Publicado pela editora
34, com seleção e tradução de Joana Barossi e Cide Piquet, a antologia bilingue
de Só para maiores de cem anos: antologia anti(poética) (2018) é a
oportunidade para que o leitor brasileiro tenha uma visão geral da poesia e da
antipoesia de Nicanor Parra (1914-2018), considerado um dos maiores poetas do
nosso tempo.
Nicanor Parra é o
principal nome da chamada antipoesia, a qual se constitui como uma poesia de
ruptura, que tem na essência da sua construção determinados elementos
linguísticos e culturais identificados com as classes populares. Ao optar por
esse tipo de informalidade poética, Parra afastou-se da forma tradicional de se
fazer poesia, isolando-se como referência entre seus pares.
Um aspecto central da
produção de Parra, plenamente realizado na antipoesia, afirmam os
tradutores da obra, “passa pela inversão crítica das expectativas associadas ao
discurso poético elevado: “Os poetas baixaram do Olimpo”, diz um de seus poemas
mais famosos, “Manifesto”. Contra o poeta demiurgo, o poeta mortal e ordinário;
contra o poeta de salão, o poeta das ruas; contra o poeta cheio de si, o poeta
que ri de si mesmo; contra a poesia da lua, da donzela e das flores, a poesia
da tumba, do espirro e do sangue de nariz. Tal inversão se dá pela recusa dos
lugares-comuns da poesia lírica e da linguagem afetada, hermética ou livresca;
em seu lugar, o poeta utiliza a linguagem coloquial, a expressão natural, a
língua falada no dia a dia, ainda que não linear e atravessada por outros
registros, como por exemplo o do discurso religioso (via de regra com fins
satíricos) ou de extração surrealista,
outra marca do autor, sempre interessado em surpreender, confundir e até
importunar o leitor, tirando-o da posição confortável e passiva” (p.10-11).
Nicanor Parra |
Só para maiores de cem
anos: antologia (anti)poética, de Nicanor Parra, é
leitura indicada, na verdade, para todas as idades. Leiamos!
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