Belchior está entre os
grandes artistas do seu tempo, por ter produzido uma das obras mais relevantes
das letras brasileiras. Sem sombra de dúvidas, o autor de “divina comédia
humana” está no mesmo nível qualitativo, poeticamente falando, de Bob Dylan, o
que não é pouco, convenhamos.
Mas Belchior, assim como
Dylan, não perde seu tempo com as idiossincrasias da mediocridade. Belchior,
por exemplo, já deixou claro em entrevistas, que não é a fama que lhe
interessa, mas a glória. Seja como for, o bardo cearense já registrou seu nome
na história da cultura brasileira. Sua obra é, indiscutivelmente, um perfeito
repositório de reflexões a respeito do homem e da cultura do seu tempo.
Para alguns estudiosos da
sua obra, Belchior compõe como se pintasse um quadro, daí a qualidade observada
na escolha que faz de cada palavra na elaboração de seus poemas. Utilizamos
aqui a lexia “poema”, por considerarmos que suas composições vão muito além da
convencionalidade de uma letra de música.
As composições do poeta de Sobral constituem-se em uma poesia tão grande quanto aquela produzida por João Cabral de Melo Neto, por exemplo. São secas e objetivas. São navalhas. Na sua metapoesia diz que não pode cantar como convém sem querer ferir ninguém. E embora afirme que sua poesia é “apenas uma canção”, ele sabe muito bem que não é só isso, ou seja, o poeta de “galos, noites e quintais” tem plena consciência do seu fazer poético, e o executa como o faz o ourives do poema “Profissão de fé”, de Olavo Bilac.
As composições do poeta de Sobral constituem-se em uma poesia tão grande quanto aquela produzida por João Cabral de Melo Neto, por exemplo. São secas e objetivas. São navalhas. Na sua metapoesia diz que não pode cantar como convém sem querer ferir ninguém. E embora afirme que sua poesia é “apenas uma canção”, ele sabe muito bem que não é só isso, ou seja, o poeta de “galos, noites e quintais” tem plena consciência do seu fazer poético, e o executa como o faz o ourives do poema “Profissão de fé”, de Olavo Bilac.
O presente texto, no
entanto, não tem como objetivo discorrer sobre a poética de Belchior, mas
apresentar, sucintamente, o livro que sai pela editora Miragem, como forma de
homenagear o referido artista no ano em que se comemoram seus setenta anos de
idade. O livro recebeu o título de Para Belchior com amor (2016), tendo
sido organizado pelo escritor Ricardo Kelmer, o qual também é responsável pela
apresentação do livro. O texto literário de Kelmer foi baseado no poema-canção
“Divina comédia humana” (p.45-50). Ao todo, livro é composto de catorze textos
literários, escritos por conterrâneos de Belchior, e livremente inspirados nas
suas canções.
Na ordem em que surgem no
livro, os textos são: “Alucinação” (p. 9 -13), por Thiago Arrais; “A palo seco”
(p.15-20), por Ana Karla Dubiela; “Apenas um rapaz latino-americano” (p.21-28),
por José Américo Bezerra Saraiva; “Como nossos pais” (p. 29-32), por Ricardo
Guilherme; “Conheço meu lugar” (p. 33-35), por Ethel de Paula; “Coração
selvagem” (p.37- 43), por Cleudene Aragão; “Fotografia 3x4” (p.51-54), por
Raymundo Netto; “Galos, noites e quintais” (p.55-59), por Joan Edesson de
Oliveira; “Na hora do almoço” (p.61- 67), por Gero Camilo; “Paralelas”
(p.69-72), por Carmélia Aragão; “Sujeito de sorte” (p.73-77), por Jeff Peixoto;
“Todo sujo de batom” (p.79-81), por Xico Sá; “Velha roupa colorida” (p.83-86),
por Roberto Maciel. O livro traz ainda uma breve biografia de Belchior
(p.93-94), bem como algumas informações sobre cada um dos autores que
contribuíram com seus textos (p.88-91). No total, o livro tem noventa e seis
páginas.
Dos contos e crônicas que
compõem Para Belchior com amor, destacamos
especificamente aqueles escritos por Ana Karla Dubiela, Cleudene Aragão e Joan
Edesson de Oliveira por terem, a nosso ver, alcançado de maneira medular, o cerne
da poesia de Belchior.
A ideia de Ricardo Kelmer é
bastante oportuna e louvável, uma vez que a imensidão poética contida na obra
poética do autor de “Elegia obscena” precisa ser cada vez mais estudada,
discutida e divulgada; como convém ao trabalho dos grandes mestres. Assim,
sabendo-se que os pontos de vista acerca da poesia de Belchior não cabem em um
livro de noventa e seis páginas, esperamos que a ideia se mantenha e se amplie.
Que venha o próximo!
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