quinta-feira, 31 de julho de 2014

NOAM CHOMSKY DISCORRE SOBRE MÍDIA, PROPAGANDA POLÍTICA E MANIPULAÇÃO.


Escrever sobre Noam Chomsky e seu trabalho enquanto ativista político é quase pedir para ser fichado pela NSA, uma vez que o pensador norte-americano não costuma poupar os Estados Unidos das atrocidades que cometem por ai, e por isso mesmo não é visto com muitos bons olhos pelos ufanistas de plantão. Noam Chomsky é linguista, filósofo e ativista político. Professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Chomsky nasceu nos Estados Unidos no ano de 1928 e é autor de inúmeros livros que abarcam desde os estudos sobre a linguagem até as questões de política internacional dos Estados Unidos. Em resumo, Noam Chomsky é, sem sombra de dúvidas, um dos pensadores mais importantes dos últimos tempos.

O trabalho de Chomsky, assim como o do cineasta Michael Moore, por exemplo; não costuma agradar a gregos e troianos, uma vez que o referido autor insiste em fazer ver o que muitos desejariam que se mantivesse morto, enterrado ou jogado ao mar. As feridas que Chomsky remexe não são alheias aos Estados Unidos da América, ao contrário, são questões decididas internamente e que acabam por desencadear os mais tenebrosos ataques a  povos e nações que se recusam a "bater cabeça" para o Imperialismo. Assim sendo, Chomsky tem se debruçado sobre as intervenções sociais, políticas e econômicas operadas pelos norte-americanos; bem como as recorrentes incursões  militares impostas por eles a outros paises, em uma tentativa de discutir tais atitudes sob os pontos de vista da democracia.

Publicado no Brasil no ano de 2013,  Mídia, Propaganda Política e Manipulação não foge ao estilo e vigor do autor de Sobre natureza e linguagem (2006). Publicada pela editora Martins fontes, a obra em questão, Media control,no original; conta com a excelente tradução de Fernando Santos e está dividida em duas partes. Na primeira, denominada de "Mídia, Propaganda Política e Manipulação", Chomsky discorre sobre Os primórdios da história da propaganda política, a democracia, a construção da opinião e a guerra; entre outros. A segunda parte, denominada de "O jornalista marciano", é dedicada à visão que um jornalista marciano teria acerca dos atos cometidos pelo governo norte-americano e como a mídia estadunidense se posiciona em relação a eles. Já na abertura do texto, o autor pergunta:

Considerando o papel que a mídia ocupa na política contemporânea, somos obrigados a perguntar: em que tipo de mundo e de sociedade queremos viver e, sobretudo, em que espécie de democracia estamos pensando quando desejamos que essa sociedade seja democrática? (CHOMSKY, 2013:9)

Na referida obra, Chomsky discorre acerca da maneira como a mídia norte-americana se posiciona sobre a política internacional de ocupação, dominação e, muitas vezes, de extermínio; constantemente levada a cabo pelos sucessivos governos norte-americanos em nome da paz, democracia e soberania do seu território. Para que tudo isso funcione e os questionamentos a esse respeito sejam mínimos é necessário que o Estado possa contar com aliados valiosos que aceitem atacar em seu nome ou simplesmente "fazer-se morto", fazendo vista grossa aos desmandos universais da Casa Branca. No coração de tudo isso, a mídia norte-americana assume relevante papel. Sobre isso, afirma o autor:

A propaganda política patrocinada pelo Estado, quando apoiada pelas classes instruídas e quando não existe espaço para contestá-la, pode ter consequências importantes. Foi uma lição aprendida por Hitler e por muitos outros e que tem sido adotada até os dias de hoje. (CHOMSKY, 2013:13)

As estratégias que aliam Estado, mídia e mercado não surgiram ontem, mas já vem sendo postas em prática desde muito tempo. Ao lermos sobre o que analisa Chomsky, percebemos que o comportamento repressor norte-americano tem sido copiado por inúmeros outros paises que insistem em se afirmar como verdadeiras democracias. Basta, no entanto, que seu povo saia, um milimetro que seja, da "fila" para que a pesada mão da repressão lhes cai bem em cima dos ombros e cabeças. Essa estratégia de desacreditar e criminalizar trabalhadores e ativistas em geral ocorreu como primeiro teste quando, conforme Chomsky, estava em curso a greve da Steel, em Johnstown, no oeste da Pensilvânia, no ano de 1937. Os empresários, relata Chomsky, tentaram uma nova técnica para quebrar o ânimo dos trabalhadores, que funcionou muito bem. Nada de capangas contratados nem violência contra os operários; essa tática já não vinha funcionando muito bem. Em vez disso, continua
Chomsky, apelaram para os recursos mais sutis e eficazes da  propaganda:

O plano era imaginar formas de colocar a população contra os grevistas, apresentando-os como desordeiros, nocivos à população e contrários ao interesse geral. O interesse geral é o "nosso", o do homem de negócios, do trabalhador, da dona de casa. Todos esses somos "nós". Nós queremos ficar juntos e partilhar de coisas como harmonia e americanismo, e também trabalhar juntos. Aí vem esses grevistas malvados e desordeiros, criando confusão, quebrando a harmonia e profanando o americanismo. Precisamos detê-los para que todos possamos viver juntos. (CHOMSKY, 2013:25)

Dessa forma fica muito mais simples compreender por qual razão governos ditos democráticos criminalizam ativistas políticos, professores e trabalhadores em geral. Na verdade, eles estão apenas pondo em prática antigas lições dadas pelo Tio Sam, aquele  mesmo "tiozinho" que financiou os sucessivos ditadores da América Latina, ensinando-os métodos inquisidores de como  manter a ordem e o progresso às custas das mais hediondas torturas.

E é por esse caminho que seguem as narrativas de Noam Chomsky. Mas não se iluda, caro leitor, achando que o professor Chomsky fala por falar. Nada disso! Tudo que vem dito nesse inquietante livro é embasado em pesquisas e documentos, muitos deles oficiais. Dessa forma, o autor traça um amplo painel das arbitrariedades norte-americanas em paises como Haiti, Nicarágua, Irã, Iraque, Panamá e Afeganistão; em um claro desrespeito às leis do direito internacional sem nem ao menos se importar com decisões como a do Tribunal Internacional, condenando-o por terrorismo internacional. Até porque, o terrorismo só é terrorismo, na concepção norte-americana, quando  eles são ou correm o risco de serem atacados. Quando são eles quem atacam, já não é mais terrorismo, mas contraterrorismo, defesa ou conflito de baixa intensidade. São questionamentos assim que Noam Chomsky propõe no trabalho em questão, sempre perguntando como a mídia norte-americana se posicionou.

E assim sendo, enquanto leitores, somos levados a perguntar se sobre esses e vários outros questionamentos apontados pelo professor do MIT, o que saiu na mídia norte-americana? A resposta é por demais simples: Nada. Quase nada. Nadinha.

Qualquer semelhança com a mídia do seu país, caro leitor, não é mera coincidência.

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