeAt89-z08UEweQgfZFFe45SwprlcrZ_dAHxeTqD4q_RFlyLUuj2cdVidMbGqztj8KVjEo1xz4Ep9g7S1VgIcUjYbW22d_k3EhtsPCpCvawLCPi18GIA7P1jzQKJH7-ric1YLWZ6an1pBrjvl8h6xy7WRB0PJDRG4DUd7a-uu=s320" width="214" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Adrienne Rich</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">W.W. Norton & Company<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">17.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Just
Us – an american conversation</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgLXoMmwCnBxNX9YoKH71ScVWrBSsehq5uhw5ypJ2GdzgpgXHrLzcbJG5juK-YPmGIuSloavZlxnzYIqq342oYib6wzv9TvM12LzYqCwpvN6ytVOqvbXDSGXCXuuwGjUHmWYRxeojK18LAV80LDPTBN1bJwSes9iDf1huz_rFaHRQd_ePERP2sclNp9=s2560" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1707" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgLXoMmwCnBxNX9YoKH71ScVWrBSsehq5uhw5ypJ2GdzgpgXHrLzcbJG5juK-YPmGIuSloavZlxnzYIqq342oYib6wzv9TvM12LzYqCwpvN6ytVOqvbXDSGXCXuuwGjUHmWYRxeojK18LAV80LDPTBN1bJwSes9iDf1huz_rFaHRQd_ePERP2sclNp9=s320" width="213" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Claudia Rankine</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Graywolf Press<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">18.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Cidadã
– uma lírica americana</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg40qztDzQDmqsPdEvVLOwOpzzu9ot_ZAKoyppxpzRZJM-MgkjhWLmuRCuIkJHdh_NBK25TJ5mzeRMxhoq4BTv8Dv063BMFU_T5r1Zg8-NSQTK9nZP-NPqt2N9Xmb1FRsQzqA7Fh1Ep_-fiOprou9rfgofoe41KcmeUKDtnFdLcMr8mABeC-aQzUyef=s960" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="640" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg40qztDzQDmqsPdEvVLOwOpzzu9ot_ZAKoyppxpzRZJM-MgkjhWLmuRCuIkJHdh_NBK25TJ5mzeRMxhoq4BTv8Dv063BMFU_T5r1Zg8-NSQTK9nZP-NPqt2N9Xmb1FRsQzqA7Fh1Ep_-fiOprou9rfgofoe41KcmeUKDtnFdLcMr8mABeC-aQzUyef=s320" width="213" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Claudia Rankine</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Edições Jabuticaba<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">19.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O
papel de parede amarelo e outras histórias</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhoEpdguy_BhwjEM46_DENMb60fsKkVvwIRe2ErptN8i1XJpTGlXlLiyLQDlqdhYEHcaumY5k94JTBVc6jiwyLewSae-LGTdP_ipWQLZuxlSe-DtLOjAiAau2SJLqFDlstjKr-DG3yCAJQfikBzfYiGH4I-u-7izAw5lJ2CyihdAsu5yY7sL1z3Mr3k=s309" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="309" data-original-width="247" height="309" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhoEpdguy_BhwjEM46_DENMb60fsKkVvwIRe2ErptN8i1XJpTGlXlLiyLQDlqdhYEHcaumY5k94JTBVc6jiwyLewSae-LGTdP_ipWQLZuxlSe-DtLOjAiAau2SJLqFDlstjKr-DG3yCAJQfikBzfYiGH4I-u-7izAw5lJ2CyihdAsu5yY7sL1z3Mr3k" width="247" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Charlotte Perkins Gilman</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Bazar do Tempo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">20.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Rastejando
até Belém</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg-ICA3ALbj0POVaPyfZH5ogbbkQ8fZuR0zCQuyTs0DwGIDDW0OLJRylSlY0UQgBwAw-g_MoKsAQr62HMpDuz07MCd-D4KrvCOcKbEuJH5x5hxwI_1hatU-678VGaKMpKtM0biinrFx9Nnh0_759r5WRJdop6j0pQILn-7W_IC_sC8kNGyQQ37LDzBK=s2560" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1684" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg-ICA3ALbj0POVaPyfZH5ogbbkQ8fZuR0zCQuyTs0DwGIDDW0OLJRylSlY0UQgBwAw-g_MoKsAQr62HMpDuz07MCd-D4KrvCOcKbEuJH5x5hxwI_1hatU-678VGaKMpKtM0biinrFx9Nnh0_759r5WRJdop6j0pQILn-7W_IC_sC8kNGyQQ37LDzBK=s320" width="211" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Joan Didion</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Todavia<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">21.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O
álbum branco</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgf1EAz97e8yF2dEBm-R7Hsdxs8x1rIN3_XobvPa1yKYLhtN5lpj4GC2_nZiIC3_gu5hU6BdUsPSOVScxcCeG3kex57YpEoMxqzAK6akiqMEmVJ3rOWN2ykTNdtv9b1fMzf0EzHThaVl53KBw1fysiK8ua9VaYGHit8sD99QL3brXtvtzs2bNjahLg8=s2560" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1664" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgf1EAz97e8yF2dEBm-R7Hsdxs8x1rIN3_XobvPa1yKYLhtN5lpj4GC2_nZiIC3_gu5hU6BdUsPSOVScxcCeG3kex57YpEoMxqzAK6akiqMEmVJ3rOWN2ykTNdtv9b1fMzf0EzHThaVl53KBw1fysiK8ua9VaYGHit8sD99QL3brXtvtzs2bNjahLg8=s320" width="208" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: -18pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: -18pt;">Joan Didion</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Harper Collins<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">22.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Jards
Macalé – eu só faço o que quero</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh-XNQaxlrgw9ln1NzlyJLIw0Z1ICEYSfeSLfwzumtMB5doyu2CARJlMb2v-O3O1bl1vhuBeREX0gcj8SC4jKJQk8MzoPdM6vGQCCS0w1HNiHorecwcxQIF1RhOEDu-Wo2b_lSngwS3xX1_ZiDJ-c33fljuDVXhgvlEwETMzb9qcus0Qr1XPHQBlwNP=s1304" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1304" data-original-width="907" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh-XNQaxlrgw9ln1NzlyJLIw0Z1ICEYSfeSLfwzumtMB5doyu2CARJlMb2v-O3O1bl1vhuBeREX0gcj8SC4jKJQk8MzoPdM6vGQCCS0w1HNiHorecwcxQIF1RhOEDu-Wo2b_lSngwS3xX1_ZiDJ-c33fljuDVXhgvlEwETMzb9qcus0Qr1XPHQBlwNP=s320" width="223" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Fred Coelho</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Numa<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">23.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Castas:
as origens de nosso mal-estar</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhDAImq4dTU9NKd93pHhsSkUAjqwgDu7fB7UajAOJNA0Z64YoojBajhgr9KoPihv3OyM4wJyHKCbLORKtOk-Nb3JK1Anl4a8P5tZCAy0-LytgAgA9ZEojB_uZnV4AztbklRPccIs2yHW-02HeWusHiIedQ0kagz3DCPLZ8mL4F4Pyktiw0yQ3jx7l-f=s499" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="348" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhDAImq4dTU9NKd93pHhsSkUAjqwgDu7fB7UajAOJNA0Z64YoojBajhgr9KoPihv3OyM4wJyHKCbLORKtOk-Nb3JK1Anl4a8P5tZCAy0-LytgAgA9ZEojB_uZnV4AztbklRPccIs2yHW-02HeWusHiIedQ0kagz3DCPLZ8mL4F4Pyktiw0yQ3jx7l-f=s320" width="223" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Isabel Wilkerson</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Zahar<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">24.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Black
and British: a forgotten history</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgctHiXFfIWqomR7dFStJvZYtr3gGbluHIj8aKP5gMlAdq527f0f1TzTaW-0KTMgjHMRK6s9JbKx_XIf7LwBNVeUNo3fCetDSyWA1refI_crcwz-a878p0eBrQ7Vndtvvu9wVe8qF1PgFsQaxpDNRGd9BG1IJcidO2lGsf_DNUnbeULj6s_2r31FrAM=s2424" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2424" data-original-width="1600" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgctHiXFfIWqomR7dFStJvZYtr3gGbluHIj8aKP5gMlAdq527f0f1TzTaW-0KTMgjHMRK6s9JbKx_XIf7LwBNVeUNo3fCetDSyWA1refI_crcwz-a878p0eBrQ7Vndtvvu9wVe8qF1PgFsQaxpDNRGd9BG1IJcidO2lGsf_DNUnbeULj6s_2r31FrAM=s320" width="211" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">David Olusoga</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Pan Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">25.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Os
jacobinos negros: Toussaint L’Ouverture e a revolução de São Domingos</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiucqhPuQqtiaZGef9Be1KMfpJfdsZZDhXcbC3bLsrNVLxmOYT-fd9fUV5VulBE_trE-dilB9GJrsabR-l0_keZyYKUZuiyCkT0jiGrGRwNKxz5vurC7m9Wal-8P6bJouhKqE32q8F09wtju71YtWfmXfs1wCuIOo_lkdr2tmZq5VCQF2EW0V3Od_QV=s620" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="330" data-original-width="620" height="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiucqhPuQqtiaZGef9Be1KMfpJfdsZZDhXcbC3bLsrNVLxmOYT-fd9fUV5VulBE_trE-dilB9GJrsabR-l0_keZyYKUZuiyCkT0jiGrGRwNKxz5vurC7m9Wal-8P6bJouhKqE32q8F09wtju71YtWfmXfs1wCuIOo_lkdr2tmZq5VCQF2EW0V3Od_QV=s320" width="320" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: -18pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: -18pt;">C.L.R. James</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Boitempo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">26.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Aporofobia,
a aversão ao pobre: um desafio para a democracia</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: -18pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj427rpRJaPWTzoTIwh92793wGTYAwXsuYfb5_wv63R8lHZfbNW_0dcBfvV1YbK24R7NLEKztImCjq8e9vdC6EI8ZJvgdVSloBf_Y5c9ELDvGyTQEQj5lya5873HD83ZjSlsuta0f3HO8W7eFV5zyRwEFDWd0ZtGKHeXU15KFTxBur5_VRDPXevAMfY=s2560" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1760" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj427rpRJaPWTzoTIwh92793wGTYAwXsuYfb5_wv63R8lHZfbNW_0dcBfvV1YbK24R7NLEKztImCjq8e9vdC6EI8ZJvgdVSloBf_Y5c9ELDvGyTQEQj5lya5873HD83ZjSlsuta0f3HO8W7eFV5zyRwEFDWd0ZtGKHeXU15KFTxBur5_VRDPXevAMfY=s320" width="220" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Adela Cortina</span></div></span><p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Editora Contracorrente<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> 27. Notas sobre o luto</o:p></span></p><p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgOD7EWIkB-A8_YLRfHSzM7HJVnrlWc6tpispLCy69hktkbTQNhYR17-TofAyLZ2CbHSVvjUHcCu-l6ktIfxxJDvxilCEi7o0YaiSDEutXjWySANZepAKPvdeOzGYf6uwxwyYGyjxEmdRoL96U8MYtQtPzswdze6o6CzDLp_UtMLyAL4n0wlnxNXTgY=s650" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="446" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgOD7EWIkB-A8_YLRfHSzM7HJVnrlWc6tpispLCy69hktkbTQNhYR17-TofAyLZ2CbHSVvjUHcCu-l6ktIfxxJDvxilCEi7o0YaiSDEutXjWySANZepAKPvdeOzGYf6uwxwyYGyjxEmdRoL96U8MYtQtPzswdze6o6CzDLp_UtMLyAL4n0wlnxNXTgY=s320" width="220" /></a></span></div><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Chimamanda Ngozi</span></div></span></span><p></p><p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p>Companhia das Letras</o:p></span></p><p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p><br /></o:p></span></p><p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p>28. Cartas a uma negra</o:p></span></p><p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjiI9S5wiOqE8FMiIjpKCXujXKVAKKFMFLeHwim44jCw0q7xzLHsylXY5W3xFEkoQqeMDrGRgM5SY7mlxO8tQo7-hfAZ_wvD5DhsHfdS1r-Ks9Jq8j2HLcR9wlynm0eIi0Ab3kSd7bmX8pKi9QCerfhbWGSfwY2U9A-nZ7dm0z-ETbfEq0BJruE1k6I=s2560" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1688" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjiI9S5wiOqE8FMiIjpKCXujXKVAKKFMFLeHwim44jCw0q7xzLHsylXY5W3xFEkoQqeMDrGRgM5SY7mlxO8tQo7-hfAZ_wvD5DhsHfdS1r-Ks9Jq8j2HLcR9wlynm0eIi0Ab3kSd7bmX8pKi9QCerfhbWGSfwY2U9A-nZ7dm0z-ETbfEq0BJruE1k6I=s320" width="211" /></a></span></div><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-size: 12pt;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt;">Françoise Ega</span></div></span></span><p></p><p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p>Todavia</o:p></span></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-2174386043703173592021-10-20T13:41:00.000-03:002021-10-20T13:41:41.954-03:00Extraterrestre : o primeiro sinal de vida inteligente fora da terra, de Avi Loeb<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoV7AuxRgfYfKkmO7rA9wziQ3wWLhpvj0iKTVIoxtYjAZ18_FWcEUCCguIxyhqBxsCOCR8mHYpuzYdvU5ZMs6E6lzF_xiD3vI66ARXiZk_py9TTT9AqDmdkiP7cxp2izkIL6SsXPJl9vg/s500/extraterrestre.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="333" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoV7AuxRgfYfKkmO7rA9wziQ3wWLhpvj0iKTVIoxtYjAZ18_FWcEUCCguIxyhqBxsCOCR8mHYpuzYdvU5ZMs6E6lzF_xiD3vI66ARXiZk_py9TTT9AqDmdkiP7cxp2izkIL6SsXPJl9vg/w237-h358/extraterrestre.jpg" width="237" /></a></div>O título do livro do professor Avi Loeb, de início pode nos induzir ao erro. Podemos, sim, ser levados a acreditar tratar-se de um livro no qual leremos sobre abduções e homenzinhos verdes surgindo aqui e ali. O blog defende que em vez de "extraterrestre" (claro que há a questão mercadológica) se tivesse sido grafado 'Omuamua, o efeito seria muito mais interessante, o que o leitor poderá comprovar ao <br />longo da leitura do trabalho de Loeb. Em termos bem gerais, o livro em questão é uma belíssima abordagem, com todo o embasamento teórico-científico necessário, acerca da presença de outros seres no universo. A defesa que o prof. Loeb faz disso parte da presença em nosso sistema solar de um objeto cujas características jamais foram vistas, embora a comunidade científica tenha se apressado a classificá-lo como um "mais do mesmo", ou seja, um asteroide ou um tipo de cometa, o que, ao longo do texto, será desconstruído parte a parte pelos argumentos de Loeb.<p></p><p></p><p style="text-align: justify;"><b>A partir da orelha do livro, vejamos do que se trata:</b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">"Em
outubro de 2017, cientistas de um dos maiores observatórios espaciais do mundo
— localizado no topo de um vulcão dormente no Havaí — detectaram um objeto
transitando por nosso sistema solar. A primeira hipótese foi a de que se
tratava de um mero asteroide, como tantos outros que cruzaram e seguem cruzando
nossa galáxia. Mas os dados coletados pelo telescópio Pan-STARRS1 revelaram
detalhes curiosos, e bem anômalos, no comportamento desse visitante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Diferentemente
de meteoros e asteroides, o objeto, batizado de </span><b style="font-family: "Times New Roman", serif;">‘Oumuamua</b><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">, não liberava gases e
não</span></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: "Times New Roman", serif; text-align: left;"><span style="text-align: justify;">deixava rastro de poeira estelar e detritos em sua passagem. Seu eixo de
rotação era contínuo e estável, sem sinal dos típicos solavancos dos cometas.
Mas o dado mais atípico de todos era sua trajetória: seu movimento não era
orientado apenas pela gravidade exercida pelo Sol.</span></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: "Times New Roman", serif; text-align: left;"><span style="text-align: justify;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: right;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><br /></span></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><br /></div></span></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">A
comunidade científica se alvoroçou com a descoberta, mas tudo que foi
registrado durante a breve passagem do ‘Oumuamua revelou-se insuficiente para
que se compreendesse mais a fundo a origem de seu comportamento. Seguindo
linhas mais conservadoras de pesquisa, a maioria dos astrônomos decidiu
mantê-lo na categoria de asteroide raríssimo. Menos um.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpN2SWnuuCHb1glgkQcMsN-NNM7zgbmPwz6rBQrzq0BFvdr4gmW6DKlIV7N3v0gPlYrUxmzB3VCDs7S6nn5cnWouYAv-qfi4Qv5eHVQz2kJ9rI9f4zbLuqKhAnhsGQzzquPWGolJOINHc/s1280/omuamua.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpN2SWnuuCHb1glgkQcMsN-NNM7zgbmPwz6rBQrzq0BFvdr4gmW6DKlIV7N3v0gPlYrUxmzB3VCDs7S6nn5cnWouYAv-qfi4Qv5eHVQz2kJ9rI9f4zbLuqKhAnhsGQzzquPWGolJOINHc/s320/omuamua.jpeg" width="320" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Em
<i>Extraterrestre</i>, o proeminente catedrático de Harvard Avi Loeb segue na
contramão do status quo científico e investiga as chances reais de que
tenhamos, pela primeira vez, sido acessados por uma tecnologia extraterrestre.
Mas aventar a possibilidade de que o ‘Oumuamua tenha sido criado por uma
civilização extraterrestre — viva ou extinta — é apenas uma das frentes de
batalha do astrônomo israelense. A principal delas é derrubar a fronteira do
pensamento que até aqui nos impediu de acreditar na possibilidade de não
estarmos, de forma alguma, sozinhos na imensidão do universo".</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">Além da convincente defesa que faz acerca do 'Omuamua, como um visitante interestelar, o livro do professor Avi Loeb é uma aula sobre o comportamento dos cientista e, consequentemente, da academia diante da possibilidade do novo, quando muitas vezes insistem em se manter atados ao mesmo, sem que se consiga perceber o óbvio. Trata-se de um livro de indispensável leitura, uma vez que seu autor discorre sobre inúmeras outras temáticas que se unem e que se justificam, quando não se afastam, que dizem respeito ao nosso estar-no-universo, espaço o qual por muito tempo se pensou, ingenuamente, ser só nosso. Assim, a partir da pergunta "estamos sós no universo" o professor Avi Loeb elabora questionamento que se mostram bastante urgente nas discussões acadêmicas. Seja como for, a leitura da obra em questão, por sua qualidade argumentativa, se faz urgente e necessária.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNwxh9K6kEbE0lNP85hWHNxxO1QmIEDfy5-rKILnOqdFCdlAhX5SfU2TiEdz3fL0Y_RBcvKO9eaapAOEKBpMgfp9mls1UPc587bt36u72uGmyA5F-n9fJBgbs-d7fB-tMk8XyWcm9qSo0/s1692/avi-loeb-extraterrestrial-0114211.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1142" data-original-width="1692" height="216" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNwxh9K6kEbE0lNP85hWHNxxO1QmIEDfy5-rKILnOqdFCdlAhX5SfU2TiEdz3fL0Y_RBcvKO9eaapAOEKBpMgfp9mls1UPc587bt36u72uGmyA5F-n9fJBgbs-d7fB-tMk8XyWcm9qSo0/s320/avi-loeb-extraterrestrial-0114211.jpg" width="320" /></a></div>AVI LOEB é chefe do
departamento de Astronomia da Universidade de Harvard, onde também fundou e
dirige o maior centro de pesquisas sobre buracos negros do mundo, a Black Hole
Initiative. É diretor do Instituto de Teoria e Computação do
Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, presidente da Breakthrough
Starshot Initiative e membro do conselho consultivo do governo norte-americano
para ciência e tecnologia, entre outras atividades. É autor de oito livros e de
mais de 800 artigos científicos. Em 2012, a revista Time o elegeu uma das 25
pessoas mais influentes do mundo no campo da astronomia. Hoje ele mora em
Boston, Massachusetts.<o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-73433109794760197132021-10-11T13:14:00.000-03:002021-10-11T13:14:10.709-03:00Nos rastros de uma migração: representações, memórias e sensibilidades, de Vilarin B. Barros<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCThjo7NVkDmrxWlDAaE1RKRShWFQ3bS9XNUfU4pRU6bWFtXtJwcNrGKJb2LJ-FSsANSwjogg7D2uC4FK8bsf5mH1WR_kI7JEy71I0NwvXgaW-w5csGDo3X6uvNv_y2iswWLGeQ4TDtXE/s500/Vilarin.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="327" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCThjo7NVkDmrxWlDAaE1RKRShWFQ3bS9XNUfU4pRU6bWFtXtJwcNrGKJb2LJ-FSsANSwjogg7D2uC4FK8bsf5mH1WR_kI7JEy71I0NwvXgaW-w5csGDo3X6uvNv_y2iswWLGeQ4TDtXE/w210-h320/Vilarin.jpg" width="210" /></a></div>Em meio ao caos que
impera no país, somente agora consegui um tempinho para um breve descanso<span style="color: black; mso-themecolor: text1;">,</span> uma trégua. Não que minha
situação se compare em tudo àquela do senhor Martín Santomé, personagem do
clássico romance <i>La Tregua</i> (1960), de Mario Benedetti, embora guarde
certas aproximações. No entanto, é sempre bom quando conseguimos desligar nosso
“disjuntor interno”, para que possamos retornar mais atentos e fortes.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando tudo o que nos resta é apenas cansaço,
uma pausa na correria do dia-a-dia nos cai feito um cafuné, um afago, vindo
daqueles a quem amamos.<br /> <o:p></o:p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br />Assim, o abraço da mulher
amada e o sorriso da filha pequena gargalhando junto à mais velha nos enche de
alegria a alma e o coração, de forma que até tentamos esquecer o esgoto
político que escorre das veias abertas da republiqueta de bananas e ossos na
qual transformaram o Brasil. E foi nesse clima <br />de momentânea calmaria, que
consegui concluir a leitura do livro <i>Nos rastros de uma migração:
representações, memórias e sensibilidades</i>, de Vilarin Barbosa Barros; publicado
no ano de 2020 pela editora e-Manuscrito, resultado da dissertação do autor
defendida junto à Universidade Estadual do Ceará – UECE.<span style="color: red;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Na obra em questão, o professor Barros analisa as experiências dos
migrantes de Quixadá, um dos principais municípios do sertão central cearense,
que deixavam suas casas e famílias em busca de melhores - pelo menos na cabeça
deles - condições de vida na cidade de São Paulo. Quase sempre, o que
encontravam era preconceito, xenofobia e, consequentemente, a miséria das
favelas surgidas já nos anos 50, haja vista os relatos de Carolina Maria de
Jesus na obra <i>Quarto de despejo – diário de uma favelada </i>(1960), ela
mesma uma migrante. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">A necessidade do recorte temporal exigido pela referida pesquisa se
inicia no ano de 1973, terminando em 2001. As migrações são marcas indeléveis na
pele do Brasil, que em determinados momentos da história chegaram a diminuir,
mas nunca acabaram. Assim, nossos “severinos” e “macabéas” continuam, como diz
o poeta, descendo do Norte pra cidade grande, com seus pés cansados e feridos. Logo,
a temática abordada pelo estudioso se mostra pra lá de atual, tendo em vista
que os processos migratórios não se constituem como fenômenos restritos a este
ou àquele país, mas universal, com “estranhos” batendo desesperadamente às
portas do mundo, sejam saídos de Quixadá, tangidos e açoitados feito “bichos” nas
fronteiras dos Estados Unidos ou morrendo aos milhares nas travessias do
Mediterrâneo, por exemplo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Difícil mesmo é discutir qualquer outro assunto, seja a questão
climática, o racismo, a decolonialidade, a democracia, a interculturalidade, os
direitos humanos, as questões de gênero ou o avanço do neofascismo, se não se
colocarem os processos migratórios no centro dos debates mundiais. Neste
sentido, o texto do prof. Vilarin Barbosa Barros deita olhos sobre um assunto
aparentemente local, mas que é, na verdade, universal; uma vez que dialoga com
ideias observáveis em <i>Os emigrantes</i> (2002), de W.G. Sebald, <i>Estranhos
à nossa porta</i> (2017), de Zygmunt Bauman e, entre outros, <i>A imigração: ou
os paradoxos da alteridade </i>(1991), de Abdelmalek Sayad. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;">Destarte, são cada vez mais urgentes e necessárias discussões como as
que são propostas pelo referido pesquisador, uma vez que no âmbito da cultura
contemporânea é para o humano a quem todos os olhares, palavras e ações
políticas, sem exceção, devem estar voltados. E se assim não o for, nada mais
fará sentido, pois a vida estará em outro lugar.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-32697171966393090232021-08-10T10:09:00.000-03:002021-08-10T10:09:04.791-03:00Carolina Maria de Jesus, presente!<p> </p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O livro <i>Quarto de <a name="_Hlk53323382">despejo:
diário de uma favelada </a></i><span style="mso-bookmark: _Hlk53323382;">(1960)</span><i>,
</i>de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), faz 60 anos em 2020. Observadora
atenta da realidade nacional, Carolina tinha importantes percepções acerca da
sociedade brasileira, especificamente, sobre a cidade de São Paulo, os
políticos e a política. A primeira entrada no diário de Carolina data de 15 de
julho. A última, de 1 de janeiro de 1960. Como registro da atualidade do seu
trabalho, listamos 20 passagens retiradas do seu diário. <a name="_Hlk53747784"><o:p></o:p></a></span></p>
<span style="mso-bookmark: _Hlk53747784;"></span>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As citações (mantivemos a ortografia
original) constam da edição de 2014, da editora Ática. Assim, fazemos a
referência completa apenas na primeira citação. Nas demais, indicamos somente
as páginas<a name="_Hlk53747036">.</a> Vejamos o que diz Carolina sobre:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O espaço</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">1.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“...
eu classifico São Paulo assim: O Palácio, é a sala de visita. A Prefeitura é a
sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam lixo”.
