domingo, 22 de dezembro de 2013

I SIMPÓSIO SOBRE LITERATURA CEARENSE

                                     
Um grande amigo meu costuma dizer que: "de onde menos se espera é daí que não sai nada mesmo". A máxima pode até ser exagerada, mas não é mentirosa. E no bojo dessa consideração poderia-se muito bem inserir a maneira como a Literatura Cearense tem sido tratada nos cursos de letras das universidades do Ceará. É claro que falo aqui, especificamente, das universidades públicas, uma vez que as privadas já fecharam seus cursos de licenciatura, entre eles, Letras, pois não dão status, muito menos dinheiro. Para alguns, as humanidades são coisas para ociosos!

O descaso com a literatura cearense nas nossas cercanias é de indignar mas, convenhamos, só surpreende aos desavisados, uma vez que por essas bandas não se dá muito valor ao que diz respeito à cultura. Prédios históricos são demolidos na calada da noite, pesquisadores são ridicularizados e artistas vivem a mercê de míseros editais de fomento lançados quando da "boa vontade" desse ou daquele governante sempre preocupado com a obra da sua vida, monstrengos de cimento e pvc, pagos com o dinheiro do contribuinte, que nem de longe é inocente, mas conivente com os desmandos dos seus representantes. E a Academia, que tem por obrigação discutir de tudo um muito, parece que também se rendeu à estagnação política dominante mundo afora. No que diz respeito aos cursos de letras das universidades estaduais, há uma certa letargia no que concerne ao estudos das obras de autores cearenses, excetuando-se um ou outro projeto de pesquisa. E enquanto discutem-se autores e teóricos pra lá de alienígenas, os autores locais ficam relegados ao esquecimento. E esse posicionamento de colonizado nos cobra um preço muito alto, que em muito pouco tempo já não teremos mais como pagar.

Mas eis que a determinação de uns poucos parece surgir como uma luz no fim do túnel. E assim sendo, a organização do X Encontro Interdisciplinar de Estudos Literários inseriu na sua programação de 2013, o I Simpósio Sobre Literatura Cearense, ocorrido no período de 10 a 13 de dezembro de 2013, no Campus do Benfica, da Universidade Federal do Ceará. A inserção do referido simpósio objetivava a discussão e o debate acerca de um assunto já quase soterrado por decisões de gabinete, restando-lhe apenas a última pá de cal. E isso talvez não tenha acontecido graças aos tiros disparados pelo escritor Raymundo Netto a partir da sua trincheira no Jornal O Povo. Com isso, o séquito de inimigos dele deve ter aumentado consideravelmente. Mas ele não é homem que se deixe abater pela mediocridade que impera no meio acadêmico cearense. Ele, assim como outros poucos (e eu me incluo), possuem munição suficiente para continuar atirando. A rendição não está em questão.

O importante mesmo é que o evento pensado pela Profª Dra. Odalice de Castro e Silva chega vitorioso à sua décima edição, contando com a presença de inúmeros autores, discutindo os mais relevantes temas não só para a literatura, mas para as artes como um todo. Para onde vai a literatura? foi o tema escolhido para dar nome ao evento e, sob suas asas, abrigar um manancial de palestras, debates, minicursos e comunicações. Na ocasião, tive a oportunidade de discorrer sobre a literatura e o ensino, apresentando a fala intitulada O (des)concerto da prática: a literatura e o ensino entre o poético e o político.

Já tive a oportunidade de participar das outras edições do evento e, digo de coração, que essa décima edição superou todas as minhas expectativas. durante o evento, passaram pelo campus do Benfica nomes como Pedro Lyra, Rinaldo de Fernandes, Pedro Salgueiro, Nilto Maciel, Ronaldo Correia de Brito e Claudio Willer, entre muitos outros.Durante o evento, vários autores lançaram suas obras. A conferência magna de encerramento ficou sob a responsabilidade da escritora Ana Miranda, a qual inundou o auditório Rachel de Queiroz com seu conhecimento, sua cultura, sua simplicidade e seu sorriso. Do além, acredito que Rachel de Queiroz e José Albano sorriam feito meninos a correr lindamente desvairados sob a sombra das mangueiras do bosque Moreira Campos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário