segunda-feira, 10 de abril de 2017

LITERATURA E OUTRAS LINGUAGENS

Publicado pela editora Bagagem, de Campina Grande, mais um trabalho organizado pelas pesquisadoras Jaquelânia Aristides Pereira e Maria Valdênia da Silva. Trata-se do livro Literatura e outras linguagens (2016), contendo 12 (doze) artigos, produzidos por relevantes estudiosos acerca dos diálogos possíveis entre a literatura e as demais formas de linguagem. O trabalho se insere na Coleção Crítica e Ensino, objetivando não apenas apontar as aproximações das várias formas de arte e suas relações com a palavra escrita, mas também pô-las em conexão com a sala de aula, em uma demonstração de “casamento” entre teoria e prática, o que, obviamente, contribui para que a práxis pedagógica se dê de forma dialógica (como deve ser), possibilitando que o educando perceba toda a amplitude das discussões que se dão no ambiente escolar.

Dessa maneira, são variadas e oportunas as abordagens apresentadas pelos autores quando, a partir dos temas por eles escolhidos, tecem toda uma rede de possibilidades de se compreender e trabalhar a literatura em consonância com outras áreas do conhecimento. Assim sendo, o que esses educadores estão reafirmando é a necessidade de se evitar o engessamento, bem como o consequente engaiolar das diferentes epistemologias (usamos “epistemologias” aqui, no sentido apontado por Boaventura de Sousa Santos em Epistemologias do Sul, de 2010), que se dão no processo de aprendizagem-ensino nas escolas brasileiras. Por isso só, a publicação de Literatura e outras linguagens já se constitui de enorme relevância para o debate que tem se dado acerca da socialização e do compartilhamento do conhecimento como forma de formação crítica e desenvolvimento ético do educando, enquanto agente transformador da sociedade na qual está inserido.

Em uma tentativa de compreendermos o que aqui está sendo 
dito, apresentamos os artigos e seus autores na sequência em que aparecem na obra: “Poesia e dança” (p. 13 – 28), de Helder Pinheiro, “A tessitura lítero-musical de “Debussy” (p. 29 – 52), de Jaquelânia Aristides Pereira, “O texto literário e suas múltiplas linguagens” (p. 53 – 74), de Maria Valdênia da Silva, “Literatura e cinema contando as mesmas histórias: uma análise da adaptação de O segredo de Brokeback Mountain” (p. 75 – 92), de Francisco Jardes Nobre de Araújo, “A adaptação de Vidas Secas para as telas e a construção da personagem Sinhá Vitória” (p. 93 – 106), de autoria de Ailton Monteiro de Oliveira e Carlos Augusto Viana da Silva, “Na escola, Esperando Godot” (p. 107 – 124), de Francisco Carlos Carvalho da Silva e Geórgia Gardênia Brito Cavalcante Carvalho, “Contos de fadas e cinema de animação contemporâneo: reflexões sobre a formação leitora do espectador infantil” (p. 125 – 141), “Pluft, o fantasminha: a criança e o teatro em poesia” (p. 141 – 156), de Marcília Nogueira do Nascimento e Jaquelânia Aristides Pereira, “Entre rosas e espinhos: o jardim das infâncias de Guimarães Rosa e Clarice Lispector” (p.157 – 174), de Sarah Diva da Silva Ipiranga, “A leitura de romances sentimentais” (p. 175 – 186), de Kercya Nara Felipe de Castro Abrantes e Maria Valdênia da Silva, “O sentimento de estranheza do mundo: uma leitura de A paixão segundo G.H, de Clarice Lispector” (p. 187 – 200), de Paula Érica Lopes de Melo e Jaquelânia Aristides Pereira e, concluindo, “O selvagem da ópera: aspectos do romance pós-moderno” (p. 201 – 218), de José Wellington Dias Soares.

Os artigos que constituem o referido trabalho são acompanhados das referências bibliográficas que lhes deram sustentação teórica, o que contribui para que o leitor possa, caso deseje, recorrer às fontes e ampliar suas informações. A obra traz ainda notas informativas sobre os autores (p. 219 – 222), assim como uma relevante apresentação (p. 7 – 12) feita pela professora Maria Marta dos Santos Silva Nóbrega, do Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino, da Universidade Federal de Campina Grande, tecendo detidos comentários acerca de cada um dos artigos presentes na obra em questão.

Assim sendo, Literatura e outras linguagens (2016) vem preencher um espaço ainda carente de trabalhos que privilegiem o interculturalidade, indispensável ao processo de aprendizagem - ensino, em uma tentativa de barrar, conter ou, quem sabe, eliminar, a imposição do pensamento abissal que se instalou no espaço das nossas salas de aula.



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