(JESUS, 2014, p. 32). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">2.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">: “... Havia pessoas que nos visitava e
dizia: - Credo, para viver num lugar assim só os porcos. Isto aqui é o
chiqueiro de São Paulo” (p.35)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">3.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... e quando estou na favela tenho a
impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de
despejo... Estou no quarto de despejo, e o que está no quarto de despejo ou queima-se
ou joga-se no lixo” (p. 37). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">4.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Aquelas paisagens há de encantar os olhos
dos visitantes de São Paulo, que ignoram que a cidade mais afamada da América
do Sul está enferma. Com as suas ulceras. As favelas” (p.85).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Os políticos<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">5.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“E falamos de políticos. Quando uma
senhora perguntou-me o que acho do Carlos Lacerda, respondi concientemente: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Muito inteligente. Mas não tem inducação. É um político de cortiço. Um
agitador...” (p.15).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">6.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“O Brasil precisa ser dirigido por uma
pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende
a pensar no próximo, nas crianças” (p.29).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">7.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“E assim no dia 13 de maio de 1958 eu
lutava contra a escravatura – a fome” (p.32).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">8.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Eu quando estou com fome quero matar o
Jânio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o
afeto do povo pelos políticos” (p.33).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">9.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... O que o senhor Juscelino tem te
aproveitável é a voz. Parece um sabiá e a sua voz é agradável aos ouvidos. E
agora, o sabiá está residindo na gaiola de ouro que é o Catete. Cuidado sabiá,
para não perder esta gaiola, porque os gatos quando estão com fome contempla as
aves nas gaiolas. E os favelados são os gatos. Tem fome” (p.35).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">10.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... Quando um político diz nos seus
discursos que está ao lado do povo, que visa incluir-se na política para
melhorar nossas condições de vida pedindo o nosso voto prometendo congelar os
preços, já está ciente que abordando este grave problema ele vence nas urnas.
Depois divorcia-se do povo. Olha o povo com os olhos semi-cerrados. Com um
orgulho que fere a nossa sensibilidade” (p.38).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A política<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">11.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... A democracia está perdendo os seus
adeptos. No nosso paiz tudo está enfraquecendo. O dinheiro é fraco. A
democracia é fraca e os políticos fraquíssimos. E tudo que está fraco, morre um
dia” (p.39).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">12.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Quem deve dirigir é quem tem capacidade.
Quem tem dó e amisade ao povo. Quem governa o nosso país é quem tem dinheiro,
quem não sabe o que é fome, a dor, e a aflição do pobre (...). Precisamos
livrar o paiz dos políticos açambarcadores” (p.39).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">13.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... De quatro em quatro anos muda-se os
políticos e não soluciona a fome, que tem a sua matriz nas favelas e as
sucursais nos lares dos operários” (p.40).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">14.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... Mas o povo não está interessado nas
eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos” (p.43).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">15.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Os políticos só aparece aqui no quarto de
despejo, nas épocas eleitorais” (p.45).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">16.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Vi os pobres sair chorando. E as lágrimas
dos pobres comove os poetas. Não comove os poetas de salão. Mas os poetas do
lixo, os idealistas das favelas, um expectador que assiste e observa as
trajédias que os políticos representam em relação ao povo” (p.53).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">17.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“O custo de vida faz o operário perder a
simpatia pela democracia” (p.112).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">18.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... Quando eu fui almoçar fiquei nervosa
porque não tinha mistura. Comecei a ficar nervosa. Vi um jornal com o retrato
da deputada Conceição da Costa Neves, rasguei e puis no fogo. Nas epocas
eleitoraes ela diz que luta por nós” (p.113).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">19.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“O povo não sabe revoltar-se. Deviam ir no
Palacio do Ibirapuera e na Assembleia e dar uma surra nestes políticos
alinhavados que não sabem administrar o país” (p.129).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">20.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Você já viu um cão quando quer segurar a
cauda com a boca e fica rodando sem pegá-la? É igual o governo do Juscelino”
(p.134).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Uma das principais obras da literatura
brasileira, <i><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">Quarto de
despejo: diário de uma favelada</span></i>, de Carolina Maria de Jesus,
constitui-se <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">como leitura
necessária não apenas para a compreensão do Brasil dos anos cinquenta, mas para
o Brasil que se vê ainda hoje, imerso em contradições e desigualdades sociais
extremas. Desta forma, em meio à liquidez do</span> século XXI, a leitura da
obra de Carolina Maria de Jesus impõe-se como indispensável e urgente, pois que
é um continuado e lancinante grito de alerta e denúncia, que não pode ser
silenciado. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: left; text-indent: 1cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>Publicado originalmente em:</b></span></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; text-indent: 1cm;"> https://www.brasil247.com/blog/carolina-maria-de-jesus-presente</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-50786255888946805052021-05-24T15:30:00.002-03:002021-05-24T15:30:40.242-03:00Bob Dylan aos 80<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Maio já começa dar adeus.
O mês se vai, mas ficam as tristezas acumuladas que começaram a se espalhar por
aqui no começo do ano de 2020. Em meio a tanta tristeza e dor, uma pausa se faz
necessária para comemorarmos o aniversário de 80 anos de Bob Dylan, um dos
maiores poetas do século XX, cuja existência e contribuição às artes é
imensurável.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-J9NsW8y5QHh3u70c7v5EbyeXBJHHUGlBM9YTZhnZha5XcQRVJq_Iq686BJJQgyrIoI2JShNZA5_IZ-rT_4_C4yip3ECElzjo4f0y-DR1Bzm7UHDDTaMScD_8uwEZOHZeg1sA4EZ62tY/s640/Dylan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="477" data-original-width="640" height="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-J9NsW8y5QHh3u70c7v5EbyeXBJHHUGlBM9YTZhnZha5XcQRVJq_Iq686BJJQgyrIoI2JShNZA5_IZ-rT_4_C4yip3ECElzjo4f0y-DR1Bzm7UHDDTaMScD_8uwEZOHZeg1sA4EZ62tY/w400-h297/Dylan.jpg" width="400" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Robert Allen Zimmerman
nasceu no dia 24 de maio de 1941, adotando tempos depois o pseudônimo de Bob
Dylan em homenagem ao poeta galês Dylan Thomas (1914 – 1953). Ao longo da sua
carreira, Dylan recebeu todos os prêmios que um artista pode almejar, o que
significa o reconhecimento de público e crítica pelo trabalho que desenvolveu
em todas as áreas nas quais esteve, a saber, cinema, literatura, música, artes
plásticas etc. No ano de 2016, o autor de <i>Like a rolling stone </i>foi
agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura por ter, segundo a Academia sueca,
“criado novas expressões poéticas dentro da enorme tradição da música
americana”.<i> </i>Dylan é, continuou a Academia, “provavelmente o maior poeta
vivo”. A decisão de premiar Dylan com o Nobel de Literatura foi pra lá de
acertada. Não o fazer seria como ter a oportunidade de premiar Homero ou Walt
Whitman e, simplesmente, ignorar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Mas por qual razão, em
meio a uma pandemia que devasta a terra, tecer loas a Bob Dylan? Numa resposta
simples e rápida seria, basicamente, por que Bob Dylan importa. E importa em
todos os sentidos que dizem respeito ao <i>estar-no-mundo</i>, como ser humano
e como poeta comprometido com a condição humana. Assim, a canção de Dylan
ultrapassou há tempos os limites da própria canção, atingindo o <i>status</i>
de poesia, fazendo com que o autor de <i>Tarântula</i> (1971) se tornasse
referência indispensável para a compreensão sócio-histórica, política e
cultural do século XX, uma vez que sua poesia é toda ela permeada não apenas por
lirismo, mas por temáticas mais cruas e ácidas que abordam os direitos civis,
religião, política, direitos humanos, assim como variados aspectos dos movimentos
de contracultura e além. Em outras palavras, a poesia de Bob Dylan tornou-se,
pela qualidade que a engendra, uma arte atemporal e universal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Bob Dylan é um poeta
contemporâneo, e como tal mantém todos os seus sentidos voltados para a
observação e apreensão daquilo que constitui e transforma o ser humano. Pois,
como bem define Giorgio Agamben na obra <i>O que é o contemporâneo? E outros
ensaios</i> (2009): “contemporâneo é aquele que mantém fixo o olhar no seu
tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro. Todos os tempos são, para
quem deles experimenta contemporaneidade, obscuros. Contemporâneo é,
justamente, aquele que sabe ver essa obscuridade, que é capaz de escrever
mergulhando a pena nas trevas do presente (...). Pode-se dizer contemporâneo apenas
quem não se deixa cegar pelas luzes do século e consegue entrever nessas a
parte da sombra, a sua íntima obscuridade (...). O contemporâneo é aquele que
percebe o escuro do seu tempo como algo que lhe concerne e não cessa de
interpelá-lo, algo que, mais do que toda luz, dirige-se direta e singularmente
a ele. Contemporâneo é aquele que recebe em pleno rosto o facho de trevas que
provém do seu tempo”. Assim sendo, a contemporaneidade do pensamento poético de
Bob Dylan pode ser notada já nas suas primeiras produções. Como admirador de
Woody Guthrie (na guitarra de Guthrie estava escrito: “essa máquina mata
fascistas”), Bob Dylan já sabia muito bem por quais caminhos sua poesia deveria
seguir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em “Blowin’ in the Wind”
(1963), por exemplo, o poeta faz ecoar uma pergunta que se mantém bastante
atual, embora em contexto diferente. Diz (tradução livre): “...quantas pessoas
ainda terão que morrer, para que ele perceba que já se matou demais?”. Em “The
Times They Are a Changing” (1964), por sua vez, o poeta conclama todos a
abrirem os olhos e ficarem atentos, pois “os tempos estão mudando, ou
aprendemos a nadar ou afundaremos feito pedras”. Já em “Like a rolling stone”
(1965) o questionamento é sobre aqueles que possuem tudo, mas que de repente
perdem. E então? “Como é se sentir assim, sem destino, como uma pedra que
rola?” Os aspectos surreais observáveis em “Mr. Tambourine man”, por seu turno,
aproximam-se do que se vive hoje, no que concerne ao vazio, a insônia e ao
cansaço dos dias, como se estivéssemos eternamente presos em um filme de
Fellini. Tem-se: “... não estou dormindo e não há nenhum lugar onde eu possa ir,
pois todos os meus sentidos foram destroçados...”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Concluímos, retomando
Agamben (2009), quando diz que o poeta, enquanto contemporâneo, é uma espécie
de fratura que impede o tempo de compor-se e, simultaneamente, o sangue de
suturar a quebra. O poeta – o contemporâneo – continua Agamben, deve manter
fixo o olhar no seu tempo. Mas o que vê quem vê o seu tempo, o sorriso demente
do século? A resposta, meu amigo, está logo ali, em cada verso da poética de
Bob Dylan que, aos oitenta anos, ainda tem muito a nos dizer. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-18031408915335519592021-01-01T13:25:00.008-03:002021-01-02T16:53:36.095-03:00O QUE RE(LER) EM 2021<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7EjdpwpCoTj2N4Q8U3rbadI8E_sMBSCdoowoUzl38WKX3ooUdysQGOyRvMmX7ujfoXA1_QHGCGzXfHhrbuW7wOBWggeS7Smsd76fGEFEMsvqtWV3btPQAEKwem3looVWjK4C3Ne1U9uM/s960/jarid.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: georgia;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="854" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7EjdpwpCoTj2N4Q8U3rbadI8E_sMBSCdoowoUzl38WKX3ooUdysQGOyRvMmX7ujfoXA1_QHGCGzXfHhrbuW7wOBWggeS7Smsd76fGEFEMsvqtWV3btPQAEKwem3looVWjK4C3Ne1U9uM/w178-h200/jarid.jpg" width="178" /></span></a></div><span style="font-family: georgia;"><div style="text-align: center;"><br /></div></span><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">1.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Redemoinho em dia quente</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Jarid Arraes</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Alfaguara</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKB8bZ0GCPwdJ3dF0XnxeBRAEZahRQusWiUtUwKz2KyxmU5fd9a87a4A9cep_O_R8Fc1BT8diAWxpWPDKmMnECtIRXOp-_g0Lplu9nFyQCEjazPdzYLfDVmiUjN__3gr0YknA9llV6nSw/s499/Di%25C3%25A1rio+da+cat%25C3%25A1strofe+brasileira.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="337" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKB8bZ0GCPwdJ3dF0XnxeBRAEZahRQusWiUtUwKz2KyxmU5fd9a87a4A9cep_O_R8Fc1BT8diAWxpWPDKmMnECtIRXOp-_g0Lplu9nFyQCEjazPdzYLfDVmiUjN__3gr0YknA9llV6nSw/w135-h200/Di%25C3%25A1rio+da+cat%25C3%25A1strofe+brasileira.jpg" width="135" /></a></div><div style="text-align: center;"><br /></div><span style="font-family: georgia;"><div style="text-align: center;"><br /></div></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">2.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Diário da catástrofe brasileira: ano I: o inimaginável foi eleito</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Ricardo Lísias</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Record</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">3.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Boa hora para lembrar de Vivi Bandoleiro</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Luiz Taques</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Maria Petrona</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQx5QL_OJ5GWrP35LlqbOkop5Rma5_XGHboUDCgPmJ5VgBicFT6e4oUFX1SJSD2n0oX4sBUQcTGy3fEe_Uf6v_AqTZoZlQfW3oUklkjjb2Njsh8DS2cE-xht97sTQO0fla7EXLTky8TGA/s800/agua-funda-ruth-guimaraes.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: georgia;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQx5QL_OJ5GWrP35LlqbOkop5Rma5_XGHboUDCgPmJ5VgBicFT6e4oUFX1SJSD2n0oX4sBUQcTGy3fEe_Uf6v_AqTZoZlQfW3oUklkjjb2Njsh8DS2cE-xht97sTQO0fla7EXLTky8TGA/w200-h200/agua-funda-ruth-guimaraes.jpg" width="200" /></span></a></div><span style="font-family: georgia;"><div style="text-align: center;"><br /></div></span><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">4.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Água funda</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Ruth Guimarães</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">34</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy1H4Lv7qcKbYAzHLLb_ZgqdwzWImY6NEyh_7KicyTWHjUfvm_40K2__8OSQJrIM-MZteG6aCeftPKGYYHtEv-YMr6xp5jOMGb51HyntEg4xfypyTtHpU2JFVLHA6c68rZd4huw7TZVTA/s2048/O+que+ela+sussurra.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1365" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy1H4Lv7qcKbYAzHLLb_ZgqdwzWImY6NEyh_7KicyTWHjUfvm_40K2__8OSQJrIM-MZteG6aCeftPKGYYHtEv-YMr6xp5jOMGb51HyntEg4xfypyTtHpU2JFVLHA6c68rZd4huw7TZVTA/w133-h200/O+que+ela+sussurra.jpg" width="133" /></a></div><div style="text-align: center;"><br /></div><span style="font-family: georgia;"><div style="text-align: center;"><br /></div></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">5.<span style="white-space: pre;"> </span><b>O que ela sussurra</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Noemi Jaffe</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Companhia das Letras</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">6.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Racismo estrutural</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Silvio Almeida</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Jandaíra</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm4Yft4YO4ET-xLMBOKEva3qFSgCPYEKbjTZMArLAxFwiCLBo99oKDLRku01c60K7N141CYie8QzjF_mYdMFlyJe-dNCzPwbZAJVpuKpTL491era9qG_4llrMAqzOQWjGoJ2H7uXbjOR8/s1024/Conversas+transversais+com+Yuri+Firmeza.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: georgia;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm4Yft4YO4ET-xLMBOKEva3qFSgCPYEKbjTZMArLAxFwiCLBo99oKDLRku01c60K7N141CYie8QzjF_mYdMFlyJe-dNCzPwbZAJVpuKpTL491era9qG_4llrMAqzOQWjGoJ2H7uXbjOR8/w200-h200/Conversas+transversais+com+Yuri+Firmeza.jpg" width="200" /></span></a></div><span style="font-family: georgia;"><div style="text-align: center;"><br /></div></span><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">7.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Conversas transversais com Yuri Firmeza</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Org. Cecília Bedê</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Circuito</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">8.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Todas as cartas</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Clarice Lispector</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Rocco</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUgC1VKqcDgpb3Z8GivQkOxwoPSY-Zzbac6r9qt5QyFbgN_lcApAnnYDVak8BIdTfetP5XRDfHFZj_YrEbCD9s4nGlqLyHEznkFtGw1SrTPzPKBKhOj7a0MIeKcZmFDdjMTlIDflhzKuo/s1875/Zool%25C3%25B3gicos+humanos.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: georgia;"><img border="0" data-original-height="1875" data-original-width="1250" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUgC1VKqcDgpb3Z8GivQkOxwoPSY-Zzbac6r9qt5QyFbgN_lcApAnnYDVak8BIdTfetP5XRDfHFZj_YrEbCD9s4nGlqLyHEznkFtGw1SrTPzPKBKhOj7a0MIeKcZmFDdjMTlIDflhzKuo/w133-h200/Zool%25C3%25B3gicos+humanos.jpg" width="133" /></span></a></div><span style="font-family: georgia;"><div style="text-align: center;"><br /></div></span><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">9.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Zoológicos humanos: gente em exibição na era do imperialismo</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Sandra Sofia Machado Koutsoukos</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">UNICAMP</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">10.<span style="white-space: pre;"> </span><b>A peste</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Albert Camus</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Record</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHeKWAwcTf9rWc-nQY2_07ksgWIPVyS69RIeeniy1hfAzQDP6ONhveQyIVRPONQ23VGMSe7dA8aa6Dx7zoka1c7XB46GFhXShK862wb4UoyelN1Qn7NZeFqytC5TSn6_zT0ua5XEl5V1g/s360/Um+di%25C3%25A1rio+do+ano+da+peste.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="240" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHeKWAwcTf9rWc-nQY2_07ksgWIPVyS69RIeeniy1hfAzQDP6ONhveQyIVRPONQ23VGMSe7dA8aa6Dx7zoka1c7XB46GFhXShK862wb4UoyelN1Qn7NZeFqytC5TSn6_zT0ua5XEl5V1g/w133-h200/Um+di%25C3%25A1rio+do+ano+da+peste.jpg" width="133" /></a></div><div style="text-align: center;"><br /></div><span style="font-family: georgia;"><div style="text-align: center;"><br /></div></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">11.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Um diário do ano da peste</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Daniel Defoe</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Artes e Ofícios</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">12.<span style="white-space: pre;"> </span><b>O templo</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Stephen Spender</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">34</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIzJXDUNbovRAuhoGk3w724ginfVRwgYX-xEOC-ft4X8PbRXUm2sO64CgIpWtcK1KlLdAsqjNf1-bU7_BOe3xudB-0EEfJ8dHgIBErv4G2wEBQomYWn7zVkQbhIWCnw9-Jr5SYFB-Ccus/s2048/The+catalogue+of+shipwrecked+books.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1357" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIzJXDUNbovRAuhoGk3w724ginfVRwgYX-xEOC-ft4X8PbRXUm2sO64CgIpWtcK1KlLdAsqjNf1-bU7_BOe3xudB-0EEfJ8dHgIBErv4G2wEBQomYWn7zVkQbhIWCnw9-Jr5SYFB-Ccus/w133-h200/The+catalogue+of+shipwrecked+books.jpg" width="133" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">13.<span style="white-space: pre;"> </span><b>The catalogue of shipwrecked books</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Edward Wilson-Lee</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Scribner</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4H_FQ07wKs0uNZNrtrsljGgDXHF4BChQ840IDOB7biLFsK39g-7DDANhqvetdBvd8QKnOezLQH1gzEKuKQUJf0LY2G5FY7Al1MRAJEAkVInmiCwYg2cv7Udt7OmpGojqBCxNRUBlyrWQ/s800/Bernardine+Evaristo+-+Garota%252C+mulher%252C+outras_A.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4H_FQ07wKs0uNZNrtrsljGgDXHF4BChQ840IDOB7biLFsK39g-7DDANhqvetdBvd8QKnOezLQH1gzEKuKQUJf0LY2G5FY7Al1MRAJEAkVInmiCwYg2cv7Udt7OmpGojqBCxNRUBlyrWQ/s320/Bernardine+Evaristo+-+Garota%252C+mulher%252C+outras_A.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">14.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Garota, mulher, outras</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Bernardine Evaristo</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Companhia das Letras</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">15.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Kallocaína: romance do século XXI</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Karin Boye</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Carambaia </span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqU-VWAFIQ3B_eB4ya08Q_QMGAe43OKagh3N9up-aj5VUQ4Ycwa7z3GQpO04BhSiFKXqOvmsKiVrKFqAt9_4tvlizK6ue54lmVTgL8X6DemLHo8dB5yE1l_uIK_Z8r5dEeavD6__URXPQ/s1188/Sister+love.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1188" data-original-width="1188" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqU-VWAFIQ3B_eB4ya08Q_QMGAe43OKagh3N9up-aj5VUQ4Ycwa7z3GQpO04BhSiFKXqOvmsKiVrKFqAt9_4tvlizK6ue54lmVTgL8X6DemLHo8dB5yE1l_uIK_Z8r5dEeavD6__URXPQ/w200-h200/Sister+love.jpg" width="200" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">16.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Sister love: the Letters of Audre Lorde and Pat Parker 1974-1989</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Julie R. Enszer</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">A Midsummer Night Press</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">17.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Uma breve história das mentiras fascistas</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Federico Finchelstein</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Vestígio</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjAgKADELMiCtwe6eCjt-vs9MmcUKfFfHH-84fEY1wI6FLcgXKH8QAexuGJozNVAsX7XPjEajJVLacX8T76ku4g7DXP3AlPg_iP2eWs3p_drWRXHOgtJBOz6HggXUkp20K31txYGPweyg/s2048/N%25C3%25A3o+digam+que+estamos+mortos.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1413" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjAgKADELMiCtwe6eCjt-vs9MmcUKfFfHH-84fEY1wI6FLcgXKH8QAexuGJozNVAsX7XPjEajJVLacX8T76ku4g7DXP3AlPg_iP2eWs3p_drWRXHOgtJBOz6HggXUkp20K31txYGPweyg/w138-h200/N%25C3%25A3o+digam+que+estamos+mortos.jpg" width="138" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">18.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Não digam que estamos mortos</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Danez Smith</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Bazar do tempo</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">19.<span style="white-space: pre;"> </span><b>The complete Works of Pat Parker</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Julie R. Enszer</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">A Midsummer Night Press</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibdoqXEcNEe77Zq16ckDgqtOZxzePKmrwobmbRzwUkhBPNRHTUm30inyBP0pbGS5rYZjwojv1eMTrIbdMXncY8fiyHAhdrBvkFUI1Nw-ycRsj0vKp0PK3VWOJwg8Va7oPc_MF2IPN-3uE/s500/The+collected+poems+of+Audre+Lorde.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="330" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibdoqXEcNEe77Zq16ckDgqtOZxzePKmrwobmbRzwUkhBPNRHTUm30inyBP0pbGS5rYZjwojv1eMTrIbdMXncY8fiyHAhdrBvkFUI1Nw-ycRsj0vKp0PK3VWOJwg8Va7oPc_MF2IPN-3uE/w132-h200/The+collected+poems+of+Audre+Lorde.jpg" width="132" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">20.<span style="white-space: pre;"> </span><b>The collected poems of Audre Lorde</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Audre Lorde</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">W.W. Norton & Company</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">21.<span style="white-space: pre;"> </span><b>The selected Works of Audre Lorde</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Org. Roxane Gay</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">W.W. Norton & Company</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF53kC4S9ldvHcbV0POY0l64NeNlrWC6h1JtSoYuHd3vicV8K6RzCLLrJYCqFfPjZ5WE5w5BTtaXCttr85LIOL2Oc-o2hiUGEs0xQqgRVKFRveRaj-r-K81U6P6AbOVFyivpMSK72JOA4/s1345/Armadilha+da+identidade.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1345" data-original-width="900" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF53kC4S9ldvHcbV0POY0l64NeNlrWC6h1JtSoYuHd3vicV8K6RzCLLrJYCqFfPjZ5WE5w5BTtaXCttr85LIOL2Oc-o2hiUGEs0xQqgRVKFRveRaj-r-K81U6P6AbOVFyivpMSK72JOA4/w134-h200/Armadilha+da+identidade.jpg" width="134" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">22.<span style="white-space: pre;"> </span><b>Armadilha da identidade: raça e classe nos dias de hoje</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Asad Haider</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Veneta</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX8CdcmFBpa1XC48MBZ806Xl47H8WQRQ4Vlfr1Oyg_nF6rPaebgbswoYbiS5ZmtBOS-1S_HqPQmOFmJZbCvSSQwkhQuVJ-v4kZVPD10aDmKGKL4iL1zL8yI6eJa9rDCWbgfX7O63rjkB4/s830/Rupi-Kaur.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="520" data-original-width="830" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX8CdcmFBpa1XC48MBZ806Xl47H8WQRQ4Vlfr1Oyg_nF6rPaebgbswoYbiS5ZmtBOS-1S_HqPQmOFmJZbCvSSQwkhQuVJ-v4kZVPD10aDmKGKL4iL1zL8yI6eJa9rDCWbgfX7O63rjkB4/s320/Rupi-Kaur.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">23.<b> meu corpo minha casa</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Rupi Kaur</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Planeta</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">24.<b> Solitário</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Chaboutè</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Pipoca e Nanquin</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">25. </span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><b>Kawabata/Mishima - Correspondência 1945-1970</b></span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; text-align: left;">Kawabata/Mishima</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; text-align: left;">Estação Liberdade</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeYFFlc0OGFp9AjFJtQkcjy9olmrS6KHZR4okeR5J5R8k-u_FkCd9gTzrG4Pgx6E8hXsrIkxEBGyp0hP1m2SuxwYI6fgo-LeLp1KYLQUCZlxgA4qswdzsCrzoxeKhB9Qubcz8nlhgKyE0/s2048/Chico+Felitti.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1348" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeYFFlc0OGFp9AjFJtQkcjy9olmrS6KHZR4okeR5J5R8k-u_FkCd9gTzrG4Pgx6E8hXsrIkxEBGyp0hP1m2SuxwYI6fgo-LeLp1KYLQUCZlxgA4qswdzsCrzoxeKhB9Qubcz8nlhgKyE0/w132-h200/Chico+Felitti.jpg" width="132" /></a></div><br /><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; text-align: left;">26.<b> </b></span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><b>Ricardo e Vânia</b></span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Chico Felitti</span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Todavia</span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjs8DJGG_-qMol0rwbr9jno4q1-6CTX2j3P2fXosBw852H1ha6cYSIEff64W-_JMfYVvJj_ztMAf6C2qYogd6IQEaD1JiVmpH60TK3u0HfvbRbTwc0c2nHYWfmJsCQNDbWTSG8OVLYXCJ4/s740/valkirias-julia-w%25C3%25A4hmann.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="416" data-original-width="740" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjs8DJGG_-qMol0rwbr9jno4q1-6CTX2j3P2fXosBw852H1ha6cYSIEff64W-_JMfYVvJj_ztMAf6C2qYogd6IQEaD1JiVmpH60TK3u0HfvbRbTwc0c2nHYWfmJsCQNDbWTSG8OVLYXCJ4/s320/valkirias-julia-w%25C3%25A4hmann.png" width="320" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">27. <b>Manual da demissão</b></span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Julia </span></span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Julia Wähmann </span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Record</span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCefK2qmtZnmdPDer8O91geMcNET3gSco3z142BXrWVxguaEiMzdiHtMyVTWI4uiwqLxVQNywN7BmM7Ipl-dt0fzNg0qPrMrVCqtixYKonjCaj6pwv-yYNGuXePX7Lat-erI_En-p8D1A/s1229/suite+tokio.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1229" data-original-width="810" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCefK2qmtZnmdPDer8O91geMcNET3gSco3z142BXrWVxguaEiMzdiHtMyVTWI4uiwqLxVQNywN7BmM7Ipl-dt0fzNg0qPrMrVCqtixYKonjCaj6pwv-yYNGuXePX7Lat-erI_En-p8D1A/w132-h200/suite+tokio.jpg" width="132" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">28. <b>Suíte Tóquio</b></span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Giovana Madalosso</span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Todavia</span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVbs0Ngy9L6jjXJUTih_3BgoZd5wQ4GiKFYdy9l0rGTut1zMBQUK0s06NitT3lEgfRP1mrxlhFn0gLTcXMyIU6PCKhjNLxKAAPHqjP5z_HcknulGEFaBfhP6Vf3eiEv5wIqRzWs6D_C4g/s2048/herdeiras+do+mar.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1366" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVbs0Ngy9L6jjXJUTih_3BgoZd5wQ4GiKFYdy9l0rGTut1zMBQUK0s06NitT3lEgfRP1mrxlhFn0gLTcXMyIU6PCKhjNLxKAAPHqjP5z_HcknulGEFaBfhP6Vf3eiEv5wIqRzWs6D_C4g/w133-h200/herdeiras+do+mar.jpg" width="133" /></a></span></div><span style="text-align: left;"><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">29. <b>Herdeiras do Mar</b></span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Mary Lynn Bracht</span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Paralela</span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2OhCceoQH7IB3k1elY5L3Mh-WqoyryLtHo_L4e-d4a7s4QZvODADMWqrfH7O3K7qsZTuWx9NPEIi6HuCvGZLpC1GTaTFXqkQ6nNuS_6IrHFaWFfn3eQmQX-IePPziqYLHCFb49EOkflk/s499/Alison+Bechdel.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="333" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2OhCceoQH7IB3k1elY5L3Mh-WqoyryLtHo_L4e-d4a7s4QZvODADMWqrfH7O3K7qsZTuWx9NPEIi6HuCvGZLpC1GTaTFXqkQ6nNuS_6IrHFaWFfn3eQmQX-IePPziqYLHCFb49EOkflk/w134-h200/Alison+Bechdel.jpg" width="134" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">30. </span></span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><b>Are You My Mother?</b></span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Alison Bechdel</span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;">Mariner Books</span></span></p><br />Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-68536662091051119262020-12-15T00:00:00.011-03:002020-12-15T00:00:00.428-03:00Todas as cartas de Clarice Lispector<p> <span style="font-family: times; text-align: justify;">No Brasil, houve um tempo
em que os textos denominados de “escritas de si” não eram vistos como material
capaz de acessar a obra de escritores, escritoras, políticos e artistas em
geral, de forma a ajudar na compreensão da obra. Como raras exceções, tínhamos
a obra de Pedro Nava, </span><i style="font-family: times; text-align: justify;">O diário de Helena Morley</i><span style="font-family: times; text-align: justify;"> e o </span><i style="font-family: times; text-align: justify;">Quarto de
despejo: diário de uma favelada</i><span style="font-family: times; text-align: justify;">, de Carolina Maria de Jesus, por exemplo.
Embora se louvasse e batesse cabeça para a obra de Proust, Nava e Morley, quase
nunca se falava de Carolina Maria de Jesus. Por qual razão seria, caro
leitor?</span><span style="font-family: times; mso-spacerun: yes; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: times; mso-spacerun: yes; text-align: justify;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; line-height: 107%;">Felizmente, as coisas
mudaram (precisaram mudar lá fora primeiro, é claro) e hoje tem-se uma grande
quantidade de biografias, diários, autobiografias e cartas, que são fonte para
muitos pesquisadores. As escritas de si constituem-se como um reflexo da vida
daqueles que fazem o registro. Assim, pelo diário ou pelas cartas de um
escritor é possível compreender sua posição, bem como a posição da sua arte,
num determinado contexto sócio-histórico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLqV_PoTxEvH-SVVw8nzFMbiSxfvjqmhAoa5l_2Menf8JIzPDysfRuEwVL-h2Ze3b7IRv2bk_FFr8xCliOGzWbZuMylPsb9wbY586dSE-lNVXufflY33KfNWXxvJzp4blR3WeaR4af4Kg/s1000/Todas+as+cartas.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: times;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLqV_PoTxEvH-SVVw8nzFMbiSxfvjqmhAoa5l_2Menf8JIzPDysfRuEwVL-h2Ze3b7IRv2bk_FFr8xCliOGzWbZuMylPsb9wbY586dSE-lNVXufflY33KfNWXxvJzp4blR3WeaR4af4Kg/s320/Todas+as+cartas.jpg" /></span></a></div><span style="font-family: times;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: times;">Neste sentido, é bastante
oportuna a publicação de <i>Todas as cartas de Clarice Lispector</i> (2020),
pela editora Rocco. Concordamos como Teresa Monteiro que, ao prefaciar a obra
em questão, afirma que “<i>Todas as cartas </i>inaugura uma nova etapa na
bibliografia clariciana ao trazer um conjunto de praticamente meia centena de
cartas inéditas que abordam temas da mais alta relevância de seu itinerário
literário e biográfico. Por isso, sua publicação, justamente no centenário da
escritora, tem um significado especial para leitores, professores, biógrafos,
pesquisadores, editores e arquivos literários. <i>Todas as cartas</i> ratifica
o diálogo entre os três últimos e mostra o novo patamar que os arquivos
literários atingiram”.</span></div><span style="font-family: times;"><o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; line-height: 107%;">“Clarice viveu a maior
parte das décadas de 1940 e 1950 no exterior, de modo que escreveu bastante
neste período tanto para manter o afeto da família e dos amigos que deixara no
Brasil quanto para tratar da publicação dos seus livros. Isso apesar de afirmar
que “não sabia escrever cartas”, já que fugia das descrições características
das missivas de viagem. Sorte nossa, pois dessa forma suas cartas são tão
interessantes quanto o resto de sua produção escrita: um convite à reflexão e
um espelho de uma alma em permanente indagação sobre a condição humana”. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; line-height: 107%;">Além
de <i>Todas as cartas</i>, a editora Rocco também tem publicado <i>Todos os
contos</i> e <i>Todas as crônicas </i>da autora. <o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-72331776649919899912020-12-06T00:00:00.002-03:002020-12-06T00:00:03.033-03:00SISTER LOVE: AS CARTAS DE AUDRE LORDE E PAT PARKER 1974-1989<p style="text-align: justify;"> </p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrKI41Oma4YJGZhdshxYxgiYM7vSdDrYtgvqMi6ZyKI90iFRxjrZKbUJPHBt8XP5uMHMSqKmIbLEqVa-uRkRgUhoGHREXrBrdPVcsBExyMOkFTXFdSnCUGfoqbBx8eWKrIOaPTnTW-boo/s1188/Sister+love+capa.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" data-original-height="1188" data-original-width="745" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrKI41Oma4YJGZhdshxYxgiYM7vSdDrYtgvqMi6ZyKI90iFRxjrZKbUJPHBt8XP5uMHMSqKmIbLEqVa-uRkRgUhoGHREXrBrdPVcsBExyMOkFTXFdSnCUGfoqbBx8eWKrIOaPTnTW-boo/s320/Sister+love+capa.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: times;">Já circulava em português
brasileiro algumas traduções esparsas da obra de Audre Lorde (1934-1992) e Pat Parker
(1944-1989). No entanto, só recente mente é que se começou a traduzir e
publicar os trabalhos de Audre Lorde de forma mais efetiva. Entre vários já
publicados tem-se o </span><i style="font-family: times;">Sister outsider: essays & speeches</i><span style="font-family: times;">, de 1984,
considerado seu trabalho em prosa mais importante. No caso de Parker, o mercado
editorial brasileiro ainda não atentou para a falta de traduções da obra desta,
que é uma das mais importantes escritoras do século XX. Na postagem que se
segue, no entanto, não falaremos sobre a obra de Lorde nem de Parker, mas das
cartas que ambas trocaram no período de 1974 até 1989.</span></div><span style="font-family: times;"><o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times;">Sem tradução no Brasil, a
obra chama-se <i>Sister Love: The Letters of Audre Lorde and Pat Parker</i>,
publicada pela Sapphic Classics, no ano de 2018. A referida publicação só foi
possível devido ao apoio da filha de Parker, Anastasia Dunham-Parker-Brady e de
Elizabeth Lorde-Rollins e Jonathan Rollins, herdeiros de Lorde. O livro conta
com uma introdução de Mecca Jamilah Sullivan, e edição de Julie R. Enszer.
Sobre como surgiu a ideia da publicação das cartas das duas poetas, procedemos
à uma tradução livre daquilo que diz a editora. Tem-se:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times;">Quando encontrei
pessoalmente Marty Dunham (já tínhamos trocado e-mails), ela me falou sobre as
cartas entre Pat Parker e Audre Lorde. Ela disse que se tratava de uma
correspondência linda e que parte das cartas tinha sido lida em alguns eventos
em homenagem a Parker e Lorde. Fiquei intrigada. Na ocasião, ela não tinha
cópias para que eu pudesse ler. Dois anos depois, volteia a San Francisco, para
ajudar Marty a organizar o material de Parker para a Biblioteca Schlesinger e
para a pesquisa de preparação para a obra completa de Parker (The<i> Complete
Works of Pat Parker</i>). Uma das primeiras coisas que fiz foi ler essas cartas.
Eram mágicas. Encantadoras. Hipnotizantes. Estas cartas apresentam a
oportunidade para que os leitores possam vislumbrar os corações e mentes de
duas extraordinárias e talentosas poetas e escritoras. Tem sido um enorme
prazer dedicar tempo à essas cartas e editá-las neste livro.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times;">Parker e Lorde se
encontraram pela primeira vez em 1969, quando Lorde fazia um tour literário
pela Costa Oeste. Wendy Cadden, artista gráfica e membra do Women’s Press
Colective, as apresentou. Lorde tinha 35 anos de idade (nascida em 18 de
fevereiro de 1934) e Parker tinha 25 (nascida em 20 de janeiro de 1974). As 26
cartas dessa correspondência (27 ao todo, pois há uma última carta, de Lorde
para Marty Dunham) começam em outubro de 1974 após outra visita de Lorde à
Costa Oeste. A amizade de vinte e seis anos entre Parker e Lorde, que se conclui
com a morte de Parker, cobre os anos mais produtivos da produção poética e
intelectual das duas autoras.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: times;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMNoaz9hmvLzM9q4KIO2TbaYd_ppx3KnqLhI2eqzIfb3svAeFRAC-OXn3dihknx0skWkrbFvitHzAV4kFcj2ivxQDpZ7FWselU5Y2T4edjbX9nLOxjCMIyCIviSmCoqI-n85yHwLIYV2Y/s2048/Pat+Parker+the+complete+works.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="2048" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMNoaz9hmvLzM9q4KIO2TbaYd_ppx3KnqLhI2eqzIfb3svAeFRAC-OXn3dihknx0skWkrbFvitHzAV4kFcj2ivxQDpZ7FWselU5Y2T4edjbX9nLOxjCMIyCIviSmCoqI-n85yHwLIYV2Y/s320/Pat+Parker+the+complete+works.jpg" /></a></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: times;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: times;">Uma indicação da força da
amizade das duas poetas é a dedicatória de trabalhos de uma para a outra. O
poema de Parker “For Audre” (<i>The Complete Works of Pat Parker</i>, p.177)
captura a vibração da amizade entre ambas. Lorde dedicou à Parker sua coletânea
final <i>The Marvelous Arithmetics of Distance, </i>publicado postumamente em
1993, com as seguintes palavras: “Para minha irmã Pat Parker, poeta e camarada-em-armas
<i>In Memoriam</i>”. A coletânea inclui o poema “Girlfriend” (namorada), que
também capta algo do lúdico que havia entre elas, assim como o sentido da amizade
para Lorde. Esses poemas e cartas aludem à rica amizade entre estas duas poetas.
(Tradução minha da Nota da Editora, p. 115-116).</span></div><span style="font-family: times;"><o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: times;"> </span></o:p></span></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><p></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-83915455768167280282020-11-30T00:00:00.001-03:002020-11-30T00:00:02.306-03:00Só para maiores de cem anos, de Nicanor Parra<p> </p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times;">Publicado pela editora
34, com seleção e tradução de Joana Barossi e Cide Piquet, a antologia bilingue
de <i>Só para maiores de cem anos: antologia anti(poética)</i> (2018) é a
oportunidade para que o leitor brasileiro tenha uma visão geral da poesia e da
antipoesia de Nicanor Parra (1914-2018), considerado um dos maiores poetas do
nosso tempo. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: times;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtExrXVjhV-YbWORCqcwbM9BDb31TIP-4_zPCTl8A8dCq-CpsNobZi8qZDICr-jY9L1HH-x5sJwNUDekRvJxxSmHUnyC55E-hzct0Ns1qNrq7bV8zpSc37LKLc9l6nqpbqlkgwvXu_sPk/s2048/So+para+maiores+de+cem.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1375" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtExrXVjhV-YbWORCqcwbM9BDb31TIP-4_zPCTl8A8dCq-CpsNobZi8qZDICr-jY9L1HH-x5sJwNUDekRvJxxSmHUnyC55E-hzct0Ns1qNrq7bV8zpSc37LKLc9l6nqpbqlkgwvXu_sPk/s320/So+para+maiores+de+cem.jpg" /></a></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: times;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: times;">A antologia é composta de
poemas selecionados de livros do autor, que vão de 1954 até 1985. Trata-se de
uma belíssima seleção organizada da seguinte maneira: De<i> Poemas e antipoemas</i>
(1954), 13 poemas, <i>Versos de Salão</i> (1962), 18. Tem-se o poema
“Manifesto”, de 1963, De <i>Canções russas</i> (1967), 12 poemas, de <i>Obra
grossa</i> (1969), 20 poemas, de <i>Emergency poems</i> (1972), 05, de <i>Folhas
de Parra</i> (1985), 06 poemas. Ao todo, <i>Só para maiores de cem anos</i>
traz setenta e cinco poemas. A edição traz ainda um posfácio escrito por Joana
Barossi.</span></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times;">Nicanor Parra é o
principal nome da chamada antipoesia, a qual se constitui como uma poesia de
ruptura, que tem na essência da sua construção determinados elementos
linguísticos e culturais identificados com as classes populares. Ao optar por
esse tipo de informalidade poética, Parra afastou-se da forma tradicional de se
fazer poesia, isolando-se como referência entre seus pares. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times;">Um aspecto central da
produção de Parra, plenamente realizado na <i>antipoesia</i>, afirmam os
tradutores da obra, “passa pela inversão crítica das expectativas associadas ao
discurso poético elevado: “Os poetas baixaram do Olimpo”, diz um de seus poemas
mais famosos, “Manifesto”. Contra o poeta demiurgo, o poeta mortal e ordinário;
contra o poeta de salão, o poeta das ruas; contra o poeta cheio de si, o poeta
que ri de si mesmo; contra a poesia da lua, da donzela e das flores, a poesia
da tumba, do espirro e do sangue de nariz. Tal inversão se dá pela recusa dos
lugares-comuns da poesia lírica e da linguagem afetada, hermética ou livresca;
em seu lugar, o poeta utiliza a linguagem coloquial, a expressão natural, a
língua falada no dia a dia, ainda que não linear e atravessada por outros
registros, como por exemplo o do discurso religioso (via de regra com fins
satíricos)<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ou de extração surrealista,
outra marca do autor, sempre interessado em surpreender, confundir e até
importunar o leitor, tirando-o da posição confortável e passiva” (p.10-11).<br /><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEZu573N3jOGCvRiuvyInKesME3aSYDNMMVcyzIPqUhozL6I1kBf4VbONKnjjhwfg77C06Xlgu3SkCF0jiOkeuvXPIVgLSAKbCwwFqxd8uuQaGTYubuAvTHTbL8MGFPgxlML1hyphenhyphenZWTZ_E/s850/nicanor+parra.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: times;"><img border="0" data-original-height="850" data-original-width="846" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEZu573N3jOGCvRiuvyInKesME3aSYDNMMVcyzIPqUhozL6I1kBf4VbONKnjjhwfg77C06Xlgu3SkCF0jiOkeuvXPIVgLSAKbCwwFqxd8uuQaGTYubuAvTHTbL8MGFPgxlML1hyphenhyphenZWTZ_E/w199-h200/nicanor+parra.jpg" width="199" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: times;">Nicanor Parra<br /></span></td></tr></tbody></table><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times;"></span></span></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: times;">Eis a poesia de Nicanor
Parra, caro leitor, um poeta que conseguia construir versos como este sobre o
mar: “Este, menino, é o mar”. “Frente ao enorme senhor das batalhas” (p.25). E
este, que provoca o leitor, quando diz que: “Já que as árvores são apenas
móveis que se agitam/não mais que cadeiras e mesas em movimento perpétuo”
(p.37); ou ainda este, de 1957, mas bastante atual: “A polícia mata por matar”
(p.81). A antipoesia de Parra não o
impediu, é claro, de produzir grandes poemas líricos. No livro em questão, não
se pode passar ao largo, por exemplo, do poema “Defesa de Violeta Parra” (p.
133-138), quando diz: “Que te custa mulher árvore florida/Ergue-te de corpo e
alma do sepulcro/E faz estalar as pedras com tua voz/Violeta Parra”.</span></div><span style="font-family: times;"><o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: times;"><i><span style="line-height: 107%;">Só para maiores de cem
anos: antologia (anti)poética</span></i><span style="line-height: 107%;">, de Nicanor Parra, é
leitura indicada, na verdade, para todas as idades. Leiamos! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: times;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: times;"> </span></o:p></span></p><br /><p></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-748314998302650482020-11-13T14:53:00.002-03:002020-11-13T15:01:28.982-03:00CFCH aprova concessão de título Doutora Honoris Causa a Carolina de Jesus<p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge2rtjCeTOXsfkUDO2Lbd-0Fa4dXqFAR30QKUOZW5ccCBy5WW9obADjOE8mWjueG9r6K1EUe8XbsYLMSTCw2b5C87YeW-Gr0YuiBgdbpYD_YCbM0AiCfvOfuTYceA_lBGlR8Py8Z0HJfY/s829/Carolina.jpeg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="829" data-original-width="531" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge2rtjCeTOXsfkUDO2Lbd-0Fa4dXqFAR30QKUOZW5ccCBy5WW9obADjOE8mWjueG9r6K1EUe8XbsYLMSTCw2b5C87YeW-Gr0YuiBgdbpYD_YCbM0AiCfvOfuTYceA_lBGlR8Py8Z0HJfY/s320/Carolina.jpeg" /></a></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times;"><a href="http://www.cfch.ufrj.br/images/carolina_maria" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #336667; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration-line: none; vertical-align: baseline;" target="_blank">O</a><span face="Arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #666666;"> Conselho de Coordenação do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) aprovou por unanimidade, em sua 880ª reunião ordinária, realizada na última segunda (09/11), o título de </span><em style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Doutora honoris causa</em><span face="Arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #666666;"> à escritora Carolina Maria de Jesus. A homenagem póstuma foi sugerida pela Direção do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs) da UFRJ. O parecer é assinado pela Comissão Acadêmica do Conselho, composta pelos conselheiros Maria Muanis, Maria de Fátima Galvão, Jeane Alves da Silva, Miriam Krenzinger e Vantuil Pereira. </span></span></p><p style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; margin: 10px 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: times;">Na justificativa, a comissão destaca a relevância da escritora, nascida na década de 1910 e falecida em 1977, que é tema de 58 teses e dissertações nos últimos seis anos, de acordo com o <strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><a href="http://catalogodeteses.capes.gov.br/catalogo-teses/#!/" style="background: transparent; border: 0px; color: #336667; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration-line: none; vertical-align: baseline;" target="_blank">Portal da Capes</a>.</strong> As motivações apresentadas enfatizam ainda que Carolina Maria de Jesus é uma autora “fundamental na luta antirracista”, tendo enfrentado em vida “questões relacionadas ao que se denominou ‘racismo estrutural’ que, dentre as suas mais variadas formas de produzir o apagamento do negro da história nacional, procurou silenciar mulheres como Carolina Maria de Jesus como parte da produção da literatura brasileira”.</span></p><p style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; margin: 10px 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: times;">O documento afirma a importância da concessão do título honorífico pela necessária “reparação histórica do apagamento não de uma personalidade, mas de um segmento étnico que historicamente foi negado o lugar na cultura nacional”. Ainda de acordo com as justificativas apresentadas, o papel da Universidade, neste sentido, seria “não apenas no reconhecimento de injustiças do passado”, mas sobretudo, o da “construção de novas possibilidades e percursos para mulheres negras, cuja marca de subalternidade que alijou Carolina Maria de Jesus do espaço público e literário ainda precisa ser superada”. </span></p><p style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; margin: 10px 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: times;">O parecer da Comissão Acadêmica concorda com a concessão do título “pelo incentivo a pesquisas que visem a elevação de figuras nacionais representativas da cultura negra; a valorização de ações culturais, no campo de ensino e da extensão, que sigam na mesma direção”. Desta forma, os conselheiros reconhecem “o apagamento das figuras negras da memória nacional”, que contou com a colaboração das próprias instituições acadêmicas, e afirmam a necessidade de “reparação que se inicia no interior da Universidade e deverá se espraiar para a sociedade com a concessão do título de Doutora Honoris Causa para toda a sociedade”. </span></p><p style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; margin: 10px 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: times;">O parecer da Comissão Acadêmica do Conselho de Coordenação do CFCH será submetido ao Conselho Universitário (Consuni) para a concessão do título.</span></p><p style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; margin: 10px 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><a href="http://www.cfch.ufrj.br/images/parecer_comissao_academica_cfch_honoris_causa_carolina_de_jesus" style="background: transparent; border: 0px; color: #336667; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration-line: none; vertical-align: baseline;" target="_blank"><span style="font-family: times;">Clique aqui para ler o parecer da Comissão Acadêmica na íntegra.</span></a></strong></p><p style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; margin: 10px 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span face="Arial, sans-serif" style="color: #666666;"><span style="font-family: times;"><b><i>Disponível em:</i></b> http://www.cfch.ufrj.br/index.php/27-noticias/1388-cfch-aprova-concessao-de-titulo-doutora-honoris-causa-a-carolina-de-jesus</span></span></p><p style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #666666; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin: 10px 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><br /></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-26175489335405821742020-10-24T20:07:00.000-03:002020-10-24T20:07:22.013-03:00A poesia de Alejandra Pizarnik<p> </p><p><br /></p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWK0z0vmgVpq7w7lhnDMAzbtse9PYtMGt7seYmes26BAcT9Lc2RDhOYTaENDPZDEigSLFqrfl9pZherK8sqmlt8XlQyMXPZ1B_M2T3rO6mmiVkdy8CD6D0_ys1mFZKEm0tfBDbPdWnsUg/s1200/Alejandra+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="1200" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWK0z0vmgVpq7w7lhnDMAzbtse9PYtMGt7seYmes26BAcT9Lc2RDhOYTaENDPZDEigSLFqrfl9pZherK8sqmlt8XlQyMXPZ1B_M2T3rO6mmiVkdy8CD6D0_ys1mFZKEm0tfBDbPdWnsUg/w400-h266/Alejandra+foto.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alejandra Pizarnik<br /></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br />A poesia de Alejandra Pizarnik
(1936-1972) ainda não é conhecida do grande público do Brasil. Só recentemente
é que sua obra começou a ser traduzida para o português brasileiro, com edições
publicadas pela editora Relicário, em tradução de Davis Diniz. Com maestria, Pizarnik
transitou pela poesia e pela prosa, com a mesma desenvoltura. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Antes das
publicações da poesia de <i>Árvore de Diana </i>(2018) e <i>Os trabalhos e as
noites </i>(2018), apenas a narrativa <i>A condessa sangrenta </i>(2011) havia
sido publicada no Brasil. No caso, pela editora Tordesilhas, com tradução de Maria Paula Gurgel Ribeiro. Sobre a obra da poeta argentina, segue o texto "a cerimônia: os trabalhos e as noites, de Alejandra Pizarnik", de Ana Martins Marques, na apresentação do livro <i>Os trabalhos e as noites</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm;"><strong><span style="color: #333333;">* A
CERIMÔNIA</span></strong><span style="color: #333333;"><o:p></o:p></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 0cm; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><strong style="box-sizing: border-box;"><span style="color: #333333;">Ana
Martins Marques<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin: 0cm;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Promovendo uma inversão no título clássico de Hesíodo, Os
trabalhos e os dias, poema épico composto entre o final do século 8 e o começo
do século 7 a.C., Proust publicou, em 1896, Os prazeres e os dias, uma reunião
de contos e poemas de juventude. Outra é a inversão operada no belo título
deste livro de Alejandra Pizarnik, Os trabalhos e as noites.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">É possível que não haja melhor título para um livro de
poemas de Pizarnik, ou, talvez, para qualquer livro de poemas. Como indica o
verso de Emily Dickinson, “Good morning, Midnight!”, o poeta é trabalhador da
noite; seu labor é noturno, prefere o silêncio e a sombra.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Noite, silêncio, sombra são palavras-chave no vocabulário
da poesia de Pizarnik. Trata-se, aliás, de um vocabulário bastante restrito; os
poemas de Pizarnik giram em torno de um catálogo limitado de palavras e
imagens: pássaro, cinza, pedra, noite, alba, infância, vento, chuva, sombra,
silêncio, lilás… A partir de uma série reduzidíssima de elementos, Pizarnik
compõe, como num jogo combinatório, seus poemas quase sempre muito breves,
extremamente depurados, de uma terrível limpidez.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Alejandra Pizarnik nasceu Flora Pizarnik em 1936, em
Avellaneda, cidade localizada na área metropolitana de Buenos Aires. Era filha
de imigrantes russos judeus que haviam chegado à Argentina três anos antes. Seu
primeiro livro de poemas, La tierra más ajena (que assinou como Flora Alejandra
Pizarnik), foi publicado em 1955. A ele se seguiram La última inocencia, de
1956, e Las aventuras perdidas, de 1958. Em 1960, mudou-se para Paris, onde
viveria durante quatro anos e onde manteve contato com escritores como Julio
Cortázar e Octavio Paz, que escreveu uma introdução para seu livro seguinte,
Árvore de Diana (igualmente lançado pela Relicário Edições em tradução de
Davis Diniz).<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #333333;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzpX1s0CnNIYCy6Y5qqgwLFZJnjSBBg0Xt8RUWow20Ri2gAb8NNyhvVc7c6btm3Ou2S34MWyRxYvAxD9uCNoGNm_98RWn0sR_yt7VzNLxkAfYrVFtU4p08i1ryd8m-VPNpsIpvonq6bUk/s853/os-trabalhos-e-as-noites-capa.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="640" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzpX1s0CnNIYCy6Y5qqgwLFZJnjSBBg0Xt8RUWow20Ri2gAb8NNyhvVc7c6btm3Ou2S34MWyRxYvAxD9uCNoGNm_98RWn0sR_yt7VzNLxkAfYrVFtU4p08i1ryd8m-VPNpsIpvonq6bUk/s320/os-trabalhos-e-as-noites-capa.png" /></a></span></div><span style="color: #333333;"><br /><i>Os trabalhos e as noites</i> foi publicado em 1965, logo após
o retorno de Pizarnik à Argentina. O livro é dividido em três partes, indicadas
por números romanos. Ao contrário de Árvore de Diana, em que os poemas são
apenas numerados, nesse livro todos os poemas têm título.<o:p></o:p></span><p></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Encontram-se aqui vários dos elementos que marcam a
poética de Pizarnik: a extrema brevidade; poemas construídos em torno de um
número reduzido de palavras, quase sempre “nobres”, sem concessões ao
coloquialismo ou ao pop; a ausência quase total de lugares identificáveis,
referências históricas ou geográficas, cenas cotidianas; a atmosfera noturna (e
soturna); uma radical negatividade.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">É “NO”, afinal, a palavra única, com sua única sílaba,
que a “dama pequeníssima/moradora no coração de um pássaro”, no poema Relógio,
sai à alba para pronunciar. NO de “Não”; NO de “Noche”. O fascínio da
negatividade marca a poesia de Pizarnik, em que a morte, o silêncio, o
esquecimento, a sombra estão insistentemente presentes, em que a própria
ausência está presente, e deixa, tatuada, sua marca no espaço: o ar é “tatuado
por um ausente”, o lugar é “de ausências”, o silêncio fala, fala como a noite,
fala do que não é.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">É uma poética que não recusa o sujeito, ao contrário,
mas, ao mesmo tempo, mostra-o sempre cindido, deslocado, nunca coincidente
consigo mesmo: “entre mim e a que me creio” (lê-se no poema Invocações deste
livro); “Dei o salto de mim à alba” (lê-se no primeiro poema de Árvore de
Diana). Ou ainda partindo de si mesmo, como neste poema do livro Árvore de
Diana que poderia ser tomado quase como uma definição da poesia e de sua
relação com o sujeito que escreve: “explicar com palavras deste mundo/que
partiu de mim um barco levando-me”.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Essa espécie de despossessão do sujeito de si mesmo se
traduz frequentemente numa duplicação (de que são emblema os numerosos espelhos
que se encontram na poesia de Pizarnik) ou numa descoincidência entre o “eu” e
seu corpo, ou o “eu” e seu nome: “Eu deixei meu corpo junto à luz” (poema 1 de
Árvore de Diana). <o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Além do “eu”, encontramos na poesia de Pizarnik uma série
de personas, figuras nas quais frequentemente se identificaram figurações da
própria poeta: a viajante, a menina muda, a adormecida, a princesa na torre
mais alta, a pequena morta, a pequena esquecida, a silenciosa no deserto, além
de toda uma série de bonecas, manequins e náufragas... Entre essas personas
está Alice, a célebre personagem de Lewis Carroll, que aparece neste livro
explicitamente no poema Infância, e também se insinua em outros poemas da
autora, em especial em textos de sua última fase, por exemplo nas referências a
jardins e à rainha louca nos Textos de sombra, publicados postumamente.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Aliás, se a de Pizarnik é uma poética muito própria, ela
não se furta, no entanto, ao diálogo com outros textos e autores, o que se
revela neste livro nas muitas dedicatórias (a Eva Durrell, Cristina Campo,
Antonio Porchia, Jorge Gaitán Durán, Ivonne A. Bordelois, Théodore Fraenkel…),
nas epígrafes (de Quevedo e Cervantes) e em alguns títulos (além da relação com
Hesíodo no poema que dá nome ao livro, o título Os passos perdidos é
provavelmente uma alusão a Nadja, de André Breton, que segundo César Aira era o
livro preferido da autora, a ponto de ele sugerir que toda a poesia de Pizarnik
poderia ser vista como “uma Nadja em primeira pessoa, escrita por sua
personagem, não pelo autor”, como afirma César Aira na biografia Alejandra
Pizarnik).<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Em seu livro dedicado à poeta argentina, Aira critica
veementemente o uso, muito frequente na crítica, de epítetos como “a pequena
náufraga” ou “a menina extraviada” para se referir à autora. Se Pizarnik não
poupou metáforas autobiográficas em sua poesia, diz Aira, isso, no entanto,
“não é desculpa para usá-las contra ela, sobretudo porque ao fazê-lo se está
confundindo a poesia já feita e a poesia em vias de se fazer”. As figuras são
para Alejandra motor para a escrita, um modo de continuar fazendo poesia;
identificá-las à poeta já morta, diz Aira, impede a visão do seu processo de
escrita e é um modo de reduzi-la “a uma espécie de bibelô decorativo na estante
da literatura”.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Em Os trabalhos e as noites, essas figurações
autobiográficas dividem a cena da escrita com um “tu” insistente a que muitos
poemas do livro se dirigem. Um “tu” que parece oscilar entre alguém a quem o
poema se endereçaria (frequentemente num modo amoroso, muito acentuado neste
livro), o próprio enunciador, o leitor (que pela força do dêitico vem ocupar o
lugar daquele a quem o poema se destina) e o próprio poema.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">“Tu” é, aliás, a primeira palavra do primeiro texto do
livro Poema. Um “tu” que, aqui, parece referir-se ao próprio poema (o título
funcionando então como uma espécie de vocativo): “Tu fazes de minha vida/ esta
cerimônia demasiado pura”. A demanda/exigência de pureza parece atravessar a
escrita de Pizarnik, com seus versos concisos, rigorosos, reduzidos a uma
espécie de limpidez elementar: pedras preciosas. Que aqui essa exigência,
associada à vida, pareça “demasiada”, é indicativo do caráter sempre
problemático da relação entre literatura e vida, o que, no caso de Pizarnik,
adquire um viés trágico, se se leva em conta seu suicídio, em 1972, aos 36 anos.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">A tentação biográfica em que frequentemente recaem as
leituras de sua obra é compreensível: a morte está no centro da poesia de
Pizarnik. “O desejo de morrer é rei”, lê-se no segundo poema deste livro,
Revelações. Em Infância, “alguém entra na morte/com os olhos abertos/como Alice
no país do já visto”. E em Silêncios, a morte, “sempre ao lado”, é afinal
identificada à própria voz que fala no poema: “A morte sempre ao lado/Escuto
seu dizer/Só me ouço”. Em Os trabalhos e as noites, no entanto, a morte divide
a cena com o amor, ainda que ausente, ainda que apenas evocado ou lembrado…<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Nomear o ausente parece ser a tarefa, sempre malograda, a
que esta poesia se lança. Não por acaso, grande parte dos poemas gira em torno
da própria linguagem, e sua contraparte, o silêncio (numa dinâmica de
contrastes e inversões que também abarca outros pares na poesia de Pizarnik:
memória/olvido, morte/vida, presença/ausência, liberdade/prisão,
pássaro/gaiola...). O poema como cerimônia de nomeação (e como seu fracasso).
Recusando a bela formulação de Breton – Les mots font l’amour (As palavras não
fazem amor) –, Alejandra, que tanto bebeu do surrealismo, dirá, no poema
intitulado En esta noche, en este mundo, que “las palabras/ no hacen el amor/
hacen la ausencia/ si digo agua ¿beberé?/ si digo pan ¿comeré?”.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Essa dinâmica de presença/ausência, palavra/silêncio
encontra na poesia da autora, e em especial neste livro, uma imagem poderosa no
repetido elemento “muro”. O muro é superfície da escrita (e do desenho, ainda
que feito pelo tempo, como “a cor do tempo em um muro abandonado” no poema que
encerra este livro, como as fissuras que em Quarto só formam, em uma velha
parede, “rostos, esfinges/ mãos, clepsidras”...), mas também parece ser o
obstáculo contra o qual a linguagem se bate (“é muro é mero muro é mudo mira
morre”, lê-se no poema que toma seu título do poema anterior, A verdade desta
velha parede). No poema Madrugada (para além da noite, há neste livro muitas
alusões a essas horas de transição ou passagem entre o dia e a noite: a alba, o
crepúsculo, a madrugada...), é o próprio apagamento do “eu” que se identifica
ao apagamento da escrita, ao apagamento do poema escrito num muro:<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">[...]<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm;"><span style="color: #333333;">O vento e a
chuva me apagaram<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm;"><span style="color: #333333;">como a um
fogo, como a um poema<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm;"><span style="color: #333333;">escrito num
muro<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Numa entrevista, o poeta norte-americano Ben Lerner
afirma que o fracasso do poema em alcançar a margem direita da página é para
ele uma forma quase definidora do modo como a poesia faz com que a ausência
seja sentida como presença. Essa capacidade de presentificar a ausência pelo
vazio da página se faz sentir radicalmente nos brevíssimos poemas de Pizarnik:
a abertura de espaços em branco, a “aeração da página” (como diz Barthes do
haicai), o espaçamento em torno desses poemas sempre reduzidos parece funcionar
como materialização, presente, de algo ausente (desaparecido ou inexistente),
que os próprios poemas se esforçam por nomear.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">O que se oferece, aqui, a nós, leitores, nestas primeiras
edições brasileiras da poesia de Pizarnik, é, como no poema Em teu aniversário,
uma espécie de presente negativo, presente de ausências. Agora nossa solidão
não está só.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="color: #333333; font-size: 10pt;">*Texto de apresentação de <i>Os trabalhos e
as noites</i>, escrito para a edição da Relicário Edições (2018), por Ana Martins Marques. <br /></span></strong></p><br /><p></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-34536820088773889992020-10-20T12:06:00.000-03:002020-10-20T12:06:12.966-03:00Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus.<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKyZXRvcWryf4zgW-BXGFll8yBwFCuvpx2KsGQdls_OH9GbAJfucbRjNh2O8I_7IncILT_7zbXl0gdUnUHsKcyD-nsLATigi4beZ6lhs3pi1dEzrquvMZwLDuescob1gawzWXz___k8Z4/s960/CArolina+e+Livro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="960" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKyZXRvcWryf4zgW-BXGFll8yBwFCuvpx2KsGQdls_OH9GbAJfucbRjNh2O8I_7IncILT_7zbXl0gdUnUHsKcyD-nsLATigi4beZ6lhs3pi1dEzrquvMZwLDuescob1gawzWXz___k8Z4/w400-h300/CArolina+e+Livro.jpg" width="400" /></a></div><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O livro <i>Quarto de <a name="_Hlk53323382">despejo:
diário de uma favelada </a></i><span style="mso-bookmark: _Hlk53323382;">(1960)</span><i>,
</i>de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), faz 60 anos em 2020. Observadora
atenta da realidade nacional, Carolina tinha importantes percepções acerca da sociedade
brasileira, especificamente, sobre a cidade de São Paulo, os políticos e a
política. A primeira entrada no diário de Carolina data de 15 de julho. A
última, de 1 de janeiro de 1960. Como registro da atualidade do seu trabalho,
listamos 20 passagens retiradas do seu diário. <a name="_Hlk53747784"><o:p></o:p></a></span></p>
<span style="mso-bookmark: _Hlk53747784;"></span>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As citações (mantivemos a ortografia
original) constam da edição de 2014, da editora Ática. Assim, fazemos a
referência completa apenas na primeira citação. Nas demais, indicamos somente
as páginas<a name="_Hlk53747036">.</a> Vejamos o que diz Carolina sobre:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O espaço</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">1.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“...
eu classifico São Paulo assim: O Palácio, é a sala de visita. A Prefeitura é a
sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam lixo”.
(JESUS, 2014, p. 32). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">2.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">: “... Havia pessoas que nos visitava e
dizia: - Credo, para viver num lugar assim só os porcos. Isto aqui é o
chiqueiro de São Paulo” (p.35)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">3.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... e quando estou na favela tenho a
impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de
despejo... Estou no quarto de despejo, e o que está no quarto de despejo ou queima-se
ou joga-se no lixo” (p. 37). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">4.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Aquelas paisagens há de encantar os olhos
dos visitantes de São Paulo, que ignoram que a cidade mais afamada da América
do Sul está enferma. Com as suas ulceras. As favelas” (p.85).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Os políticos<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">5.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“E falamos de políticos. Quando uma
senhora perguntou-me o que acho do Carlos Lacerda, respondi concientemente: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Muito inteligente. Mas não tem inducação. É um político de cortiço. Um
agitador...” (p.15).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">6.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“O Brasil precisa ser dirigido por uma
pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende
a pensar no próximo, nas crianças” (p.29).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">7.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“E assim no dia 13 de maio de 1958 eu
lutava contra a escravatura – a fome” (p.32).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">8.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Eu quando estou com fome quero matar o
Jânio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o
afeto do povo pelos políticos” (p.33).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">9.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... O que o senhor Juscelino tem te
aproveitável é a voz. Parece um sabiá e a sua voz é agradável aos ouvidos. E
agora, o sabiá está residindo na gaiola de ouro que é o Catete. Cuidado sabiá,
para não perder esta gaiola, porque os gatos quando estão com fome contempla as
aves nas gaiolas. E os favelados são os gatos. Tem fome” (p.35).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">10.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... Quando um político diz nos seus
discursos que está ao lado do povo, que visa incluir-se na política para
melhorar nossas condições de vida pedindo o nosso voto prometendo congelar os
preços, já está ciente que abordando este grave problema ele vence nas urnas.
Depois divorcia-se do povo. Olha o povo com os olhos semi-cerrados. Com um
orgulho que fere a nossa sensibilidade” (p.38).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A política</span></b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">11.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... A democracia está perdendo os seus
adeptos. No nosso paiz tudo está enfraquecendo. O dinheiro é fraco. A
democracia é fraca e os políticos fraquíssimos. E tudo que está fraco, morre um
dia” (p.39).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">12.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Quem deve dirigir é quem tem capacidade.
Quem tem dó e amisade ao povo. Quem governa o nosso país é quem tem dinheiro,
quem não sabe o que é fome, a dor, e a aflição do pobre (...). Precisamos
livrar o paiz dos políticos açambarcadores” (p.39).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">13.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... De quatro em quatro anos muda-se os
políticos e não soluciona a fome, que tem a sua matriz nas favelas e as
sucursais nos lares dos operários” (p.40).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">14.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... Mas o povo não está interessado nas
eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos” (p.43).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">15.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Os políticos só aparece aqui no quarto de
despejo, nas épocas eleitorais” (p.45).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">16.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Vi os pobres sair chorando. E as lágrimas
dos pobres comove os poetas. Não comove os poetas de salão. Mas os poetas do
lixo, os idealistas das favelas, um expectador que assiste e observa as
trajédias que os políticos representam em relação ao povo” (p.53).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">17.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“O custo de vida faz o operário perder a
simpatia pela democracia” (p.112).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">18.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“... Quando eu fui almoçar fiquei nervosa
porque não tinha mistura. Comecei a ficar nervosa. Vi um jornal com o retrato
da deputada Conceição da Costa Neves, rasguei e puis no fogo. Nas epocas
eleitoraes ela diz que luta por nós” (p.113).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">19.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“O povo não sabe revoltar-se. Deviam ir no
Palacio do Ibirapuera e na Assembleia e dar uma surra nestes políticos
alinhavados que não sabem administrar o país” (p.129).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">20.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Você já viu um cão quando quer segurar a
cauda com a boca e fica rodando sem pegá-la? É igual o governo do Juscelino”
(p.134).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Uma das principais obras da literatura
brasileira, <i><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">Quarto de
despejo: diário de uma favelada</span></i>, de Carolina Maria de Jesus,
constitui-se <span style="color: black; mso-themecolor: text1;">como leitura
necessária não apenas para a compreensão do Brasil dos anos cinquenta, mas para
o Brasil que se vê ainda hoje, imerso em contradições e desigualdades sociais
extremas. Desta forma, em meio à liquidez do</span> século XXI, a leitura da
obra de Carolina Maria de Jesus impõe-se como indispensável e urgente, pois que
é um continuado e lancinante grito de alerta e denúncia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-82981336904664460672020-03-10T17:48:00.001-03:002020-03-10T17:48:31.721-03:00DISCURSO SOBRE O COLONIALISMO, POR AIMÉ CÉSAIRE<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Aimé Césaire (1913 –
2008) é um dos grandes nomes da poesia em língua francesa. Além da sua produção
poética, admirada por autores como<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>André
Breton e Benjamin Péret, também dedicou-se à produção de textos dramatúrgicos.
Juntamente com Léopold Sédar Senghor, Césaire foi criador do conceito de
“negritude”, o qual perpassa toda sua obra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK8FF_5YJDx1HXQTgojikOewUmDoaWuiTLJ9CWr2a5QHtDTgxBYyvidT61awV26kqzHsT5-Bt0QNhFdZCxUt9ofd5aiuszLT-X4iGofI3kw6dyxyI2Z0lI14Ue3T0-FBUZ5PgTeeYHPfs/s1600/Aim%25C3%25A9+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="495" data-original-width="900" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK8FF_5YJDx1HXQTgojikOewUmDoaWuiTLJ9CWr2a5QHtDTgxBYyvidT61awV26kqzHsT5-Bt0QNhFdZCxUt9ofd5aiuszLT-X4iGofI3kw6dyxyI2Z0lI14Ue3T0-FBUZ5PgTeeYHPfs/s400/Aim%25C3%25A9+foto.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aimé Césaire (1913 - 2008)</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Os processos de
colonização levados a cabo principalmente pela Europa ocidental, colonizadora e
colonialista, constituem-se, antes de qualquer coisa, como movimentos de
extrema violência genocida contra os povos que foram vítimas de tais processos.
A colonização, conforme Marc Ferro (1924 - ), em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A história das colonizações: das conquistas às independências – séculos
XIII a XX</i> (1994), é associada à ocupação de uma terra estrangeira, à sua
exploração agrícola, à instalação de colonos. Assim definido o termo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">colônia, </i>o fenômeno data da época grega
(...).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Sobre o conceito de
colonização, convém observar o que afirmam Silva & Silva em seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dicionário de conceitos históricos</i>
(2015). Dizem:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">(...) Colonização, mais que um
conceito, é uma categoria histórica, porque diz respeito a diferentes
sociedades e momentos ao longo do tempo. A ideia de colonização ultrapassa as
fronteiras do Novo Mundo: é um fenômeno de expansão humana pelo planeta, que desenvolve
a ocupação e o povoamento de novas regiões. Portanto, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">colonizar</i> está intimamente associado a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cultivar </i>e ocupar uma área nova, instalando nela uma cultura
preexistente em outro espaço. Assim sendo, a colonização em determinadas épocas
históricas foi realizada sobre espaços vazios, como é o caso das migrações
pré-históricas que trouxeram a espécie humana ao continente americano. Mas
desde que a humanidade se espalhou pelo mundo, diminuindo significativamente os
vazios geográficos, o tipo de colonização mais comum tem sido mesmo aquele<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>executado sobre áreas já habitadas, como a
colonização grega do Mediterrâneo, na Antiguidade, e a colonização do Novo
Mundo, na Idade Moderna. (SILVA & SILVA, 2015, P.67) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Assim sendo, o texto de
Césaire, traduzido para o português por Anísio Garcez Homem, e publicado pela
editora Letras Contemporâneas, mostra-se bastante atualizado, tendo em vista as
discussões que têm tomado campo no atual contexto sócio-histórico, político e
cultural, quando as potências imperialistas<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>desumanizam outros povos, com os sórdidos objetivos de lhe saquearem as
riquezas e impor sua cultura, destruindo a do outro. O importante para essas
potências é dar seguimento ao processo de colonização sob “novas” formas de
divisão, dominação e extermínio dos oprimidos, haja vista, o racismo, a
xenofobia e o avanço do fascismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPvZ36tZrBYRkf-kjutJVMhvhnOP3m6ihYO87Wyvvbbss7quMCWyTAA2TqDWKLDxiHqm_es828eT5npdZ9P7DoVKIlz1NegaMD-3LfYClTFo1jatpo9SE-znhZSJsJG9ii87d7oXojpWQ/s1600/Aim%25C3%25A9+Cesaire.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="321" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPvZ36tZrBYRkf-kjutJVMhvhnOP3m6ihYO87Wyvvbbss7quMCWyTAA2TqDWKLDxiHqm_es828eT5npdZ9P7DoVKIlz1NegaMD-3LfYClTFo1jatpo9SE-znhZSJsJG9ii87d7oXojpWQ/s400/Aim%25C3%25A9+Cesaire.jpg" width="256" /></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Césaire (2010, p. 15)
inicia seu discurso fazendo as seguintes afirmações: “ Uma civilização que se
mostra incapaz de resolver os problemas que suscita seu funcionamento é uma civilização
decadente”. E “Uma civilização que escolhe fechar olhos ante seus problemas
mais cruciais é uma civilização ferida”. E ainda: “Uma civilização que engana a
seus próprios princípios é uma civilização moribunda”. E segue, afirmando que “
o fato é que a civilização chamada “europeia”, a civilização “ocidental”, tal
como foi moldada por dois séculos de regime burguês, é incapaz de resolver os
dois principais problemas que sua existência originou: o problema do
proletariado e o problema colonial. Conforme Césaire: “Esta Europa, citada ante
o tribunal da “razão” e ante o tribunal da “consciência”, não pode
justificar-se; e se refugia cada vez mais em uma hipocrisia ainda mais odiosas,
porque tem cada vez menos probabilidade de enganar”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Mais adiante, Césaire
afirma que:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(...) a colonização desumaniza o homem mesmo o
mais civilizado; que a ação colonial, a empreitada colonial, a conquista
colonial, fundada sobre o desprezo do homem nativo e justificada por esse
desprezo, tende inevitavelmente a modificar aquele que a empreende; que o
colonizador, ao habituar-se a ver no outro a besta, ao exercitar-se em tratá-lo
como besta, para acalmar sua consciência, tende objetivamente em transformar-se
ele próprio em besta (...). (CÉSAIRE, 2010, p. 29)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Ao
longo do seu texto-discurso, Césaire coloca a palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">colonização</i> como sinônimo de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">coisificação</i>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">proletarização</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mistificação</i>. Ao contrário daquilo defendido pela Europa
colonizadora, os “progressos materiais” resultantes dos seus processos de
colonização são ínfimos quando comparado ao rastro de sangue e cheiro de morte
deixados pelo caminho. Falar em “progresso material ” sem considerar os danos e
as perdas humanas é desleal e criminoso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em
tempos de retrocesso político, o discurso de Césaire é oportuno para que cada
homem e mulher reflita sobre o demônio que lhes habita. Ao fazê-lo, poderá se
surpreender ao perceber que o mal não está tão longe quanto nos fazemos
acreditar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nas
palavras do autor:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">(...) as formas de atuar de Hitler
e do hitlerismo, revelar-lhe ao mui distinto, mui humanista, mui cristão
burguês do século XX que leva dentro de si um Hitler e que ignora que Hitler o
habita, que Hitler é seu demônio, que, se o vitupera, é por falta de lógica, e
que no fundo o que não é perdoável em Hitler não é o crime<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>contra o homem, não é a humilhação do homem
em si, senão o crime contra o homem branco, é a humilhação do homem, e haver
aplicado na Europa procedimentos colonialistas que até agora só concerniam aos
árabes da Argélia, aos coolies da Índia e aos negros da África. (CÉSAIRE, 2010,
p.23).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Assim
sendo, no decorrer do seu discurso sobre o colonialismo, Aimé Césaire
desconstrói ideias e posicionamentos impostos pelos colonizadores e que
reverberam até os dias de hoje, apontando o dedo para feridas que, por questões
óbvias, nunca vão sarar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Boa
leitura!<o:p></o:p></span></div>
<br />Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-82335511980204132942020-01-01T08:00:00.000-03:002020-01-01T08:00:00.141-03:00O QUE (RE)LER EM 2020<br />
<span style="line-height: 107%;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: 12pt;"><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Essa gente</span></b></span></span></div>
<span style="line-height: 107%;">
</span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Chico Buarque</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Companhia das Letras</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhABBa-P8wrOFC8yEVrF4wF61KddWChFV8K3mfRZdAVsvNb61wWTtKvs00Qty_cSdfKWSTbtvFKhOLdNoHWZ1FoR7VDHeZA61__29Ka9Xe26k2iI5gFsAWK60-Ab3PrtOIBsnRvfDI2hsc/s1600/essa+gente.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="333" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhABBa-P8wrOFC8yEVrF4wF61KddWChFV8K3mfRZdAVsvNb61wWTtKvs00Qty_cSdfKWSTbtvFKhOLdNoHWZ1FoR7VDHeZA61__29Ka9Xe26k2iI5gFsAWK60-Ab3PrtOIBsnRvfDI2hsc/s200/essa+gente.jpg" width="133" /></span></a></div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Só para maiores de cem anos</span></b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nicanor Parra</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora 34</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI8IsXctWSE4P3Q0meVvi8vZIQofnfRIe88WQFxC2acAVwP_ZEGKMf7h9WTszB2_uKJrSMKBHOdNn0_OgDX-c8pQ8QsGEFRxQNZugYJjKU9pAtLc9cGmaaAECQKWFOxZiSfVGZZZagDHI/s1600/nicanor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="336" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI8IsXctWSE4P3Q0meVvi8vZIQofnfRIe88WQFxC2acAVwP_ZEGKMf7h9WTszB2_uKJrSMKBHOdNn0_OgDX-c8pQ8QsGEFRxQNZugYJjKU9pAtLc9cGmaaAECQKWFOxZiSfVGZZZagDHI/s200/nicanor.jpg" width="134" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<b style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Pequeno manual antirracista</span></b></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Djamila Ribeiro</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Companhia das Letras</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTwKbbZiKPYQ0uOfjn45wjx52gGfbL7fsywUbQD5FVUS_V7Ec-hVHVz5lEnhrPErDULnwTTsULB4TRNv7XxFOraujap8e6G4SlIUqPG6mVr3UYmypjajwDK1-kPVE1D_M-sOKXNab_9DU/s1600/djamila.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="344" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTwKbbZiKPYQ0uOfjn45wjx52gGfbL7fsywUbQD5FVUS_V7Ec-hVHVz5lEnhrPErDULnwTTsULB4TRNv7XxFOraujap8e6G4SlIUqPG6mVr3UYmypjajwDK1-kPVE1D_M-sOKXNab_9DU/s200/djamila.jpg" width="137" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<span style="font-size: 12pt;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Jáder de Carvalho e o Nordeste: literatura,
jornalismo e região</b></span></span></span></div>
<span style="font-size: 12pt;">
</span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Fernando Cézar de Macedo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">EdUece</span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmAt-r9xhycvSvol1i4R0FMxBsdSqUfboJU4Uen311RxScjsYNvFMaHAxz4YMMT3reRHixpGZm_VIRcNF7zZ9R_4uubd53QKq30N0kcHyYY3vjWu8IjrRc_HwAZiUbowHfcIT2bbEUwsc/s1600/01.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1056" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmAt-r9xhycvSvol1i4R0FMxBsdSqUfboJU4Uen311RxScjsYNvFMaHAxz4YMMT3reRHixpGZm_VIRcNF7zZ9R_4uubd53QKq30N0kcHyYY3vjWu8IjrRc_HwAZiUbowHfcIT2bbEUwsc/s200/01.png" width="131" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div>
<span style="line-height: 107%;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Memória, Identidade e Literatura</b></span></span></span></div>
<span style="line-height: 107%;">
</span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Daniele Barbosa<span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">Bezerra</span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Valéria Maria de Oliveira Silva</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Francisco Wilton Moreira dos Santos</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Expressão Gráfica e Editora</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig5poJH-_T-wlroUpOt_Xug7EKwjcV1t9H5HtVblkcrLoqNQmj5P9NVNbLtLmMP3xXItJDcGzDehiQy2QmtUUmQAnQdUrYL828PLKOhIDOX8p3c_9r8Jld0jtJj23sFxN0ScRtGy8N9S8/s1600/Daniele.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="504" data-original-width="378" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig5poJH-_T-wlroUpOt_Xug7EKwjcV1t9H5HtVblkcrLoqNQmj5P9NVNbLtLmMP3xXItJDcGzDehiQy2QmtUUmQAnQdUrYL828PLKOhIDOX8p3c_9r8Jld0jtJj23sFxN0ScRtGy8N9S8/s200/Daniele.png" width="150" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-size: 12pt;">Necropolítica</span></b></span></span></div>
<span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">
</span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Achille Mbembe</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">N-1 edições</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRKzt1PqZ0jqv4-xijCtE3SfJYaKnRMEZLc7oqrr2U5DteEyQa5Xmm4TxR3mWswvZzyns49IrAUH-4vm4D1bVtjSgRjPpwmEbfGdH3zLyE276QcGoUCPKB_tfWJu-LGkw3pOMJQXgQuew/s1600/achille.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1003" data-original-width="708" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRKzt1PqZ0jqv4-xijCtE3SfJYaKnRMEZLc7oqrr2U5DteEyQa5Xmm4TxR3mWswvZzyns49IrAUH-4vm4D1bVtjSgRjPpwmEbfGdH3zLyE276QcGoUCPKB_tfWJu-LGkw3pOMJQXgQuew/s200/achille.jpg" width="140" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Memória e identidade</b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Joël Candau</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora Contexto</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimq6DdF9GfJWNkATx3UYebdKy9x_KbL4pZem-LxvF83lsspF8sUFwACn_jTkAjZ0P9RzHIm1nLX5DU_9uDgOAsqdaBo8EmZwtTeQWio1SamGXOd5YaINE8jqyFMiebT_bGU7CtG_lRBTo/s1600/joel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1438" data-original-width="1000" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimq6DdF9GfJWNkATx3UYebdKy9x_KbL4pZem-LxvF83lsspF8sUFwACn_jTkAjZ0P9RzHIm1nLX5DU_9uDgOAsqdaBo8EmZwtTeQWio1SamGXOd5YaINE8jqyFMiebT_bGU7CtG_lRBTo/s200/joel.jpg" width="138" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<span style="line-height: 107%;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Mulas</b></span></span></span></div>
<span style="line-height: 107%;">
</span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Luiz Taques</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora Kan</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYu3tU6QMT-79cW_FK5PocsbILWz4pa4RVytUuTm5rWa5npVyGHbK4tw0FVnlIOmK4Rk_uvO05zrW2chDm2eYlts4isBtPgOw_m_VtD5TehQCkcfLO0kVtDf3T15k72swSX1B3zpyV5NQ/s1600/mulas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="611" data-original-width="394" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYu3tU6QMT-79cW_FK5PocsbILWz4pa4RVytUuTm5rWa5npVyGHbK4tw0FVnlIOmK4Rk_uvO05zrW2chDm2eYlts4isBtPgOw_m_VtD5TehQCkcfLO0kVtDf3T15k72swSX1B3zpyV5NQ/s200/mulas.jpg" width="128" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Versos livres, como nós</b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Kinaya Black (a.k.a Gisele Sousa)</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora Letramento</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJICAkuQwooLJy99oRJztNagFEM8kvrHV_CR0cj7FZb-XjW4Z5lGsLcqR6pcxjQ8nWtW1MthhRmWqT7Hfk1BNKzq68_XwpgVJXrrjxFS6UWpKRtcc7xbT1lsR_NZsOFlnterwJ8ffR5No/s1600/gisele+sousa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1068" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJICAkuQwooLJy99oRJztNagFEM8kvrHV_CR0cj7FZb-XjW4Z5lGsLcqR6pcxjQ8nWtW1MthhRmWqT7Hfk1BNKzq68_XwpgVJXrrjxFS6UWpKRtcc7xbT1lsR_NZsOFlnterwJ8ffR5No/s200/gisele+sousa.jpg" width="133" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-size: 12pt;"><b>Memórias da plantação: episódios de
racismo cotidiano</b></span></span></span></div>
<span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">
</span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Grada Kilomba</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Cobogó</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLn8PxEwzjk3SwWQNKZ2hUJbok7xbs1S-31j00lkk5ihR92judPhk29IV3dfIU8B6H_BI1Rap3fvxAv2MKmg6b4BboolNyhVXQBmsg0LQs-9r1or_t8NYXIsx8KrASnEZRSME9yojrL38/s1600/grada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="333" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLn8PxEwzjk3SwWQNKZ2hUJbok7xbs1S-31j00lkk5ihR92judPhk29IV3dfIU8B6H_BI1Rap3fvxAv2MKmg6b4BboolNyhVXQBmsg0LQs-9r1or_t8NYXIsx8KrASnEZRSME9yojrL38/s200/grada.jpg" width="133" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>A cultura popular sertaneja:
literatura, oralidade e experiência em Juvenal Galeno</b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Manoel Carlos Fonseca de Alencar</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Appris editora</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq8_xmGzGYP1ngqj8fdf37sNlkON30zVAUX-RWjQUAAtyspJQQm4owxnw9p13iHidGFCwvfnP1NZ3y8yipd0eIIok_Iz0gGR20XYKwsWR6uBp5jQVvXkZMlgdsshNYWrX72FfBLMfkpyA/s1600/manoel+livro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="349" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq8_xmGzGYP1ngqj8fdf37sNlkON30zVAUX-RWjQUAAtyspJQQm4owxnw9p13iHidGFCwvfnP1NZ3y8yipd0eIIok_Iz0gGR20XYKwsWR6uBp5jQVvXkZMlgdsshNYWrX72FfBLMfkpyA/s200/manoel+livro.jpg" width="139" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Pavilhão Sete: presos políticos da
ditadura civil-militar</b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Airton de Farias</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Expressão Gráfica e Editora</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWjw2rDba3IaQCMWA0BPvBoxHllUYN275WXOtPQnDKTp-WRn_6e2XFbCdafYsR21fPSVqVYWTqBpHRrwTpLYzlLfP3x7C3DStrVybTzwvL3XNkCn_4r_qt0aSnqED7k2RPuBywB6viMjg/s1600/pavilhao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="609" data-original-width="437" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWjw2rDba3IaQCMWA0BPvBoxHllUYN275WXOtPQnDKTp-WRn_6e2XFbCdafYsR21fPSVqVYWTqBpHRrwTpLYzlLfP3x7C3DStrVybTzwvL3XNkCn_4r_qt0aSnqED7k2RPuBywB6viMjg/s200/pavilhao.jpg" width="143" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Eu, Tituba: bruxa negra de Salem</b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Maryse Condé</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Rosa dos tempos</span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLmJO-5qwuDLhfho0iIz8v87uSCybXJeseJ0zAhIdsdRNiPxt21c3yBoyfEPCR4PFQ5p7sxnJtkhxd0ZAqAwBaLlEarNHGZCHb-EqpVorGFnEAdLUxx-1oZWz0Dvwf4MJ0Wpt3UQGdDG8/s1600/tituba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="348" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLmJO-5qwuDLhfho0iIz8v87uSCybXJeseJ0zAhIdsdRNiPxt21c3yBoyfEPCR4PFQ5p7sxnJtkhxd0ZAqAwBaLlEarNHGZCHb-EqpVorGFnEAdLUxx-1oZWz0Dvwf4MJ0Wpt3UQGdDG8/s200/tituba.jpg" width="138" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<b style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Escravidão: do primeiro leilão de
cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares</b></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Laurentino Gomes</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Globo Livros</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6hk1aKyAV8YmzUYLyRBvLPzOJe5lcxo6L_PG4N7vo1ATI2vgqQZkd8M6B61RP5hQkh_p1YD-gNzJlR8dQdCke590fkgOHt4AEmi0YDzXDKmkGzeeTQFh6bkOzS6RLrYG8FIr_Ne0BHtw/s1600/escravidao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="240" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6hk1aKyAV8YmzUYLyRBvLPzOJe5lcxo6L_PG4N7vo1ATI2vgqQZkd8M6B61RP5hQkh_p1YD-gNzJlR8dQdCke590fkgOHt4AEmi0YDzXDKmkGzeeTQFh6bkOzS6RLrYG8FIr_Ne0BHtw/s200/escravidao.jpg" width="133" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>O silêncio das coisas: Herbert Rolim</b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Ana Cecília e Júnior Pimenta (Orgs.)</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora Reticências</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikqkCF0kL33KWcbc09Xc4t2Oe9M2SAwqIAf6J-ICVSB4bP-NJIaG55D-Qt6bF8Cb2qQzxd8TK_7q2GmV00dl9dXsTjqUwgmJI8zMc5m320BdTq5GqrdE5NLRu9WOp-DLR2DXGe0M-gl6M/s1600/herbert+rolim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="478" data-original-width="526" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikqkCF0kL33KWcbc09Xc4t2Oe9M2SAwqIAf6J-ICVSB4bP-NJIaG55D-Qt6bF8Cb2qQzxd8TK_7q2GmV00dl9dXsTjqUwgmJI8zMc5m320BdTq5GqrdE5NLRu9WOp-DLR2DXGe0M-gl6M/s200/herbert+rolim.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Enfim, capivaras</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Luisa Geisler</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora Seguinte</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1TxK8R2SIpqXyhZxciIP7bCNd4r6weUS327JetFz81B_l1v3C7MNSrTVQJzZRRhoJVt9bJdE6S2xGZ0v_yjOmBk6u3R1ADxScvp7bQ_pVeBX4zHs26kpECSGH4_sSgsT7fTuQQU1TMH0/s1600/capivaras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="333" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1TxK8R2SIpqXyhZxciIP7bCNd4r6weUS327JetFz81B_l1v3C7MNSrTVQJzZRRhoJVt9bJdE6S2xGZ0v_yjOmBk6u3R1ADxScvp7bQ_pVeBX4zHs26kpECSGH4_sSgsT7fTuQQU1TMH0/s200/capivaras.jpg" width="133" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>A origem dos outros</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Toni Morrison</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Companhia das Letras</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxTmevVaLvdki33pACpj9BtjdhmN6V9mOPr6NqAiHBaDdR8G8B4rOf-ctqSyAgIoLiS_4ZBaHbDYaCUJKZX7ensSJ2oHA7D4cJrlDmz5poYyPbFztSTcjEM4HrkPyiJK1VIT4fuiH49Ns/s1600/toni+morrison.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="445" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxTmevVaLvdki33pACpj9BtjdhmN6V9mOPr6NqAiHBaDdR8G8B4rOf-ctqSyAgIoLiS_4ZBaHbDYaCUJKZX7ensSJ2oHA7D4cJrlDmz5poYyPbFztSTcjEM4HrkPyiJK1VIT4fuiH49Ns/s200/toni+morrison.jpg" width="136" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Uma morte horrível</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Pénelope Bagieu</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nemo</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_c4raWxJ6MfSn7UrS2d6r8U6ZWOq40vRBRQV55uh2vgyaR39lIa1x6y4WFKB9n-4n5KmUEVjoEAxWNGWI9w04e4xNgER_A0SHp7J2JHkaP7J0QqbX6d8PfUOb7STcj-xAoU7S-E612hU/s1600/penelope.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="348" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_c4raWxJ6MfSn7UrS2d6r8U6ZWOq40vRBRQV55uh2vgyaR39lIa1x6y4WFKB9n-4n5KmUEVjoEAxWNGWI9w04e4xNgER_A0SHp7J2JHkaP7J0QqbX6d8PfUOb7STcj-xAoU7S-E612hU/s200/penelope.jpg" width="138" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Rugas</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Paco Roca</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Devir Livraria</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV7jmCdFb59IldE2432jaXRpEn-qO4J1GsF1duGTEQX5pTgPJ4N8V-0WuCzD1CWjQ8bxCWxBhwFJpQtmKVB6oFklya5gOdNaURyXZ1a8QYCSMF9UJYUIDmaTiEQZ-EajquIByaH1OELBI/s1600/rugas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1166" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV7jmCdFb59IldE2432jaXRpEn-qO4J1GsF1duGTEQX5pTgPJ4N8V-0WuCzD1CWjQ8bxCWxBhwFJpQtmKVB6oFklya5gOdNaURyXZ1a8QYCSMF9UJYUIDmaTiEQZ-EajquIByaH1OELBI/s200/rugas.jpg" width="145" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>O perigo de uma história única</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Chimamanda Ngozi Adichie</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Companhia das Letras</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiffEq4EaxItA5gNaYcg3JkF1-Mr1pl3pEsJ_lHsbAJxWP3PpcvC5GE_iXOt0-3wCynw37AOZ8JRFoUj7c2wleqdG54KaRmOWrPiL4glc3u5rxbOvGwGoLEfpIfOMcdzvyZAu0cvNvMQbM/s1600/perigo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="344" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiffEq4EaxItA5gNaYcg3JkF1-Mr1pl3pEsJ_lHsbAJxWP3PpcvC5GE_iXOt0-3wCynw37AOZ8JRFoUj7c2wleqdG54KaRmOWrPiL4glc3u5rxbOvGwGoLEfpIfOMcdzvyZAu0cvNvMQbM/s200/perigo.jpg" width="137" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Ninguém nasce herói</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Eric Novello</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora Seguinte</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3VprAuLmJ9XHwx2QbI7-3d0ytYUjhM3hRGU9SoTf_uWbN8XJHPR2GUu1Wn3u5HVz32ynF7Vv3VATYjKK9W9GFzflRqt9Myjbo3vdZ-D-aEq8NX1gsgt4jPXZVnKrrZETX2eor4GXvzkU/s1600/eric.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="333" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3VprAuLmJ9XHwx2QbI7-3d0ytYUjhM3hRGU9SoTf_uWbN8XJHPR2GUu1Wn3u5HVz32ynF7Vv3VATYjKK9W9GFzflRqt9Myjbo3vdZ-D-aEq8NX1gsgt4jPXZVnKrrZETX2eor4GXvzkU/s200/eric.jpg" width="133" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Suicidas</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Rapahel Montes</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Companhia das Letras</span></div>
</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5Y6vas8dJbaH1LcBtSsp7bNHHiUI2zeriTMSbOvugHxVNi12Klac9h9ka3qVo0VXb6DGTmGyb8lqHNh-fvSHuSIj7u0kSU9HPKYb65MY-nlvTrbnW9agyky9JSMUe-ikBZVi4OX5EB3s/s1600/suicidas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="389" data-original-width="272" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5Y6vas8dJbaH1LcBtSsp7bNHHiUI2zeriTMSbOvugHxVNi12Klac9h9ka3qVo0VXb6DGTmGyb8lqHNh-fvSHuSIj7u0kSU9HPKYb65MY-nlvTrbnW9agyky9JSMUe-ikBZVi4OX5EB3s/s200/suicidas.jpg" width="139" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Circe</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Madeline Miller</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora Planeta</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNotH8R6asAxJRSBYCKJdE2ZS3cNBehEDOckOJLCRQ-x4-ujecBn61piC92glJJzeoOKXAjJcMD4mA-oZ56naJn9CM50ord34l5IzajsnJ9RiylnODl0r9Hy5FqbFZCGD2X6RqI-bMKv0/s1600/circe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="342" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNotH8R6asAxJRSBYCKJdE2ZS3cNBehEDOckOJLCRQ-x4-ujecBn61piC92glJJzeoOKXAjJcMD4mA-oZ56naJn9CM50ord34l5IzajsnJ9RiylnODl0r9Hy5FqbFZCGD2X6RqI-bMKv0/s200/circe.jpg" width="136" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif;"><b>Fascismo Eterno</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif;">Umberto Eco</span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora Record</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyKTJ7t_aubc7kF8tj-LStUhCqFS_QwUo0M05PeRYm-qRC651vildKObQk5a_f_vBl16vZ55PZswbxBvkxMimhPGuzseu3onbeZl1i5GVrWdDBxCUXjqKyfyoXU2_qKVS2vToVzQyAGGs/s1600/Fascismo+Eterno.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="326" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyKTJ7t_aubc7kF8tj-LStUhCqFS_QwUo0M05PeRYm-qRC651vildKObQk5a_f_vBl16vZ55PZswbxBvkxMimhPGuzseu3onbeZl1i5GVrWdDBxCUXjqKyfyoXU2_qKVS2vToVzQyAGGs/s200/Fascismo+Eterno.jpg" width="130" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;">Fascismo: um alerta</b><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Madeleine Albright</span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Editora Crítica</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpvekh3e56Hc9SHBljCMfnHGrR8hg_low-9m_PmzlcQtL0hAmDRMlrKowaQUJ0dgaaXK6YuPzKqXz-uXzQEq2jHqMENmfDLQSysj2Nbq18eKswpWNAUJ6js-W0ox_ceXvKGGSPejnw0qE/s1600/fascismo+um+alerta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="346" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpvekh3e56Hc9SHBljCMfnHGrR8hg_low-9m_PmzlcQtL0hAmDRMlrKowaQUJ0dgaaXK6YuPzKqXz-uXzQEq2jHqMENmfDLQSysj2Nbq18eKswpWNAUJ6js-W0ox_ceXvKGGSPejnw0qE/s200/fascismo+um+alerta.jpg" width="138" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
</div>
</div>
</div>
Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-6257752820479731382019-10-08T15:43:00.001-03:002019-10-08T15:43:16.117-03:00Carlos de Assumpção: Protesto, um filme de Alberto Pucheu<br />
<b>Alberto Pucheu</b><br />
<b>26 de setembro de 2019</b><br />
<br />
<div class="desc-single" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #1a1a1a; font-family: merriweatherregular; font-size: 14px; position: relative;">
<div style="box-sizing: inherit; color: #333333; font-size: 15px; line-height: 1.5; margin-bottom: 16px; max-width: 100%; text-align: justify; width: 650px;">
Pesquisando para compor, a convite de Daysi Bregantini, a revista CULT <a href="https://www.cultloja.com.br/produto/antologia-poetica" style="background-color: transparent; border-bottom: 0.0625rem solid rgb(220, 220, 220); box-sizing: inherit; color: #005689; text-decoration-line: none; transition: all 0.2s ease-in-out 0s;">Antologia Poética</a>, no dia 2 de junho, cheguei, pelo Youtube, ao poema “Protesto”, de Carlos de Assumpção, falado por ele mesmo em gravação caseira. Fiquei inteiramente impactado por aquele poema grandioso lido daquela forma igualmente grandiosa por aquele poeta, que eu desconhecia completamente. Na mesma hora, incluí-o na revista, postei o link – para poder divulgá-lo – e comecei a procurar seus livros, tarefa das mais árduas.</div>
<div style="box-sizing: inherit; color: #333333; font-size: 15px; line-height: 1.5; margin-bottom: 16px; max-width: 100%; text-align: justify; width: 650px;">
Com ajuda de Marta Resende, acabei por encontrar um deles; depois, vieram os outros. Minha surpresa se deu ainda pelo fato de inúmeros poetas, professores e críticos com quem me relaciono tampouco o conhecerem. Depois, descobri que ele e seu poema “Protesto” eram conhecidos, sobretudo, pelas pessoas mais velhas participantes do movimento negro e por alguns poetas negros subsequentes. Quem era aquele poeta, de 92 anos, negro, desconhecido por mim e pela grande maioria das pessoas, mesmo das que lidam diretamente com poesia? Consegui contatá-lo e, no dia 19 de julho, eu e minha companheira, a poeta Danielle Magalhães, estávamos na casa dele. Filmamos nossas conversas com esse imenso poeta por três dias, para fazer o que viria a ser “Carlos de Assumpção: Protesto”, que, com o apoio da mesma revista CULT, disponibilizamos agora para ser visto. De volta da viagem à Franca até dia 6 de agosto, editei incessantemente o filme.</div>
<div style="box-sizing: inherit; color: #333333; font-size: 15px; line-height: 1.5; margin-bottom: 16px; max-width: 100%; text-align: justify; width: 650px;">
Por generosidade do cineasta e produtor de cinema Cavi Borges, fomos convidados por ele a passar duas sessões do filme, no dia 30 de agosto, em uma pequena sala do Estação Net Botafogo. No dia 13 de agosto, com alguma sorte, por indicação de Eucanaã Ferraz, Marco Rodrigo Miranda Almeida, jornalista da Ilustríssima, da Folha de S.Paulo, me procurou para que eu escrevesse sobre <a href="https://revistacult.uol.com.br/home/uma-homenagem-ao-centenario-do-poeta-manoel-de-barros/" style="background-color: transparent; border-bottom: 0.0625rem solid rgb(220, 220, 220); box-sizing: inherit; color: #005689; text-decoration-line: none; transition: all 0.2s ease-in-out 0s;">Manoel de Barros</a>. Em um congresso em Aracaju, eu não tinha como atender a solicitação, mas contrapropus um texto sobre Carlos de Assumpção, a quem vinha me dedicando e tinha o firme propósito em torná-lo conhecido por um público maior, que foi logo aceita. Marco ainda enviou Ricardo Benichio para fotografar o poeta, que tirou fotografias lindíssimas dele. A repercussão do <a href="https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/09/conheca-o-poeta-negro-de-92-anos-comparado-a-drummond-e-joao-cabral.shtml" style="background-color: transparent; border-bottom: 0.0625rem solid rgb(220, 220, 220); box-sizing: inherit; color: #005689; text-decoration-line: none; transition: all 0.2s ease-in-out 0s;">texto na Folha</a> foi muito maior do que eu, ao partir para fazer o filme com ele poucos meses antes, poderia sonhar. No dia seguinte à publicação da matéria, uma grande editora me ligou, querendo publicá-lo em março de 2020, e o contrato com ele está em vias de ser assinado.</div>
<div style="box-sizing: inherit; color: #333333; font-size: 15px; line-height: 1.5; margin-bottom: 16px; max-width: 100%; text-align: justify; width: 650px;">
Voltamos à Franca para passar o filme para ele, seus amigos e admiradores nos dias 14 e 15 de setembro, em sessões muito comoventes. No domingo, dia 15, saiu no jornal da cidade, Comércio, uma matéria intitulada “Carlos de Assumpção, o filme”. No momento, em uma de minhas turmas de Teoria Literária na UFRJ, venho estudando, com os alunos, a poesia de Carlos de Assumpção. A convite de alguns professores, o filme tem sido passado algumas vezes, neste mês, na Faculdade de Letras. Tenho recebido convites para passar o filme em centros culturais, bibliotecas etc. Saibam, entretanto, que não se trata de maneira alguma de um filme de cineasta, mas de um filme amador, de um apaixonado pela poesia, de um poeta, de um professor, de um crítico literário. Nesses filmes que tenho feito, meu objetivo é tanto resguardar a memória de poetas, guardá-las em conversa e falando seus poemas, quanto, na medida do possível, intervir em nosso meio de poesia e, se possível, para além dele. Assista o documentário na íntegra abaixo:</div>
<div style="box-sizing: inherit; color: #333333; font-size: 15px; line-height: 1.5; margin-bottom: 16px; max-width: 100%; width: 650px;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="473" src="https://www.youtube.com/embed/HQrg4OwL2qM?feature=oembed" style="box-sizing: inherit; margin-bottom: 0px; max-width: 100%; vertical-align: middle;" width="840"></iframe></div>
<hr style="background-color: #d1d1d1; border: 0px; box-sizing: content-box; height: 1px; margin: 0px 0px 1.75em;" />
<div style="box-sizing: inherit; color: #333333; font-size: 15px; line-height: 1.5; margin-bottom: 16px; max-width: 100%; width: 650px;">
<b><span style="box-sizing: inherit; font-family: merriweatherbold !important;">Alberto Pucheu</span> é poeta e professor de Teoria Literária na UFRJ. Publicou, entre outros, de <span style="box-sizing: inherit; font-family: merriweatheritalic;">Que porra é essa – poesia?</span>, <span style="box-sizing: inherit; font-family: merriweatheritalic;">A fronteira desguarnecida</span> e <span style="box-sizing: inherit; font-family: merriweatheritalic;">Para que poetas em tempos de terrorismo?</span></b></div>
<div style="box-sizing: inherit; color: #333333; font-size: 15px; line-height: 1.5; margin-bottom: 16px; max-width: 100%; width: 650px;">
<b><i>Disponível em:</i></b> <a href="https://revistacult.uol.com.br/home/carlos-de-assumpcao-protesto/" style="font-size: 14px;">https://revistacult.uol.com.br/home/carlos-de-assumpcao-protesto/</a></div>
<div class="at-below-post addthis_tool" data-url="https://revistacult.uol.com.br/home/carlos-de-assumpcao-protesto/" style="box-sizing: inherit;">
</div>
</div>
<div class="comments-single" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #1a1a1a; font-family: montserratregular, Georgia, serif; font-size: 13px; margin-top: 44px;">
<div class="comments-area" id="comments" style="box-sizing: inherit; margin: 0px 57.6875px 3.5em;">
<div class="comment-respond" id="respond" style="background-color: #f2f2f2; box-sizing: inherit; padding: 22px 48px 30px !important;">
</div>
</div>
</div>
Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-53999858557454288392019-09-27T21:11:00.001-03:002019-09-27T21:12:32.332-03:00POESIA NÃO É UM LUXO, DE AUDRE LORDE<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<v:shapetype coordsize="21600,21600" filled="f" id="_x0000_t75" o:preferrelative="t" o:spt="75" path="m@4@5l@4@11@9@11@9@5xe" stroked="f">
<v:stroke joinstyle="miter">
<v:formulas>
<v:f eqn="if lineDrawn pixelLineWidth 0">
<v:f eqn="sum @0 1 0">
<v:f eqn="sum 0 0 @1">
<v:f eqn="prod @2 1 2">
<v:f eqn="prod @3 21600 pixelWidth">
<v:f eqn="prod @3 21600 pixelHeight">
<v:f eqn="sum @0 0 1">
<v:f eqn="prod @6 1 2">
<v:f eqn="prod @7 21600 pixelWidth">
<v:f eqn="sum @8 21600 0">
<v:f eqn="prod @7 21600 pixelHeight">
<v:f eqn="sum @10 21600 0">
</v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:formulas>
<v:path gradientshapeok="t" o:connecttype="rect" o:extrusionok="f">
<o:lock aspectratio="t" v:ext="edit">
</o:lock></v:path></v:stroke></v:shapetype><v:shape id="Imagem_x0020_1" o:spid="_x0000_s1026" style="height: 179.25pt; left: 0; margin-left: 216.9pt; margin-top: 174.55pt; mso-height-percent: 0; mso-height-percent: 0; mso-height-relative: margin; mso-position-horizontal-relative: margin; mso-position-horizontal: absolute; mso-position-vertical-relative: margin; mso-position-vertical: absolute; mso-width-percent: 0; mso-width-percent: 0; mso-width-relative: margin; mso-wrap-distance-bottom: 0; mso-wrap-distance-left: 9pt; mso-wrap-distance-right: 9pt; mso-wrap-distance-top: 0; mso-wrap-style: square; position: absolute; text-align: left; visibility: visible; width: 257.35pt; z-index: 251661312;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/ADMINI~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image001.png">
<w:wrap anchorx="margin" anchory="margin" type="square">
</w:wrap></v:imagedata></v:shape><v:shape id="Imagem_x0020_1" o:spid="_x0000_s1026" style="height: 179.25pt; left: 0; margin-left: 216.9pt; margin-top: 174.55pt; mso-height-percent: 0; mso-height-percent: 0; mso-height-relative: margin; mso-position-horizontal-relative: margin; mso-position-horizontal: absolute; mso-position-vertical-relative: margin; mso-position-vertical: absolute; mso-width-percent: 0; mso-width-percent: 0; mso-width-relative: margin; mso-wrap-distance-bottom: 0; mso-wrap-distance-left: 9pt; mso-wrap-distance-right: 9pt; mso-wrap-distance-top: 0; mso-wrap-style: square; position: absolute; text-align: left; visibility: visible; width: 257.35pt; z-index: 251661312;" type="#_x0000_t75"><br /></v:shape></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<v:shapetype coordsize="21600,21600" filled="f" id="_x0000_t75" o:preferrelative="t" o:spt="75" path="m@4@5l@4@11@9@11@9@5xe" stroked="f">
<v:stroke joinstyle="miter">
<v:formulas>
<v:f eqn="if lineDrawn pixelLineWidth 0">
<v:f eqn="sum @0 1 0">
<v:f eqn="sum 0 0 @1">
<v:f eqn="prod @2 1 2">
<v:f eqn="prod @3 21600 pixelWidth">
<v:f eqn="prod @3 21600 pixelHeight">
<v:f eqn="sum @0 0 1">
<v:f eqn="prod @6 1 2">
<v:f eqn="prod @7 21600 pixelWidth">
<v:f eqn="sum @8 21600 0">
<v:f eqn="prod @7 21600 pixelHeight">
<v:f eqn="sum @10 21600 0">
</v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:formulas>
<v:path gradientshapeok="t" o:connecttype="rect" o:extrusionok="f">
<o:lock aspectratio="t" v:ext="edit">
</o:lock></v:path></v:stroke></v:shapetype><v:shape id="Imagem_x0020_1" o:spid="_x0000_s1026" style="height: 179.25pt; left: 0; margin-left: 216.9pt; margin-top: 174.55pt; mso-height-percent: 0; mso-height-percent: 0; mso-height-relative: margin; mso-position-horizontal-relative: margin; mso-position-horizontal: absolute; mso-position-vertical-relative: margin; mso-position-vertical: absolute; mso-width-percent: 0; mso-width-percent: 0; mso-width-relative: margin; mso-wrap-distance-bottom: 0; mso-wrap-distance-left: 9pt; mso-wrap-distance-right: 9pt; mso-wrap-distance-top: 0; mso-wrap-style: square; position: absolute; text-align: left; visibility: visible; width: 257.35pt; z-index: 251661312;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/ADMINI~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image001.png">
<w:wrap anchorx="margin" anchory="margin" type="square">
</w:wrap></v:imagedata></v:shape><span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A
qualidade da luz pela qual escrutinamos nossas vidas tem impacto direto sobre o
produto que vivemos, e sobre as mudanças que esperamos trazer por essas vidas.
É dentro dessa luz que nós formamos aquelas ideias pelas quais alcançamos nossa
mágica e a fazemos realizada. Isso é poesia como iluminação, pois é pela poesia
que nós damos nome àquelas ideias que estão – até o poema – inominadas e
desformes, ainda por nascer, mas já sentidas. Essa destilação da experiência da
qual brota poesia verdadeira pare pensamento como sonho pare conceito, como
sentimento pare ideia, e conhecimento pare (precede) entendimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Conforme nós aprendemos a sustentar a
intimidade do escrutínio e florescer dentro dela, conforme aprendemos a usar os
produtos daquele escrutínio para poder dentro de nossa vida, aqueles medos que
comandam nossas vidas e formam nossos silêncios começam a perder o controle
sobre nós.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Para cada de nós como mulheres, há um
lugar escuro por dentro, onde escondido e crescendo nosso espírito verdadeiro
se ergue, “lindo / e firme como uma castanha / opondo-se colunar ao (v)nosso
pesadelo de fraqueza”<a href="file:///C:/Users/Administrator/Desktop/Poesia%20n%C3%A3o%20%C3%A9%20um%20luxo%20-%20Audre%20lorde.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
e impotência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Esses lugares de possibilidade dentro
de nós são escuros porque são ancestrais e escondidos; eles sobreviveram e
cresceram fortes através daquela escuridão. Dentro desses lugares profundos,
cada uma de nós mantém uma reserva incrível de criatividade e poder, de emoção
e sentimento não examinado e não registrado. O lugar de poder de mulher dentro
de cada uma de nós não é branco nem superfície; é escuro, é ancestral, e é
profundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Quando vemos a vida no modelo europeu
unicamente como um problema a ser solucionado, nós contamos somente com nossas
ideias para nos deixar livres, pois isso foi o que os patriarcas brancos nos
disseram que era precioso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Mas quanto mais vamos entrando em
contato com nossa consciência de vida ancestral, não europeia, como uma
situação a ser experienciada e com a qual interagir, nós aprendemos mais e mais
a cultivar nossos sentimentos, e a respeitar aquelas fontes secretas de nosso
poder de onde vem conhecimento verdadeiro e, portanto, ações duradouras vêm.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Nesse ponto no tempo, acredito que as
mulheres carregamos dentro de nós mesmas a possibilidade de fusão dessas duas
abordagens tão necessárias à sobrevivência, e chegamos perto dessa combinação
em nossa poesia. Eu falo aqui de poesia como uma destilação revelatória da experiência,
não o jogo de palavras estéril que, muitas vezes, os patriarcas brancos
distorceram a palavra poesia para significar – para cobrir um desejo
desesperado por imaginação sem vislumbre.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , serif; line-height: 115%;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; line-height: 115%;"><span style="line-height: 115%;">Para mulheres, então, poesia não é um luxo. Ela é uma
necessidade vital de nossa existência. Ela forma a qualidade da luz dentro da
qual predizemos nossas esperanças e sonhos em direção a </span><span style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">sobrevivência e mudança, primeiro feita
em linguagem, depois em ideia, então em ação mais tocável. Poesia é a maneira
com que ajudamos a dar nome ao inominado, para que possa ser pensado. O
horizonte mais distante de nossas esperanças e medos é calçado por nossos
poemas, talhado das experiências pétreas de nossas vidas diárias.</span></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , serif; line-height: 115%;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6wTRMTqwedwOU3O1oMmI7feE4-bOj4ss5gSYRWHUIWZiS6j1PX3bJjkOFslwpHhyphenhyphenlcVI-A93BJC7MpKD_2Bqk_tcgVRpik_cQwyp1o71kgGqV_-9wQwLbgTmOuFybaczB8bYqzExGTkA/s1600/Sister+Outsider+.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="344" data-original-width="494" height="277" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6wTRMTqwedwOU3O1oMmI7feE4-bOj4ss5gSYRWHUIWZiS6j1PX3bJjkOFslwpHhyphenhyphenlcVI-A93BJC7MpKD_2Bqk_tcgVRpik_cQwyp1o71kgGqV_-9wQwLbgTmOuFybaczB8bYqzExGTkA/s400/Sister+Outsider+.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
</span><br />
<div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Conforme eles se tornam conhecidos e
aceitos por nós, nossos sentimentos e a exploração honesta deles se tornam
santuários e solo polinizado para o mais radical e audaz de ideias. Eles se
tornam um abrigo para aquela diferença tão necessária à mudança e a
conceituação de qualquer ação significativa. Agora mesmo, eu poderia nomear
pelo menos dez ideias que eu teria achado intoleráveis ou incompreensíveis e
assustadoras, exceto se tivessem vindo depois de sonhos e poemas. Isso não é
fantasia tola, mas uma atenção disciplinada ao verdadeiro significado de “isso
parece certo para mim.” Nós podemos nos treinar a respeitar nossos sentimentos
e transpô-los em uma linguagem para que possam ser compartilhados. E onde
aquela linguagem ainda não existe, é nossa poesia que ajuda a tecê-la. Poesia
não é só sonho e visão; ela é a estrutura óssea de nossas vidas. Ela lança as
fundações para um futuro de mudança, uma ponte entre nossos medos do que nunca
aconteceu antes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Possibilidade não é para sempre nem
instante. Não é fácil sustentar crença em sua eficácia. Às vezes podemos trabalhar
muito e duro para estabelecer uma primeira trincheira de resistência real às
mortes que esperam que vivamos, só para ter essa trincheira roubada ou ameaçada
por aquelas calúnias que fomos socializadas a temer, ou pela retirada daquelas
aprovações que fomos alertadas a buscar por segurança. Mulheres nos vemos
diminuídas ou abrandadas pelas falsamente benignas acusações de infantilidade,
de não-universalidade, de mutabilidade, de sensualidade. E quem pergunta a
questão: eu estou alterando sua aura, suas ideias, seus sonhos, ou eu estou
meramente movendo você a atos temporários e reativos? E mesmo que a segunda não
seja má tarefa, é uma que deve ser vista no contexto de uma necessidade de
verdadeira alteração das fundações mesmas de nossas vidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Os patriarcas brancos nos disseram:
penso, logo existo. A mãe Negra dentro de nós – a poeta – sussurra em nossos
sonhos: eu sinto, portanto eu posso ser livre. Poesia cunha a linguagem para
expressar e empenhar essa demanda revolucionária, a implementação daquela
liberdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Contudo, a experiência nos ensinou que
ação no agora é também necessária, sempre. Nossas crianças não podem sonhar a
não ser que elas vivam, elas não podem viver a não ser que estejam nutridas, e
quem mais vai alimentá-las da comida verdadeira sem a qual seus sonhos não
serão nada diferentes dos nossos? “Se você quer que nós mudemos o mundo algum
dia, nós ao menos tempos que viver tempo o bastante para crescer!”, grita a
criança.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Às vezes nos drogamos com sonhos de
ideias novas. A cabeça vai nos salvar. O cérebro sozinho vai nos libertar. Mas
não há ideias novas ainda esperando nas asas para nos salvar como mulheres,
como humanas. Só há aquelas velhas e esquecidas, novas combinações,
extrapolações e reconhecimentos desde dentro nós mesmas – junto à renovada
coragem para tenta-las. E nós temos que encorajar constantemente a nós mesmas e
a cada outra para tentarmos as ações heréticas que nossos sonhos implicam, e
que tantas das nossas velhas ideias desprezam. Na linha de frente de nossa
movimentação até mudança, só há poesia para aludir à possibilidade feita real.
Nossos poemas formulam as implicações de nós mesmas, o que sentimos dentro e
ousamos fazer realidade (ou trazer ação de acordo com), nossos medos, nossas
esperanças, nossos terrores mais cultivados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Pois dentro de estruturas vivas
definidas pelo lucro, pelo poder linear, pela desumanização institucional,
nossos sentimentos não foram feitos para sobreviver. Mantidos por perto como
adjuntos inevitáveis ou passatempos prazenteiros, era esperado que sentimentos
se curvassem a pensamento como era esperado que mulheres se curvassem a homens.
Mas as mulheres temos sobrevivido. Como poetas. E não há sofrimentos novos. Nós
já os sentimos todos. Nós escondemos tal fato no mesmo lugar em que nós escondemos
nosso poder. Eles emergem em nossos sonhos, e são nossos sonhos que apontam o
caminho para liberdade. Aqueles sonhos se tornam realizáveis por nossos poemas
que nos dão a força e coragem para ver, sentir, falar, e ousar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Se o que precisamos para sonhar, para
mover nossos espíritos mais profunda e diretamente até o encontro e através de
promessa, é menosprezado como luxo, então nós desistimos do cerne – a fonte –
de nosso poder, nossa mulheridade; nós desistimos do futuro de nossos mundos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Pois não há ideias novas. Só há novas
maneiras de fazê-las sentidas – de examinar como nos parecem aquelas ideias
sendo vividas no domingo de manhã às 7 A.M, depois do café da manhã, durante
amor voraz, fazendo guerra, parindo, chorando nossxs mortxs – enquanto nós sofremos
as velhas esperas, combatemos os velhos conselhos e medos de sermos silentes e
impotentes e sós, enquanto nós provamos nossas possibilidades e forças.<o:p></o:p></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<!--[if !supportFootnotes]-->
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 10.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 10.0pt;">Traduzido
por tatiana nascimento, novembro de 2012. dissonante@gmail.com /
traduzidas.wordpress.com<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
</div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span>
<span style="font-family: "georgia" , serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Publicado
pela primeira vez em Chrysalis: A Magazine of Female Culture, n. 3 (1977). Nota
da autora.</span><o:p></o:p></div>
</div>
</div>
</div>
Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-11205933981240225132019-09-23T15:30:00.001-03:002019-09-23T15:31:53.964-03:00O TRISTE FIM DE JAIR MESSIAS BOLSONARO, POR JOSÉ EDUARDO AGUALUSA<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Jair acordou a meio da noite. Mandara colocar uma cama dentro do closet
e era ali que dormia. Durante o dia tirava a cama, instalava uma secretária e
recebia os filhos, os ministros e os assessores militares mais próximos.</span>
<o:p></o:p></div>
<div style="background: white; line-height: 24.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;">Alguns estranhavam. Entravam tensos e desconfiados no
armário, esforçando-se para que os seus gestos não traíssem nenhum nervosismo.
Interrogado a respeito pela Folha de São Paulo, o deputado Major Olimpio, que
chegou a ser muito próximo de Jair, tentou brincar: “Não estou sabendo, mas não
vou entrar em armário nenhum. Isso não é hétero.” Michelle, que também se
recusava a entrar no armário, fosse de dia ou de noite, optou por dormir num
outro quarto do Palácio da Alvorada.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Aliás, o edifício já não se chamava mais
Palácio da Alvorada. Jair oficializara a mudança de nome: “Alvorada é coisa de
comunista!” — Esbravejara: “Certamente foi ideia desse Niemeyer, um
esquerdopata sem vergonha.”<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">O edifício passara então a chamar-se Palácio
do Crepúsculo. O Presidente tinha certa dificuldade em pronunciar a palavra,
umas vezes saía-lhe grupúsculo, outras prepúcio, mas achava-a sólida, máscula,
marcial. Ninguém se opôs.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Naquela noite, pois, Jair Messias Bolsonaro
despertou dentro de um closet, no Palácio do Crepúsculo, com uma gargalhada
escura rompendo das sombras. Sentou-se na cama e com as mãos trêmulas procurou
a glock 19, que sempre deixava sob o travesseiro.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Largue a pistola, não vale a pena!<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 24.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;">A voz era rouca, trocista, com um leve sotaque baiano.
Jair segurou a glock com ambas as mãos, apontando-a para o intenso abismo à sua
frente:<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Quem está aí?<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Viu então surgir um imenso veado albino, com
uma armação incandescente e uns largos olhos vermelhos, que se fixaram nos dele
como uma condenação. Jair fechou os olhos. Malditos pesadelos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 24.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;">Vinha tendo pesadelos há meses, embora fosse a primeira
vez que lhe aparecia um veado com os cornos em brasa. Voltou a abrir os olhos.
O veado desaparecera. Agora estava um índio velho à sua frente, com os mesmos
olhos vermelhos e acusadores:<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Porra! Quem é você?<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Tenho muitos nomes. — Disse o velho. — Mas
pode me chamar Anhangá.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Você não é real!<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Não?<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Não! É a porra de um sonho! Um sonho mau!<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">O índio sorriu. Era um sorriso bonito, porém
nada tranquilizador. Havia tristeza nele. Mas também ira. Uma luz escura
escapava-lhe pelas comissuras dos lábios:<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Em todo o caso, sou seu sonho mau. Vim para
levar você.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Levar para onde, ô paraíba? Não saio daqui,
não vou para lugar nenhum.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Vou levar você para a floresta.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Já entendi. Michelle me explicou esse
negócio dos pesadelos. Você é meu inconsciente querendo me sacanear. Quer saber
mesmo o que acho da Amazónia?! Quero que aquela merda arda toda! Aquilo é só
árvore inútil, não tem serventia. Mas no subsolo há muito nióbio. Você sabe o
que é nióbio? Não sabe porque você é índio, e índio é burro, é preguiçoso. O
pessoal faz cordãozinho de nióbio. As vantagens em relação ao ouro são as
cores, e não tem reação alérgica. Nióbio é muito mais valioso que o ouro.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">O índio sacudiu a cabeça, e agora já não era
um índio, não era um veado — era uma onça enfurecida, lançando-se contra o
presidente:<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Acabou!<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Anhangá colocou um laço no pescoço de Jair, e
no instante seguinte estavam ambos sobre uma pedra larga, cercados pelo alto
clamor da floresta em chamas. Jair ergueu-se, aterrorizado, os piscos olhos
incrédulos, enquanto o incêndio avançava sobre a pedra:<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Você não pode me deixar aqui. Sou o
presidente do Brasil!<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">— Era. — Rugiu Anhangá, e foi-se embora.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Na manhã seguinte, o ajudante de ordens entrou
no closet e não encontrou o presidente. Não havia sinais dele. “Cheira a onça”,
assegurou um capitão, que nascera e crescera numa fazenda do Pantanal. Ninguém
o levou a sério.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Ao saber do misterioso desaparecimento do
marido, Michelle soltou um fundo suspiro de alívio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Os generais soltaram um fundo suspiro de
alívio. Os políticos (quase todos) soltaram um fundo suspiro de alívio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Os artistas e escritores soltaram um fundo
suspiro de alívio. Os gramáticos e outros zeladores do idioma, na solidão dos
respetivos escritórios, soltaram um fundo suspiro de alívio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Os cientistas soltaram um fundo suspiro de
alívio. Os grandes fazendeiros soltaram um fundo suspiro de alívio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Os pobres, nos morros do Rio de Janeiro, nas
ruas cruéis de São Paulo, nas palafitas do Recife, soltaram um fundo suspiro de
alívio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">As mães de santo, nos terreiros, soltaram um
fundo suspiro de alívio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Os gays, em toda a parte, soltaram um fundo
suspiro de alívio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">Os índios, nas florestas, soltaram um fundo
suspiro de alívio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">As aves, nas matas, e os peixes, nos rios e no
mar, soltaram um fundo suspiro de alívio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #333333;">O Brasil, enfim, soltou um fundo suspiro de
alívio — e a vida recomeçou, como se nunca, à superfície do planeta Terra,
tivesse existido uma doença chamada Jair Messias Bolsonaro.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 24.0pt; margin-top: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="background: white; line-height: 24.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333;">Publicado originalmente na revista <i>Visão</i> de Portugal<i>. </i></span></b><br />
<b><span style="color: #333333;">Disponível em: <i> </i></span></b><a href="https://blogdojuca.uol.com.br/2019/09/o-triste-fim-de-jair-messias-bolsonaro/">https://blogdojuca.uol.com.br/2019/09/o-triste-fim-de-jair-messias-bolsonaro/</a><span style="color: #333333;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 24.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-84910227820142851452019-05-05T00:00:00.000-03:002019-05-05T00:00:09.455-03:00O PRANTO DOS LIVROS, POR ANTONIO CANDIDO<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; line-height: 107%;">Texto de 17 de janeiro de 1997,
extraído de um dos quase cem cadernos deixados pelo autor de <i>Formação da Literatura Brasileira</i><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSKn3qltRmOt7IRpdifIM3Qbf-vBGBTQ_3a5OB_sTwou9FegyaBNq7dJwwSX39eZf59b6KGRVhvzBr3l3P5bB9C4iMrqA-ZV0cgq1Enc58qwTZjpjIbMrt6Sh-Jza2pdzj44BtGPnH7ss/s1600/AC.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="479" data-original-width="1200" height="157" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSKn3qltRmOt7IRpdifIM3Qbf-vBGBTQ_3a5OB_sTwou9FegyaBNq7dJwwSX39eZf59b6KGRVhvzBr3l3P5bB9C4iMrqA-ZV0cgq1Enc58qwTZjpjIbMrt6Sh-Jza2pdzj44BtGPnH7ss/s400/AC.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Cristiano Mascaro_2017</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Morto,
fechado no caixão, espero a vez de ser cremado. O mundo não existe mais para
mim, mas continua sem mim. O tempo não se altera por causa da minha morte, as
pessoas continuam a trabalhar e a passear, os amigos misturam alguma tristeza
com as preocupações da hora e lembram de mim apenas por intervalos. Quando um
encontra o outro começa o ritual do “veja só”, “que pena”, “ele estava bem
quando o vi a última vez”, “também, já tinha idade”, “enfim, é o destino de
todos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Os
jornais darão<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>notícias misturadas de
acertos e erros e haverá informações desencontradas, inclusive dúvida quanto à
naturalidade. Era mineiro? Era carioca? Era paulista? É verdade que estudou na
França? Ou foi na Suíça? O pai era rico? Publicou muitos livros de pequena tiragem
na maioria esgotados. Teve importância como crítico durante alguns anos, mas
estava superado havia tempo. Inclusive por seus ex-assistentes Fulano e
Beltrano. Os alunos gostavam das aulas dele, porque tinha dotes de comunicador.
Mas o que tinha de mais saliente era certa amenidade de convívio, pois sabia
ser agradável com pobres e ricos. Isso, quando se conseguia encontrá-lo, porque
era esquivo e preferia ficar só, principalmente mais para o fim da vida. Uns
dizem que era estrangeirado, outros que pecava por nacionalismo. Era de
esquerda mas meio incoerente e tolerante demais. Militava pouco e no PT
funcionou sobretudo como medalhão. Aliás, há quem diga que teve jeito de medalhão
desde moço. Muito convencional.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas é
verdade que fugia da publicidade, recusava prêmios e medalhas quando podia e
não gostava de homenagens. Contraditório, como toda a gente. O fato é que havia
em torno dele muita onda, e chegou-se a inventar que era uma “unanimidade
nacional”. No entanto, foi sempre atacado, em artigos, livros, declarações, e
contra ele havia setores de má vontade, como é normal. Enfim, morreu. Já não
era sem tempo e que a terra lhe seja leve.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Mas o que
foi leve não foi a terra pesada, estímulo dos devaneios da vontade. Foi o fogo
sutil, levíssimo, que consumiu a minha roupa, a minha calva, os meus sapatos,
as minhas carnes insossas e os meus ossos frágeis. Graças a ele fui virando
rapidamente cinza, posta a seguir num saquinho de plástico com o meu nome, a
data da morte e a da cremação. Enquanto isso, havia outros seres que pensavam
em mim com uma tristeza de amigos mudos: os livros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">De vários
cantos, de vários modos, a minha carcaça que evitou a decomposição por meio da
combustão<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>suscita o pesar dos milhares
dos milhares de livros que foram meus e de meus pais, que conheciam o tato da
minha mão, o cuidado do meu zelo, a atenção com que os limpava, mudava de
lugar, encadernava, folheava, doava em blocos para serviço de outros. Livros
que ficavam em nossa casa ou se espalhavam pelo mundo, na Faculdade de Poços,
na de Araraquara, na Católica do Rio, na Unicamp, na USP, na Casa de Cultura de
Santa Rita, na ex-Economia e Humanismo, além dos que foram furtados e sabe Deus
onde estão - todos sentindo pena do amigo se desfazer em mero pó e lembrando os
tempos em que viviam com ele, anos e anos a fio. Então, dos recantos onde
estão, em estantes de ferro e de madeira, fechadas ou abertas, bem ou maltratados,
usados ou esquecidos, eles hão de chorar lágrimas invisíveis de papel e de
tinta, de cartonagem e percalina, de couro de porco e pelica, de couro da
Rússia e marroquim, de pergaminho e pano. Será o pranto mudo dos livros pelo
seu amigo pulverizado que os amou desde menino, que passou a vida tratando
deles, escolhendo para eles o lugar certo, removendo-os, defendendo-os dos
bichos e até os lendo. Não todos, porque uma vida não bastaria para isso e
muitos estavam além da sua compreensão; mas milhares deles. Na verdade, ele os
queria mais do que como simples leitura. Queria-os como esperança de saber,
como companhia, como vista alegre, como pano de fundo da vida precária e sempre
aquém. Por isso, porque os recolheu pelo que eram, os livros choram o amigo que
atrasava pagamentos de aluguel para comprá-los, que roubava horas ao trabalho
para procurá-los, onde quer que fosse: nas livrarias pequenas e grandes de
Araraquara ou Catanduva, de Blumenau ou João Pessoa, de Nova York ou New Haven;
nos sebos de São Paulo, do Rio, de Porto Alegre; nos buquinistas de Paris e nos
alfarrabistas de Lisboa, por toda parte onde houvesse papel impresso à venda. O
amigo que, não sendo Fênix, não renascerá das cinzas a que está sendo reduzido,
ao contrário deles, que de algum modo viverão para sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">CANDIDO, Antonio. “O pranto dos
livros”. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">In: </i><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Revista Piauí. </b>N. 145, ano 13, outubro de 2018.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>P.50-51. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><b>Disponível em:</b> <a href="https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-pranto-dos-livros/">https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-pranto-dos-livros/</a> </span></span></div>
<br />
<b>Mais:</b> O "pranto mudo dos livros" de Antonio Candido.<br />
<a href="https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2018/11/29/o-pranto-mudo-dos-livros-de-antonio-candido">https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2018/11/29/o-pranto-mudo-dos-livros-de-antonio-candido</a>Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-50397483102802558712019-04-20T14:45:00.002-03:002019-04-20T14:45:46.889-03:00À CIDADE, DE MAILSON FURTADO<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">E a cidade, o que é? Para
mim pode ser uma coisa, para o leitor, outra. Para um poeta, ainda outra e mais
outra, dependendo de quem entrar na conversa. Cada olhar percebe a cidade de
forma diferente. Muitas vezes é possível ver, na cidade, o que quase ninguém
vê. Há, na cidade, o que se esconde e o que se dá aos olhos. E é assim que
Marco Polo fala ao grande Kublai Khan das cidade que visitou, nas narrativas
constituintes do livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As cidades
invisíveis</i> (1972), de Ítalo Calvino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">As cidades de Calvino têm
nomes de mulheres. Cada uma de suas cidades possuem características que são
apenas suas. Características que as tornam únicas, belas e invejáveis. A cidade
é, na narrativa de Calvino, um símbolo que nos remete, como faz com o próprio
autor, à reflexões, experiências e conjecturas. De todas as cidades constantes
na referida narrativa, nos chama particular atenção a cidade de Tecla, que se
constrói constantemente sem jamais se concluir, sendo esse seu projeto de
existência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDVqdX3jMFgv5vr56HMKjCZnpuU8ZbyEC_u2E08ot7F064BovppNeESE1H1S_sThIPa8nNDVOo7Xcie-gyz8Zn0OCzALPpVoFCxn2mfE9RMbhXNhy1y_0IVS6M97wbfTsAZ1mNPHzG01s/s1600/%25C3%25A0+cidade+capa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="306" data-original-width="214" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDVqdX3jMFgv5vr56HMKjCZnpuU8ZbyEC_u2E08ot7F064BovppNeESE1H1S_sThIPa8nNDVOo7Xcie-gyz8Zn0OCzALPpVoFCxn2mfE9RMbhXNhy1y_0IVS6M97wbfTsAZ1mNPHzG01s/s320/%25C3%25A0+cidade+capa.jpg" width="223" /></a><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Partimos das cidades
invisíveis de Calvino, para apresentarmos uma breve análise da poesia que nos é
apresentada pelo poeta Maílson Furtado (vencedor do Prêmio Jabuti de Poesia, de
2018) no seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">À Cidade</i> (2017). O livro
está organizado em quatro partes, que podem ser compreendidas como quatro grandes
poemas que se entrelaçam e dialogam em simbiose. A primeira parte chama-se “Presente”
(p. 9 – 20), a segunda, “Pretérito” (p. 21 – 36), a terceira é denominada de “Pretérito
mais-que-perfeito” (p. 37 – 50), enquanto a quarta parte chama-se “Futuro do
pretérito” (p. 51 – 61). O livro traz um texto de Oswald Barroso (nas “orelhas”)
e o posfácio “a cidade pelo “arquivo dos pés” (p. 63 – 69), de Décio Braúna. A
última página do livro (p.70) traz os dados biobliográficos do autor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A estrutura escolhida por
Furtado para a organização do seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">À Cidade</i>
conduz o leitor pelas ruas e pelo cotidiano de uma cidade que, assim como
poderia ser Varjota, no interior do Ceará, poderia ser qualquer outra cidade
(Campo Grande, Santa Cruz, Sinimbu...). Ao contrário do ocorre na narrativa de
Calvino, a poesia de Maílson Furtado não parece tratar de nenhuma cidade
invisível, mas de uma das muitas cidades observáveis no Brasil. Claro que a
poesia em questão não trata das grades metrópoles, daquelas que engolem o ser
humano e o cospe como se não fosse mais que uma bagaço, um nada. A poesia de
Furtado, pelo contrário, deita olhos sobre as cidades que ainda acordam com o
galo e dormem quando se apagam as luzes dos postes. A máxima “fale de sua
aldeia”, de Tolstoi, é levada ao pé da letra pelo poeta cearense, quando traz
para seus versos o velho rio Acaraú (“... e tudo vale para namorar o acaraú ...”),
os meninos, os mosquitos, o quintal, os cachorros, as cacimbas, as cadeiras na
calçada e todos os elementos que constituem a paisagem de uma pequena cidade de
um interior qualquer, onde, como já havia dito Drummond, tudo passa devagar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Os poemas que compõem a
obra de Maílson Furtado são dedicados à cidade “e aos que nunca dedicarei nada”,
dedicou o poeta. O uso dos tempos verbais como títulos de cada uma das quatro
partes do livro servem como marcação da maneira como o tempo se dá na cidade,
objeto da poesia do autor. Assim, “tudo sai”, “a noite vai”, “a noite adentra”,
“o poste acende”, “noutro dia/vem outro sol”, “a cidade acorda”, “a manhã deságua”,
“a vida segue”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">E a cidade, o que é?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-aLgRb5OwJfB5Rdw2VqNQ5sCNi32jQAKMc6NEb7fQz21TnguJSNBx_HW3bhN9UzvPvLb_YEcft7i4w_cpJGl3I6RRsMmxt8jwgn5xDviTRcppeNeJeeWxQVHu2l_2bJJhvFCwNwbZSpI/s1600/mailson-furtado-a-cidade-jabuti.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="948" data-original-width="960" height="197" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-aLgRb5OwJfB5Rdw2VqNQ5sCNi32jQAKMc6NEb7fQz21TnguJSNBx_HW3bhN9UzvPvLb_YEcft7i4w_cpJGl3I6RRsMmxt8jwgn5xDviTRcppeNeJeeWxQVHu2l_2bJJhvFCwNwbZSpI/s200/mailson-furtado-a-cidade-jabuti.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maílson Furtado</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A cidade é uma
representação do abrigo, do abraço e do aconchego. Mas também pode ser a
esfinge que, de forma diferente, observa o filho / morador e o
viajante / forasteiro. Conhecê-la é também decifrá-la ou por ela ser devorado. O
eu lírico da poesia de Maílson Furtado parece não correr o risco de ser
engolido pela cidade, aparentando haver entre ambos uma certa cumplicidade. </span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Como um imenso e belo monstro a se metamorfosear dia e noite, a cidade move-se
lentamente, mas também descansa. Do topo de uma colina imaginária, o eu lírico
observa sua transmutação. Às vezes desce, caminha por suas ruas, por seu dorso,
brinca com os meninos, se lacera, se desvirgina, mas a cidade não se define.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Jáder de Carvalho, José
Alcides Pinto e Francisco Carvalho são poetas cearenses/universais que, entre
outros, também foram telúricos e cantaram a cidade, suas cidades, em versos de
alta qualidade poética . Contudo, depois de um longo período de estagnação, sem
que aparecesse uma grande poesia em terras de Alencar, eis que surgem os versos
de Maílson Furtado que, tal qual um Marco Polo, apresenta aos leitores a cidade
transformada em poesia. Para concebê-la, no entanto, é necessário acompanhar a
imaginação do poeta e tirar os pés do lugar-comum, pois “... a cidade é uma
fotografia / que nunca é a mesma / uma hoje / outra amanhã...”, tal qual Tecla, de
Calvino. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">À Cidade</i> (2017), de Maílson
Furtado já pode ser considerado um acontecimento poético no âmbito da
literatura brasileira. Da cidade, dela mesma, não sei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Maílson Furtado,
acompanhado dos poetas Alan Mendonça, Bruno Paulino, Dércio Braúna e Renato
Pessoa, participa do trabalho intitulado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cinco
inscrições da mortalidade</i> (2018). <o:p></o:p></span><span style="text-align: start;">Maílson Furtado também é autor de</span><span style="text-align: start;"> </span><i style="text-align: start;">Sortimento</i><span style="text-align: start;"> </span><span style="text-align: start;">(2012),</span><span style="text-align: start;"> </span><i style="text-align: start;">Conto a Conto</i><span style="text-align: start;"> </span><span style="text-align: start;">(2013), e</span><span style="text-align: start;"> </span><i style="text-align: start;">Versos Pingados</i><span style="text-align: start;">, de 2014.</span><br />
<div style="text-align: start;">
<br /></div>
<div style="text-align: start;">
<b><br /></b></div>
</div>
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4BI4blIC-orHkdQylsnEnaZuUO3i4aF-FDPKgxUrpLF6XecVkotKXZm_X4cCW25RIVbQaRhQ9C2Y00gbPjVP6H8xzDzktFE1Ze0zhPQsrtFtaUsAMb1z0fe-tgyuC-JV24ZN-LzgH9AE/s1600/cinco+inscricoes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="480" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4BI4blIC-orHkdQylsnEnaZuUO3i4aF-FDPKgxUrpLF6XecVkotKXZm_X4cCW25RIVbQaRhQ9C2Y00gbPjVP6H8xzDzktFE1Ze0zhPQsrtFtaUsAMb1z0fe-tgyuC-JV24ZN-LzgH9AE/s320/cinco+inscricoes.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<b><br /></b>
<b><br /></b>
Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-41476062655509909902019-04-14T14:21:00.001-03:002019-04-14T14:21:32.266-03:00TEMPOS DE CIGARRO SEM FILTRO, DE JOSÉ MASCHIO<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">São muitos os aspectos
que contribuem para que uma obra literária se mantenha em consonância com seu
tempo. Depois de escrita, a obra ganha pernas e anda. Sai para a vida tal qual o
filho que não criamos para nós, mas para o mundo. Assim, cada obra está dentro de um
contexto sócio-histórico e seu nível de compreensão dependerá das potencialidades
interpretativas do leitor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAT_WdszEAJ2NBDYJbpez2IOO7tvGB7ltTYp8MZPkyMKND1TGTp_pirecBnRtaqOtNlmV1VQ7YVsNQFeH4m8K1mnNlgV67Tcc9JQWqmjZ3tZ29dMD6uRrWSf4dHTHOlqOpGGDjBrRCZoo/s1600/capa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1079" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAT_WdszEAJ2NBDYJbpez2IOO7tvGB7ltTYp8MZPkyMKND1TGTp_pirecBnRtaqOtNlmV1VQ7YVsNQFeH4m8K1mnNlgV67Tcc9JQWqmjZ3tZ29dMD6uRrWSf4dHTHOlqOpGGDjBrRCZoo/s320/capa.jpg" width="215" /></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Tempos
de cigarro sem filtro</span></i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> (2017), de José Maschio, publicado pela
editora Kan, surge num contexto histórico bastante caro para a sociedade
brasileira. No ano que antecedeu sua publicação, uma clara ruptura democrática se
deu no país, seguindo praticamente o mesmo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">modus
operandi </i>que implantou a ditadura no Brasil de 1964. Os resultados do golpe
de 2016 ainda resvalam na sociedade brasileira, com instituições travadas,
autoritarismo, perseguições, ataques à imprensa e desprezo pelos direitos
humanos. Ao caos estabelecido se juntaram elementos novos, como a
pós-verdade e as chamadas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fake News</i>. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em resumo, os “tempos de cigarro sem filtro” ameaçam voltar. Os personagens, no
entanto, são outros. Já não se tem o “gordo ministro a anunciar o milagre econômico
brasileiro” e nem o” rosto sombrio e sério do general Carrascoazul anunciando
medidas contra terríveis terroristas e comunistas”. Corpos já não são encontrados
no rio Paranapanema, mas os opositores são constantemente ameaçados com a ponta da praia. Impunes.
Insolentes. Juízes sabem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O romance de José Maschio
está organizado em 31 capítulos e conta com uma breve apresentação (nas
orelhas) de Luiz Taques. A linguagem é fluida e o texto, seguindo o estilo
jornalístico, é constituído de períodos curtos. Dessa forma, o autor coloca em sua escritura a brevidade e a rapidez da comunicação, comuns aos tempos da repressão. O uso que
Maschio faz da linguagem nos permite perceber aproximações com os grandes mestres da narrativa curta, como Ernest
Hemingway, Dalton Trevisan e João Antonio. </span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">É por intermédio da vida do
personagem Ruço (não Russo), que o narrador reconstrói um dos períodos mais
violentos da vida nacional. Por sua narrativa, passam a selvageria do Estado
contra aqueles que considera inimigos, a perseguição, a dor, a tortura, a perda, a morte. No período
no qual a narrativa de Maschio se insere, lê-se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sete Palmos de Terra e um Caixão</i>, de Josué de Castro. Na atual
conjuntura, lê-se o “guru da Virgínia” e outras absurdetes (ou seriam “olavetes”?).
Os desavisados e mal intencionados falam, mesmo sem ter lido Michael Young, em meritocracia. Em “tempos
de cigarro sem filtro” reina a ignorância. Sobre isso, lê-se:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 92.15pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">A ignorância é a mãe de todas as
misérias e mazelas do mundo. O pai tinha dito isso. Lembrava Ruço. E sentiu-se
ignorante. Queria entender essa miséria toda, a contrastar com a beleza de
cartão postal da cidade, mas não atinava uma explicação satisfatória. No Sul
meninos branquelos, como ele tinha sido na infância, eram engraxates. Nos
pardieiros, e Ruço já se enturmara, as prostitutas eram loiras, brancas (...),
mas o que incomodava Ruço eram as meninas. À noite, elas apareciam pelos bares
do centro, crianças ainda, loirinhas, lindas. A mendigar moedas e oferecer sexo
barato (...). (MASCHIO, 2017:95)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 92.15pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 92.15pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O
romance de José Maschio, registre-se, é ficção. Não é um romance-reportagem,
nem muito menos um ensaio de sociologia. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tempos
de cigarro sem filtro</i> é ficção e o autor não pode ser "culpado" se aquilo que
conta guarda semelhanças com nomes, pessoas ou acontecimentos reais. Qualquer
aproximação é mera coincidência. Na narrativa, há um delegado que “prende e
arrebenta” e que sonha com Brasília. “Era meticuloso. Não podia deixar brechas
(...). Visitou o juiz. Judiciário sabujo. Pediu. Não pediu, mandou. Mandava
como delegado. Imagina como deputado eleito?” (p.99). A ficção, prezado leitor, tem dessas
coisas!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZhUxT48679vIxKPMot6y5AbAvH-A7ZkKeWZyRIxqI_IHcvxcJ2_fBgstT5_5IK8JpKq-DejhfjJG6CyQhli5_8anX8fW1dPLthuxmJuASDgWDX3piMQbLppGLDp_LESVgmDhVhw3hxLE/s1600/jos%25C3%25A9-maschio.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="704" data-original-width="623" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZhUxT48679vIxKPMot6y5AbAvH-A7ZkKeWZyRIxqI_IHcvxcJ2_fBgstT5_5IK8JpKq-DejhfjJG6CyQhli5_8anX8fW1dPLthuxmJuASDgWDX3piMQbLppGLDp_LESVgmDhVhw3hxLE/s320/jos%25C3%25A9-maschio.jpeg" width="283" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">José Maschio</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tempos de cigarro sem filtro</i> (2017),
Ruço nada mais é do que uma pequena peça na grande “máquina de triturar carnes”
do Sistema. Impedido de viver dignamente, “o máximo que Ruço sentia era rancor.
Estava abraçado ao seu rancor” (p.122). Em João Antonio é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Abraçado ao meu rancor</i>, de 1986. Ruço, sabemos pelo narrador, era “afinado
na arte de chutar tampinhas”. E eis mais um intertexto: "<span style="mso-bidi-font-style: normal;">Afinação da arte de chutar tampinhas"</span>, conto de João Antonio do livro <i>Malagueta, Perus e Bacanaço</i> (1963).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: -7.1pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Como
dito, o livro de José Maschio foi publicado no ano de 2017, mas poderia ter
sido publicado ontem. Os tempos de cigarro sem filtro que acreditávamos terem
ido para sempre, ameaçam voltar com toda sua brutalidade. E já nos apavora, como diz a canção, “ver
emergir o monstro da lagoa”. Neste contexto, muitos já se sentem como o personagem Polska, exilados dentro de seu próprio país. </span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">De atualidade surpreendente, a narrativa de José
Maschio é leitura indispensável para se compreender aquilo que primeiro se dá como tragédia, mas que depois vem como farsa. </span></div>
<br />Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8352606946993859528.post-3962262059168170212019-04-11T22:33:00.002-03:002019-04-11T22:33:27.818-03:00MINEIRINHO, POR CLARICE LISPECTOR<div class="entry-title" style="background-color: white; color: #666666; font-family: Muli; font-size: 18px; line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em><br /></em>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkh2XnyUenalhKm0RmVcgMjau1w4GeopZ9gcNY150qkB6hYn2sp5lMzdV0K-fy82cl1wX5iAU-Z0tHgdqcc1JimRUJlkDNzg09N8WzhbIwaRGvw5xwoYJ9Y-ow8pRXCgJepeqrAL1-B6k/s1600/cl.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="750" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkh2XnyUenalhKm0RmVcgMjau1w4GeopZ9gcNY150qkB6hYn2sp5lMzdV0K-fy82cl1wX5iAU-Z0tHgdqcc1JimRUJlkDNzg09N8WzhbIwaRGvw5xwoYJ9Y-ow8pRXCgJepeqrAL1-B6k/s400/cl.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<i>É, suponho que é em mim, como um dos representantes do nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um facínora. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”. Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”.Por que? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: Muli; font-size: 18px;">
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais — vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver. Como não amá-lo, se ele viveu até o décimo-terceiro tiro o que eu dormia? Sua assustada violência. Sua violência inocente — não nas conseqüências, mas em si inocente como a de um filho de quem o pai não tomou conta.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Tudo o que nele foi violência é em nós furtivo, e um evita o olhar do outro para não corrermos o risco de nos entendermos. Para que a casa não estremeça.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>A violência rebentada em Mineirinho que só outra mão de homem, a mão da esperança, pousando sobre sua cabeça aturdida e doente, poderia aplacar e fazer com que seus olhos surpreendidos se erguessem e enfim se enchessem de lágrimas. Só depois que um homem é encontrado inerte no chão, sem o gorro e sem os sapatos, vejo que esqueci de lhe ter dito: também eu.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Eu não quero esta casa. Quero uma justiça que tivesse dado chance a uma coisa pura e cheia de desamparo em Mineirinho — essa coisa que move montanhas e é a mesma que o fez gostar “feito doido” de uma mulher, e a mesma que o levou a passar por porta tão estreita que dilacera a nudez; é uma coisa que em nós é tão intensa e límpida como uma grama perigosa de radium, essa coisa é um grão de vida que se for pisado se transforma em algo ameaçador — em amor pisado; essa coisa, que em Mineirinho se tornou punhal, é a mesma que em mim faz com que eu dê água a outro homem, não porque eu tenha água, mas porque, também eu, sei o que é sede; e também eu, que não me perdi, experimentei a perdição.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>A justiça prévia, essa não me envergonharia. Já era tempo de, com ironia ou não, sermos mais divinos; se adivinhamos o que seria a bondade de Deus é porque adivinhamos em nós a bondade, aquela que vê o homem antes de ele ser um doente do crime. Continuo, porém, esperando que Deus seja o pai, quando sei que um homem pode ser o pai de outro homem.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>E continuo a morar na casa fraca. Essa casa, cuja porta protetora eu tranco tão bem, essa casa não resistirá à primeira ventania que fará voar pelos ares uma porta trancada. Mas ela está de pé, e Mineirinho viveu por mim a raiva, enquanto eu tive calma.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Foi fuzilado na sua força desorientada, enquanto um deus fabricado no último instante abençoa às pressas a minha maldade organizada e a minha justiça estupidificada: o que sustenta as paredes de minha casa é a certeza de que sempre me justificarei, meus amigos não me justificarão, mas meus inimigos que são os meus cúmplices, esses me cumprimentarão; o que me sustenta é saber que sempre fabricarei um deus à imagem do que eu precisar para dormir tranqüila e que outros furtivamente fingirão que estamos todos certos e que nada há a fazer.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Tudo isso, sim, pois somos os sonsos essenciais, baluartes de alguma coisa. E sobretudo procurar não entender.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Porque quem entende desorganiza. Há alguma coisa em nós que desorganizaria tudo — uma coisa que entende. Essa coisa que fica muda diante do homem sem o gorro e sem os sapatos, e para tê-los ele roubou e matou; e fica muda diante do São Jorge de ouro e diamantes. Essa alguma coisa muito séria em mim fica ainda mais séria diante do homem metralhado. Essa alguma coisa é o assassino em mim? Não, é desespero em nós. Feito doidos, nós o conhecemos, a esse homem morto onde a grama de radium se incendiara. Mas só feito doidos, e não como sonsos, o conhecemos. É como doido que entro pela vida que tantas vezes não tem porta, e como doido compreendo o que é perigoso compreender, e só como doido é que sinto o amor profundo, aquele que se confirma quando vejo que o radium se irradiará de qualquer modo, se não for pela confiança, pela esperança e pelo amor, então miseravelmente pela doente coragem de destruição. Se eu não fosse doido, eu seria oitocentos policiais com oitocentas metralhadoras, e esta seria a minha honorabilidade.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Até que viesse uma justiça um pouco mais doida. Uma que levasse em conta que todos temos que falar por um homem que se desesperou porque neste a fala humana já falhou, ele já é tão mudo que só o bruto grito desarticulado serve de sinalização.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em>Uma justiça prévia que se lembrasse de que nossa grande luta é a do medo, e que um homem que mata muito é porque teve muito medo. Sobretudo uma justiça que se olhasse a si própria, e que visse que nós todos, lama viva, somos escuros, e por isso nem mesmo a maldade de um homem pode ser entregue à maldade de outro homem: para que este não possa cometer livre e aprovadamente um crime de fuzilamento.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px; text-align: justify;">
<em><span style="font-weight: 700 !important;">Uma justiça que não se esqueça de que nós todos somos perigosos, e que na hora em que o justiceiro mata, ele não está mais nos protegendo nem querendo eliminar um criminoso, ele está cometendo o seu crime particular, um longamente guardado. Na hora de matar um criminoso – nesse instante está sendo morto um inocente.</span> Não, não é que eu queira o sublime, nem as coisas que foram se tornando as palavras que me fazem dormir tranqüila, mistura de perdão, de caridade vaga, nós que nos refugiamos no abstrato.</em></div>
<div style="line-height: 27px; margin-bottom: 20px;">
<em>O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno.</em></div>
</div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: Muli; font-size: 18px;">
</div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: Muli; font-size: 18px;">
<img alt="clispector assinatura" class="size-full wp-image-98861 disappear mom_appear" height="70" src="https://i2.wp.com/www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2014/02/clispector_assinatura.gif?resize=324%2C70" style="border: 0px; display: inline-block; height: auto; max-width: 100%; opacity: 1; transition: all 0.4s ease-in-out 0s; vertical-align: middle;" width="324" /></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: Muli; font-size: 18px;">
</div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: Muli; font-size: 18px;">
Fonte: http://www.ip.usp.br/portal/ , do livro:<span style="font-weight: 700 !important;"> </span><em>Para não esquecer</em>. São Paulo: Ática, 1979 – e também em <i>A legião estrangeira</i>. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964</div>
Carlos Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/03174033317151147524noreply@blogger.com0