domingo, 10 de maio de 2015

SOCIEDADE, CIÊNCIA E SERTÃO: REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO, HISTÓRIA, CULTURA E TECNOLOGIAS

Houve um tempo em que muitas pessoas acreditavam que os conhecimentos eram estanques e que cada um deles deveria ocupar um local específico, sem jamais se misturar com os outros. Os tempos passaram e muito desse pensamento equivocado já se evanesceu faz tempo. É claro que, entre perdidos e achados, ainda há uns gatos pingados acreditando que a vida só segue em uma única direção.

Sobre os ombros da contemporaneidade incide a necessidade de uma compreensão multidisciplinar do conhecimento. Sobre as fronteiras do conhecimento, Gaston Bachelard levanta os seguintes questionamentos:

O conceito de fronteira do conhecimento científico tem sentido absoluto? Seria possível traçar as fronteiras do pensamento científico? Estamos dentro de um domínio objetivamente fechado? Estamos sujeitos a uma razão imutável? É o espírito uma espécie de instrumento orgânico, invariável como a mão, limitado como a visão? É ele obrigado a uma evolução regular ligada a uma evolução orgânica? Aí estão perguntas, múltiplas e conexas, que questionam a filosofia e que conferem um interesse primordial ao estudo do progresso do pensamento científico. (BACHELARD, 2008:69)

Certamente que o autor de A poética do espaço (2005) já provocava com esses questionamentos reflexões acerca da necessidade do humano de encaixotar saberes dentro de domínios teoricamente fechados, o que nos afastaria da sabedoria, uma vez que, conforme afirma Leonardo Boff, sabedoria é poder saborear todos os saberes, pois todos eles revelam algo do ser.

Assim, comprometida com a ideia de que nenhum saber se exclui, mas se complementa. a Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC, da Universidade Estadual do Ceará – UECE, traz a lume o volume dois do livro Sociedade, ciência e sertão: reflexões sobre educação, história e cultura e tecnologias (2014). O trabalho foi organizado pelos professores Francisco Carlos Carvalho da Silva, Isaíde Bandeira da Silva e Makarius Oliveira Tahim; tendo sido publicado pela editora da própria UECE, com prefácio de Fátima Maria Leitão Araújo.

O trabalho está organizado em duas partes. A primeira parte traz sete artigos, enquanto a segunda apresenta seis. São artigos acadêmicos que tratam dos mais variados assuntos, em uma tentativa de abarcar as diversas áreas de pesquisas que coexistem no âmbito da Universidade e dizem respeito aos campos da educação, história, cultura e tecnologias; bem como das suas interfaces. Dessa forma, na mesma obra, pode-se entrar em contato com a poesia de Linhares Filho (p. 67 – 84), conhecer sobre as relações entre parteiras e parturientes no sertão do Ceará (p. 129 – 144) ou aprender sobre queijo coalho artesanal (p.209 – 222) e ainda a respeito dos supercondutores (p. 223 – 233).

O livro em questão é parte de um projeto que pretende, a cada ano, publicar um volume nos mesmos moldes, tentando unir temas de interesse não apenas da Academia, mas acessíveis a um público não especializado. Assim sendo, a linguagem utilizada na abordagem dessas questões tenta se mostrar o mais próxima possível do leitor comum, sem, no entanto, se afastar do caráter acadêmico-científico. Sobre o caráter multidisciplinar da obra, a professora Fátima Maria Leitão Araújo, afirma:

O livro Sociedade, ciência e sertão: reflexões sobre educação, história, cultura e tecnologias enfrenta o desafio de articular uma infinda diversidade de temas que, pela especificidade inerente a cada um, pode suscitar estranhamento por parte do leitor. Por outro lado, podemos encontrar elos que os unem no aparente labirinto da incoerência: tempo e cultura, conceitos que explícita ou implicitamente se fazem presentes nos estudos aqui abordados, pois, independente de estarem ou não ligados diretamente ao mister historiográfico ou sociológico, todos trazem em suas análises a delimitação temporal e os meandros culturais que se materializam na explicitação dos objetos de estudo, histórica e culturalmente situados em um dado espaço e em um determinado tempo. (ARAÚJO, 2014:10)

Dessa forma, o caráter multidisciplinar presente nos artigos do trabalho em questão aponta para uma concepção de educação e cultura que se pauta pelo mais amplo, pelo mais geral e, consequentemente, por uma visão mais democrática da apreensão do conhecimento.



Serviço:
Editora da Universidade Estadual do Ceará – EdUECE
Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Reitoria – Fortaleza – CE
Link: http://www.uece.br   E-mail de contato: eduece@uece.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário