Francisco Carvalho (1927-2013) é daqueles poetas que se inserem na amplitude da literatura produzida em
língua portuguesa, tendo em vista a extensão e a qualidade da sua obra poética.
Autor de mais de trinta livros, Carvalho soube como poucos cultivar a palavra,
moldando-a a seu bel prazer. Como produzia muito, é bem possível que ainda
surjam trabalhos inéditos do autor de Centauros
urbanos (2003), o que em muito agradaria seus leitores e pesquisadores.
De todos os seus
trabalhos, há um que é pouco conhecido, mas que nem por isso pode ser
considerado menor. Trata-se do livro Colar
de pedras falsas (2005), publicado pela editora Guararapes – EGM, de
Jaboatão, Pernambuco. Durante as nossas pesquisas, não conseguimos localizar o
livro no seu formato tradicional, se é que ele existe nesse formato. Explico: a
versão que temos desse livro é uma espécie de “edição artesanal”, de aproximadamente 6cm, tendo seus paratextos
sido montados manualmente.
O corpo do livro é composto de um poema longo de 155 estrofes, impressas em uma folha de papel, respeitando o tamanho de 6cm. Cada página corresponde a uma dobradura dessa folha única. O poema se inicia com a estrofe que diz: “A leveza dos abutres / faz lembrar certos rodeios / de alguns próceres ilustres” e se conclui com: “ As cabras vão embora / fica na relva o perfume dos seios da pastora”. Registre-se que o referido trabalho não é mencionado em nenhuma das fontes que trazem a lista de obras do poeta. A única referência que conseguimos localizar diz respeito ao poema escrito por Horácio Dídimo, constante dos arquivos da Academia Cearense de Letras – ACL. Ei-lo:
Colar de pedras falsas
Para Francisco Carvalho
Horácio Dídimo
Exercícios de
admiração
Caro Francisco Carvalho,
Cordialmente agradeço
E confirmo o meu apreço
Por esse belo trabalho.
A poesia que produz
Tão primoroso adereço
Traz sempre um novo começo,
Nova cor e nova luz
Ao reler a sua obra
Acrescento este capítulo
Onde nada falta ou sobra:
As palavras são certeiras,
É falso apenas o título,
As pedras são verdadeiras.
O poema de Horácio Dídimo está disponível em: http://www.academiacearensedeletras.org.br/revista/revistas/2005/ACL_2005_020_Caminhos_do_Tempo_Colar_de_Pedras_Falsas_Mensageiro_da_Poesia__Horacio_Didimo.pdf