Ziraldo em Fortaleza em janeiro de 2017. Foto: Geórgia Cavalcante Carvalho. |
Ziraldo é o responsável por ter, ao longo de toda sua vida, atiçado a imaginação de crianças de todas as idades mundo afora. Em uma ida aos seus lançamentos nos dias de hoje, percebe-se uma alegria geral naqueles que madrugam para conseguir uma senha para falar com ele por alguns minutos e sair de lá com uma bela dedicatória naquele livrinho companheiro e amigo de estimação. Mas não são apenas os pirralhos a madrugar, não. Há também menina, meninamoça, jovens, velhos e adultos. Em resumo: todo tipo de criança.
É enorme a contribuição
de Ziraldo para o desenvolvimento da leitura no Brasil. Se cada criança, nos
mais distantes municípios brasileiros, tivesse a felicidade de entrar em
contato com um dos livros do Ziraldo, certamente que tudo por aqui seria muito
diferente. Positivamente diferente. São incontáveis, infelizmente, as
localidades que não possuem bibliotecas e que o acesso a leitura depende da boa
vontade de um professor. Tamanho desrespeito resulta no que temos visto no
dia a dia, nos lares, nas ruas, nas redes sociais.
Mas o objetivo da
presente resenha é trocarmos uma ou duas palavras sobre o mais recente lançamento
do Ziraldo. Tratamos, obviamente, do livro Meninas,
publicado no ano de 2016, pela editora Melhoramentos. O livro tem 45
páginas, com desenhos de Ziraldo e cores de Renato Aroeira. Para promover o
lançamento do Meninas, Ziraldo tem
viajado o Brasil, participando de tardes/noites de autógrafo em livrarias da
rede Saraiva, por exemplo. Com sua presença, o “furdunço” é sempre o mesmo.
Todos querem chegar perto do pai do Menino
Maluquinho. Inclusive esse blogueiro que vos fala. Quando o vimos, teve até
uma criança, já idosa, que perguntou ao Ziraldo, vejam vocês, se ele teria ali alguma
coisa do Pasquim.
Na apresentação do
livro Meninas, intitulada “Conversa
de começo de livro”, Ziraldo explica como surgiu a ideia de escrever um livro
sobre meninas. Ele afirma que, em um dos muitos encontros que promove com
crianças e professores, uma menina o questionou da razão dele só escrever sobre
meninos e nunca sobre meninas. Ziraldo respondeu, afirmando que isso se dava,
tendo em vista ele entendia mais sobre meninos do que sobre meninas. Embora
tenha fingido acreditar, é claro que a menina “perguntadeira” não se mostrou
convencida da resposta dada, pedindo, mesmo assim, que o autor do Flicts (1969) escrevesse uma história
sobre meninas. Como forma de atender a leitora maluquinha, Ziraldo escreveu Menina das Estrelas, publicado primeiramente no ano de 2007.
Partindo das
observações de Alice, uma de suas netas, e da coleção de Alice no País das Maravilhas que ela possui, Ziraldo decidiu escrever um livro que pudesse “explicar a menina”. Contudo, tudo já foi dito
sobre a menina, afirma Ziraldo:
Tudo
já foi dito sobre a menina, esse pequeno ser de tão curta permanência em nossas
vidas que, ao final do seu tempo, se divide em duas e, juntas, seguem em frente
para desmentir quem afirma que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao
mesmo tempo. (ZIRALDO, 2016:05)
O lirismo observado na
passagem citada é mantido ao longo de toda a narrativa de Meninas, constituindo um dos pontos altos de todo o livro. A
história que Ziraldo nos conta, já de início é esclarecedora ao afirmar que: “O
mundo é dos meninos. Mas não são eles que mandam no mundo”.
As histórias que Ziraldo
nos conta, como o faz em Meninas, germinam
nas nossas cabeças de criança e vão crescendo com a gente. Dessa forma, mesmo
chegando ao final elas nunca terminam, pois são sempre um constante recomeçar; um eterno Era uma vez...
Em tempo: Clarice, minha menina, realizou o sonho de conhecer o Ziraldo. Ganhou até dedicatória.
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