O poeta Francisco
Carvalho, nascido em Russas (CE), no ano
de 1927, partiu para outras paragens no ano de 2013. Durante seus oitenta e
seis anos de vida escreveu mais de trinta livros de poesia e alguns outros de
exercícios literários. Passados quase cinco anos da sua morte, sua obra poética
continua despertando interesse tanto do leitor comum quanto dos leitores
especializados. Desse segundo grupo, cito especificamente os trabalhos Três dimensões da poética de Francisco
Carvalho (1996), de Ana Vládia Mourão Aires e Francisco Carvalho: uma poesia de Tanatos e Eros (2000), de Maílma
de Sousa. Mas ainda é muito pouco, quando levamos em consideração a amplitude
poética da obra do autor, a qual se constitui como um verdadeiro argos de cem
olhos no universo da literatura produzida em língua portuguesa.
A obra de Francisco
Carvalho alcança a mesma qualidade poética daquela produzida por gigantes como
T.S. Eliot, Seamus Heaney e Konstantinos Kavafis, por exemplo. Contudo, como se
pode constatar, é mais fácil encontrar um livro do poeta grego Kavafis do que
um Carvalho nas livrarias do Brasil, especificamente do Ceará. Isso não impede,
no entanto, que a poesia de Francisco Carvalho se mantenha como uma das mais
perfeitas representações da poesia em língua portuguesa, impactando aqueles que
deitam olhos sobre seus poemas. Por outro lado, a ausência dos seus livros nas
livrarias brasileiras impossibilita que mais leitores e pesquisadores possam se
debruçar sobre tão rica obra.
O primeiro livro de
Francisco Carvalho, Cristal da memória,
foi publicado no ano de 1995. Desde lá, o poeta passou a publicar praticamente
um livro a cada ano. Embora alguns
desses trabalhos ainda possam ser encontrados, outros já se tornaram raros,
como é o caso de Canção atrás da esfinge
(1956), Do girassol e da nuvem
(1960), Rosa geométrica (1990), Flauta de Barro (1992) e O tecedor e sua trama (1992), por exemplo.
As temáticas observáveis
na poesia de Francisco Carvalho abarcam aspectos populares e eruditos,
resultando num fazer poético de altíssimo nível literário. Os próprios títulos
dos livros do poeta já podem ser considerados verdadeiros poemas. Como por
exemplo: O silêncio é uma figura
geométrica (s/d), Barca dos sentidos
(1989), Girassóis de barro (1997), Romance da nuvem pássaro (1998) e A concha e o rumor (2000).
Como se iniciar na obra
de Francisco Carvalho? Uma boa forma é se deixar abduzir pela leitura de Memórias do Espantalho – poemas escolhidos
(2004), uma seleção feita pelo próprio autor, englobando poemas do livro Os mortos azuis, de 1971, até Centauros
urbanos, de 2003. Ao final da leitura, o leitor compreenderá, então, a
razão de se afirmar que a obra de Francisco Carvalho se erige como uma obra
poética de qualidade universal, prenhe de palavras, que pulsam no peito e
escorrem pelas veias.
Disponível em: http://fdr.org.br/maracaja/
Disponível em: http://fdr.org.br/maracaja/