É bastante comum vermos pesquisadores se debruçando sobre esse ou aquele autor alienígena, em detrimento de autores formadores da sua própria cultura. Nada contra, mas meu coração dá saltos quando vejo jovens pesquisadores, indo buscar na sua terra objetos de estudo muitas vezes esquecidos, relegados a um canto de memória de antigos mestres, exilados em prateleiras não mais visitadas das nossas bibliotecas, quiça desconhecidos.
O livro, lançado durante o I Simpósio de Literatura Cearense, traz sete artigos, entre prosa e poesia, organizados da seguinte forma: Luzia-Homem: Aspectos regionais, naturalistas e românticos, da autoria de Fernanda Barbosa e Silva e Francisca Erik Larisse Nogueira Lima. O artigo de Gildênia Moura de Araújo Almeida, discorre sobre a obra A Divorciada, de Francisca Clotilde. Patativa do Assaré - o poeta popular é assinado por Avanúzia Ferreira Matias, enquanto Fernângela Diniz da Silva assumiu a responsabilidade de escrever sobre a literatura infanto-juvenil da escritora Rachel de Queiroz, enfatizando a obra O menino mágico. No que diz respeito à poesia, Marilde Alves da Silva dedicou seu artigo ao estudo da poesia do escritor Moreira Campos, tomando como seu objeto de análise o livro Momentos, de 1976. Jailene de Araújo Menezes, por sua vez, mergulhou fundo na poesia de Linhares Filho, assinando o artigo A representação mítico-erótica do mar, na poética de Linhares filho. A poesia de Roberto Pontes surge na obra em questão com o artigo denominado A presença de eros em Memória Corporal, da autoria de Fernanda Maria Diniz da Silva.
Na apresentação da obra, as autoras deixam bastante claro que o objetivo de Escritores cearenses: múltiplos olhares "é valorizar a produção literária dos nossos renomados escritores e fomentar os estudos sobre a produção literária de autoria de cearenses, contribuindo, assim, com o estímulo ao conhecimento e à pesquisa dessa rica e variada produção bibliográfica (...)".
Os múltiplos olhares das autoras sobre os múltiplos autores escolhidos apontam para a diversidade de obras e autores à espera de trabalhos de fôlego, que estejam dispostos a explorar os meandros da literatura produzida na terra de Alencar. Nesse sentido, a obra que as pesquisadoras agora entregam ao público é, ao mesmo tempo nossa, da nossa aldeia, mas também do mundo, essa aldeia global, como bem pontificou Marshall McLuhan.
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