Foto: Geórgia Cavalcante Carvalho |
Entre os inúmeros ditados imbecis que as elites políticas desse país criaram para nos convencer, e que são repetidos como mantras, está um que diz: "só damos ao povo aquilo que o povo gosta". É claro que nem o mais puro dos dementes conseguiria concordar com tamanho absurdo, uma vez que o povo gosta muito de dinheiro, mas ninguém sai por ai dando dinheiro ao povo. Incutido nesse mesmo ditado, há a questão de que "gosto não se discute". E eu me pergunto de onde é que tiraram tamanha besteira! Tudo na vida se discute. Uma sociedade que não discute, não questiona e não se mostra apta ao debate; caminha torta, não guache, com destino ao caos da eterna ignorância. E isso, para muitos desses "ilibados" nomes que constituem a elite casa-grande e senzala da nossa pátria de gastas chuteiras, é por demais importante. Se ao contrário fosse, os lucros seriam menores e o nosso Estado seria Nação.
As palavras que aqui vão, não objetivam aprofundamentos outros, mas a discussão daquilo que se oferece ao povo a cada final de ano. E eis que não pretendo nem discutir os exorbitantes valores que os governos pagam a determinados "artistas", para que possam "encantar" seus eleitores durante as festividades de réveillon. Dizem alguns, que se o "artista" for amigo do governante, melhor será seu cachê. São os chamados artistas sempre governo, os quais deixariam Walter Benjamim de cabelos em pé. Mas é claro que, nem de longe, eu (nem você) deva acreditar que isso possa acontecer sob o manto da nossa emergente democracia. Crer em tal coisa, seria desacreditar de muitas outras. Dos nossos nobres representantes políticos, inclusive.
Foto: Carlos Carvalho |
Mas, no que diz respeito às festas milionárias e de péssimo gosto (gosto se discute, sim!) que tomam conta dos país quando chega o final do ano, quero dizer que tudo poderia ser diferente, ou seja, que muitos dos talentosos artistas que abundam país afora poderiam dar shows de altíssima qualidade por valores bem mais módicos e menos onerosos aos cofres públicos e que não deixariam nada a desejar ao mais exigente dos contribuintes. Falo isso, tomando como referência o show da banda cearense Rubber Soul, cover dos Beatles, que na noite do dia 28/12/13 lotou a Concha Acústica da Universidade Federal do Ceará. Em seu repertório, é claro, Beatles. Na plateia, homens, mulheres e crianças, muitas crianças. Incidentes? Nenhum. Se no espaço da Reitoria da UFC já havia um mundo de gente, todo seu entorno também estava tomado por pessoas ávidas por um bom show, um espetáculo de final de ano onde todos pudessem se divertir sem medo de terem seus ouvidos agredidos ou seus pertences afanados. O show promovido pelo programa Frequência Beatles, tendo à frente o jornalista Nelson Augusto, da FM Universitária da UFC, já é um marco na cidade de Fortaleza.
Foto: Geórgia Cavalcante Carvalho |
O próximo já ficou agendado para o dia 27/12/14 às 18 horas. Se a beleza, a alegria e a confraternização desse show poderiam ser tomados como exemplos e pensados em nível macro para a cidade de Fortaleza? Claro que sim! Mas a quem interessa distribuir pérolas ao povo, quando se pode distribuir pão velho e um pouco do pior dos circos? A resposta, meu amigo, diz aquele velho bardo, está por ai, soprando pelo vento.
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