A aquisição de obras arte
no Brasil (mas não só no Brasil) costuma ser usada para muitos fins, entre eles
a lavagem de dinheiro. Assim sendo, muitas obras são mantidas reféns, penduradas
nas paredes de uns poucos privilegiados. Tais obras jamais serão expostas, não
podendo ser apreciadas por outros que não sejam os amigos íntimos dos
proprietários. Isso sem falarmos naquelas obras, principalmente esculturas do
período colonial, que têm desaparecido “misteriosamente” de algumas igrejas
Brasil afora, sem que nunca mais se tenha notícias delas.
Outro viés dessa
questão diz respeito aos acervos que estão em museus públicos, sofrendo, quase
sempre, o desgaste da falta de restauro, aliada ao descaso dos governos para
com a coisa pública. Poucas são as exceções nesse sentido. É claro que o Brasil
ainda se ressente de políticas públicas que deitem olhos sobre a cultura, em
geral, e a arte brasileira, em específico. Enquanto isso não se der de maneira
séria e efetiva, muito pouco ou quase nada mudará neste cenário. Há, por outro lado, alguns colecionadores que compreendem muito bem os prazeres do ato de colecionar arte e sabem que esse prazer se torna ainda maior, quando seus itens podem ser apreciados por outros colecionadores, estudiosos e críticos ; bem como pelo cidadão comum. É por esse caminho que Airton Queiroz tem enveredado, proporcionando à cidade de Fortaleza e, obviamente ao Brasil, a oportunidade de apreciar o melhor da arte, presente na sua rica coleção.
A presente resenha, no
entanto, não objetiva discutir pormenorizadamente tais questões. A intenção
aqui é proceder a uma breve apresentação do livro de arte Coleção Airton Queiroz, publicado pela editora Pinakotheke, no ano
de 2016, sob a organização de Camila Perlingeiro. A publicação da referida obra
se dá ao mesmo tempo em que o chanceler Airton Queiroz expõe sua coleção
particular, no Espaço Cultural Unifor, da
Universidade de Fortaleza, no Ceará. A exposição conta com mais de 250
trabalhos, contendo obras raríssimas de artistas como Frans Post, Rugendas, Debret,
Aleijadinho, Chagall, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti; entre inúmeros
outros. Contudo, não discorreremos sobre a exposição especificamente, mas sobre
o livro em si, uma vez que uma publicação nesses moldes é de extrema relevância para se
mapear a localização de obras tão singulares.
O livro abre com um
texto do colecionador Airton Queiroz, denominado de “A arte de colecionar arte”
(p.23), seguido da apresentação feita por Max Perlingeiro (p. 25- 27). Na
sequência, tem-se “A história de uma coleção” (p. 29 – 59), de José Roberto
Teixeira Leite, seguido do texto “Arte moderna e contemporânea na coleção
Airton Queiroz” (p. 61 – 109), de Fábio Magalhães.
Ao todo, o livro de
arte Coleção Airton Queiroz conta com
444 páginas. A página 412 traz notas explicativas de Pedro Corrêa do Lago. Da
página 413 até 441 tem-se a versão em inglês dos textos do livro. A publicação lista, ao todo, 250 obras de 115 artistas, sendo 24 estrangeiros. Em uma tentativa de
se mostrar didático, o livro está organizado por períodos históricos, situando
os artistas e as obras da Coleção em seus respectivos tempos e espaços.
Mulher sentada, de Fernando Botero. |
A coleção Airton
Queiroz é de imenso valor, constituindo-se referência para as artes no Brasil.
A publicação do livro, com o detalhamento das obras da Coleção vem se
estabelecer como fonte de pesquisa e referência bibliográfica para pesquisadores,
estudiosos e amantes da arte. A iniciativa de Airton Queiroz é louvável, tendo em vista que, cada vez mais, o Brasil carece de trabalhos desse
porte. De leitura indispensável, o livro em questão já nasce referencial, vindo preencher uma lacuna na bibliografia das artes plásticas no Brasil.
---
Serviço:
O livro está à venda no hall do Espaço Cultural Unifor.
---
Serviço:
O livro está à venda no hall do Espaço Cultural Unifor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário