quinta-feira, 5 de julho de 2018

1968: QUANDO A TERRA TREMEU, DE ROBERTO SANDER


O ano de 1968 tornou-se emblemático por ter abrigado inúmeras e diversas “revoluções”. Das tantas que ali surgiram, muitas foram responsáveis por moldar o mundo nos seus aspectos sociopolíticos e culturais. No Brasil, há quatro anos, a ditadura corria solta. O golpe civil-militar de 1964 falava cada vez mais grosso e reprimia com mãos de ferro aqueles que se lhe opusessem. O Vietnã ardia. Mick Jagger, o líder dos Rolling Stones dava o ar da graça no Rio de Janeiro. Leila Diniz e Brigite Bardot desafiavam  coro dos contentes. Um tiro covarde apaga Martin Luther King. Matam mais um Kennedy. A passeata dos cem mil diz não à repressão institucionalizada no Brasil. Atentados, mortes, prisões, golpes de estado, sonhos, avanços na medicina, conquistas... primaveras.

Como bem diz Cristina Serra na orelha do livro: “o mundo e o Brasil não seriam os mesmos depois do mítico 1968”.  Os fatos, personagens e lugares descritos por Sander são indispensáveis para se compreender o ano em questão. É claro que o autor priorizou um recorte que pudesse caber no livro, pois sabemos que muito mais poderia ter sido dito. Contudo, é fabulosa a viagem que o autor nos proporciona, quando nos permite ver o ano de 1968 e seus desdobramentos cinquenta anos depois. Se fosse apenas por isso, o livro de Roberto Sander já valeria a pena. Mas eis que o trabalho vai além, quando se considera a qualidade leve e didática do texto, assim como o embasamento histórico dos acontecimentos, apresentados de maneira bastante convidativa. Dessa maneira, 1968: quando a terra tremeu (2018), de Roberto Sander se mostra como leitura indispensável para todos aqueles interessados nas revoluções que moldaram o século XX. O trabalho em questão foi publicado pela editora Vestígio.

Outro ponto positivo no livro de Sander é a maneira como o trabalho foi organizado, ou seja, o autor evitou a divisão em capítulos, literalmente falando, optando por  colocar cada mês do ano de 1968 como sendo cada capítulo. Assim sendo, o livro está organizado em doze meses, ou doze capítulos, indo, é claro, de janeiro a dezembro. Cada mês / capítulo contém em média sete fatos, que abarcam aqueles de caráter nacional e mundial. O livro conta ainda com uma apresentação, escrita pelo próprio Sander na primavera de 2017, bem como três páginas de bibliografia. A contracapa traz uma breve nota escrita por Ruy Castro. Ao todo, são 303 páginas sobre um dos anos mais impactantes, em todos os aspectos, da história da humanidade.

Roberto Sander
O fechamento do livro de Roberto Sander talvez esteja resumido já na sua abertura, quando se lê: “Se ficarmos neutros perante um injustiça, escolhemos o lado do opressor”, nos diz o bispo Desmond Tutu. Passados cinquenta anos de tudo que foi dito e feito naquele ano-chave para o mundo, alguns ainda não entenderam a razão das mudanças e das primaveras acontecerem. Fazer o quê? 

O ano de 1968  pôs o mundo na estrada, caminhando e cantando. Os detalhes? 

Lá, em 1968: quando a terra tremeu.


Boa leitura!

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